quarta-feira, 25 de junho de 2008

50 ANOS SOBRE A MORTE DE CÂNDIDO DE OLIVEIRA


Dois amigos meus da Faculdade de Direito de Lisboa, Vítor Dias e José António Barreiros, lembraram os 50 anos da morte de Cândido de Oliveira, o Mestre que eu conheci em Coimbra quando, nos anos 50, treinava a Associação Académica, a minha Briosa.

Naqueles tempos, até aos treinos da Académica no Municipal do Calhabé eu assistia, eu e os meus irmãos.

E um belo dia, o bonacheirão do Cândido de Oliveira, reparando no entusiasmo dos três miúdos, mandou os três para uma das balizas para defender os remates do "Massas" & companhia.

A urna de Cândido de Oliveira desceu à terra coberta por uma enorma bandeira da Briosa e aos ombros de toda a equipa da Académica.

Ver mais em O Tempo Das Cerejas, de Vítor Dias.

6 comentários:

gin-tonic disse...

Cândido de Oliveira fundou o jornal “A Bola” no ano de 1945. “A Bola” tem a minha idade e poderei dizer que foi no “jornal do Cândido”, como o meu avô lhe chamava, que soletrei as primeiras letras. Sem exagero poderia dizer que aprendi a ler com “A Bola”.
Quando o jornal fez 43 anos, convidou algumas personalidades para se pronunciarem sobre a efeméride. O cineasta João César Monteiro foi uma dessas personalidades e escreveu assim: “Se não estou em erro sou ledor de “A Bola” há mais de trinta anos. Do tempo em que era quase afrontoso ser visto com “ela” debaixo do braço e nem sempre se ousava confessar o pecadilho que era gostar de a ler. Para restituir a boa consciência a esse perverso apetite, criou-se um álibi curioso. “A Bola” passou a ser, antes do mais, um modelo de virtudes prosódicas, uma escola de bem escrever jornalístico. Com alguma razão, diga-se, se fecharmos piedosamente os olhos a certas piroseiras metafóricas que, de onde em onde, ensombram com a má literatura o bom jornalismo.
Para ser franco e sem cair no pretensiosismo de ter mais em que pensar, nunca pensei muito n’”A Bola”. Passo os olhos por ela, deixo-a deliberadamente na mesa do café, encontro-lhe utilidades culinárias para embrulhar tachos com arroz ou para absorver o óleo dos carapaus fritos. Numa ou noutra aflição, já me tem valido, com todos os inconvenientes de estampagem de aí decorrente. Nada de grave: conheço letrados bem piores.”
“A Bola” que hoje corre por aí com o mesmo nome não tem nada a ver com o “jornal do Cândido”. Foi, até certo tempo, um jornal bem feito, interessante mas não ao ponto de, com uma grande dose de injustiça, Carlos Pinhão ter afirmado, em pleno salazarismo/marcelismo, que o jornalismo desportivo era o melhor jornalismo português. Carlos Pinhão esquecia-se (?) que “A Bola” não ia à “Comissão de Censura”. Os outros seus camaradas de profissão tinham de escrever nas entrelinhas para tentarem fazer um jornalismo minimamente honesto

Blogger disse...

Uma editora de Coimbra vai homenagear, em conjunto com a AAC,o grande Cândido de Oliveira por ocasião do 50º aniversário da sua morte

Noticia do Portugal diário:

"Assinala-se na próxima segunda-feira, 23 de Junho, meio século sobre a morte de Cândido de Oliveira, considerado o primeiro grande mestre do futebol português, antigo jogador, treinador e jornalista.

A Académica, em conjunto com a Editorial Moura Pinto e a Associação Académica de Coimbra, vai aproveitar a ocasião para homenagear aquele que comandou a sua equipa de futebol entre 1956 e 1958, numa cerimónia agendada para o hotel Astoria, onde residiu durante a sua passagem pela cidade dos estudantes.

Na sessão pública, estarão presentes o historiador Alípio de Melo, que falará da faceta humana de Cândido de Oliveira, Vítor Serpa, director do jornal A Bola, cuja intervenção versará a sua actividade enquanto jornalista e fundador daquela publicação, e também Mário Wilson, caso o seu estado de saúde assim o permita.

Será ainda descerrada uma lápide, posteriormente colocada no campo de Santa Cruz, casa da Académica à altura do consolado de Cândido de Oliveira.

Na conferência de Imprensa destinada a divulgar o evento, realizada nesta quarta-feira, o presidente da Académica, José Eduardo Simões, elegeu Cândido de Oliveira, juntamente com Salgado Zenha e Miguel Torga, como uma das três personalidades, já desaparecidas, que mais se destacaram na trilogia Coimbra/Desporto/Letras. «Também poderia incluir aqui Francisco Lucas Pires, embora ele esteja na fronteira para se enquadrar perfeitamente neste exercício», considerou.

JC disse...

Subscrevo, Gin-Tonic. mas, mesmo assim e durante muito anos, apesar de fundada por um oposicionista e de alguns dos seus jornalistas alinharem com o PCP (ou alinharam depois do 25 de Abril?)foi jornal onde se deu guarida a algumas das ideias mais reaccionárias e retrógradas sobre o país. Ele eram os "portuguesitos" a jogarem com humildade contra os gigantes, a "malandrice" do jogador português, o futebolzinho do Pedroto, de "pé para pé", etc. Vale a pena continuar? Hoje, apesar de ser o jornal oficioso do meu clube, é apenas um pasquim.

gin-tonic disse...

Como disse o João César Monteiro: "certas piroseiras metafóricas que, de onde em onde, ensombram com má literatura o bom jornalimo".
Lembro também a apologia que se fazia do futebol praticado pela "briosa", deslumbramentos executados pelos "pardalitos do Choupal". Parece que era assim que o Vitor Santos, que era do Atlético, os designava.
O meu pai dizia que a redacção de "A Bola" era, acima de tudo, anti-regime. Do Partido, apenas o Homero Serpa e o Carlos Pinhão, mas nada disto invalida o que o JC diz.
Quanto ao pasquim ser o jornal oficioso do "Glorioso", por mim dispensava-o bem. Tanto quanto me é dado ver tem sido mais prejudicial que benéfico e... com amigos assim...

JC disse...

O Vítor Santos era do Atlético? Que eu saiba... lagarto, lagarto... Tal como o inenarrável sobrinho!

gin-tonic disse...

Foi assim que me venderam, JC, mas também não é importante.
Gostaria, no entanto, de aproveitar esta boleia para dizer algo que em anteriores comentários não referi: se hoje tenho Ruy Belo como um poeta do meu panteão, devo-o ao jornal “A Bola”.
O meu conhecimento com Ruy Belo não começou nem pelos livros, nem pelos poemas mas por uns artigos sobre futebol que, nos idos de 1972, Ruy Belo publicou em “A Bola”. Gostei tanto desses artigos que me interessei logo em ir saber coisas acerca de Ruy Belo. Acabei a comprar-lhe os livros. O primeiro foi “Homem de Palavra(s), uma capa azul da “Cadernos de Poesia” das “Publicações Dom Quixote”.
Apetece-me me repetir o que Herberto Helder escreveu:” mais do que dizer que gostei dos livros de Ruy Belo, gostaria de escrever que os acho fundamentais”.
Ao “jornal do Cândido” devo Ruy Belo. Pode-se calcular o quanto estou feliz por isso!