Carlos Bastos é um tesouro escondido da música popular portuguesa. Quem não rejubila com as suas vibrantes versões ao melhor estilo de fado rufia de verdadeiros ícones da pop-rock anglo-saxónica como "Hey Jude", "Satisfaction", "Proud Mary" e/ou "It's Now Or Never"?
Fui descobri-lo no Algarve.
Abraçado à sua Slammer Hammer e com uma caixa de ritmos computadorizada faz o circuito de hotéis na zona de Albufeira para deleite de turistas nacionais e internacionais.
Carlos Alberto da Costa Bastos Gonçalves, 61 anos, tem uma história rica, mas pouco conhecida no yé-yé português.
Jovem, muito jovem, foi corrécio com Jorge Palma, tendo esta ambos internados no Colégio de Mouriscas, no Sardoal, a 20 km de Abrantes.
"O Jorge Palma é três anos mais novo do que eu e já era um exímio pianista. Se ele diz que eu lhe ensinei acordes de viola, é porque é verdade. Eu é que já não me lembro", confessa-me Carlos Bastos num intervalo da sua actuação no Hotel Balaia Atlântico.
"Do que me lembro, mas foi mais tarde, foi de ensinar uns toques de guitarra ao Fernando Tordo. Andávamos no Colégio Moderno em Lisboa e fechávamo-nos na casa de banho a fumar e a ensaiar a duas vozes com as canções dos Conchas.
"Eu aprendi guitarra aos 14 anos com um primo. Toquei com o Tordo, o Tó Queimado e o João Guerra. Já não me lembro como se chamava o grupo".
Uma das coroas de glória de Carlos Bastos foi a sua participação, como viola-acompanhamento, com 19 anos, nos Chinchilas que no dia 29 de Agosto de 1966 conquistaram no Teatro Monumental em Lisboa o 6º lugar do Concurso Yé-Yé, organizado pelo Movimento Nacional Feminino.
Antes, tinham ganho um concurso em Tomar e outro na Costa do Sol.
Além de Carlos Bastos, os Chinchilas eram então Vítor Mamede (16 anos, bateria), Alfredo José (17 anos, viola-baixo), José Machado (16 anos, pianista) e Mário João (19 anos, viola-solo).
Em Dezembro de 1965, Filipe Mendes tinha estado nesta formação para uma das eliminatórias do concurso.
Carlos Bastos ainda esteve nos Sharks de quem tanto já se falou neste blogue, mas todas as minhas tentativas no sentido de obter informações precisas resultaram infrutíferas.
"Lamento, já não me lembro muito bem", foi a resposta invariável. Mas ainda teve um lampejo para se recordar que fez parte também de uma banda espanhola, Los Tubarones, com o mesmo Filipe Mendes, dos Chinchilas, e ainda com Pino (venezuelano), Zé Black e Quicá.
Carlos Bastos está no Algarve desde 1969.
A discografia pode ser observada no seu site, mas eu permito-me destacar o EP ZIP 30.040/S com "Manuel Poliglota" e "Hey Jude", com arranjos de António Chainho.
Esta versão de Carlos Bastos inclui-se na rara colectânea "All You Need Is Lisboa", editada pela EMI-VC em 2004 com versões portuguesas dos Beatles.
Colaboração de Luís Pinheiro de Almeida
Fui descobri-lo no Algarve.
Abraçado à sua Slammer Hammer e com uma caixa de ritmos computadorizada faz o circuito de hotéis na zona de Albufeira para deleite de turistas nacionais e internacionais.
Carlos Alberto da Costa Bastos Gonçalves, 61 anos, tem uma história rica, mas pouco conhecida no yé-yé português.
Jovem, muito jovem, foi corrécio com Jorge Palma, tendo esta ambos internados no Colégio de Mouriscas, no Sardoal, a 20 km de Abrantes.
"O Jorge Palma é três anos mais novo do que eu e já era um exímio pianista. Se ele diz que eu lhe ensinei acordes de viola, é porque é verdade. Eu é que já não me lembro", confessa-me Carlos Bastos num intervalo da sua actuação no Hotel Balaia Atlântico.
"Do que me lembro, mas foi mais tarde, foi de ensinar uns toques de guitarra ao Fernando Tordo. Andávamos no Colégio Moderno em Lisboa e fechávamo-nos na casa de banho a fumar e a ensaiar a duas vozes com as canções dos Conchas.
"Eu aprendi guitarra aos 14 anos com um primo. Toquei com o Tordo, o Tó Queimado e o João Guerra. Já não me lembro como se chamava o grupo".
Uma das coroas de glória de Carlos Bastos foi a sua participação, como viola-acompanhamento, com 19 anos, nos Chinchilas que no dia 29 de Agosto de 1966 conquistaram no Teatro Monumental em Lisboa o 6º lugar do Concurso Yé-Yé, organizado pelo Movimento Nacional Feminino.
Antes, tinham ganho um concurso em Tomar e outro na Costa do Sol.
Além de Carlos Bastos, os Chinchilas eram então Vítor Mamede (16 anos, bateria), Alfredo José (17 anos, viola-baixo), José Machado (16 anos, pianista) e Mário João (19 anos, viola-solo).
Em Dezembro de 1965, Filipe Mendes tinha estado nesta formação para uma das eliminatórias do concurso.
Carlos Bastos ainda esteve nos Sharks de quem tanto já se falou neste blogue, mas todas as minhas tentativas no sentido de obter informações precisas resultaram infrutíferas.
"Lamento, já não me lembro muito bem", foi a resposta invariável. Mas ainda teve um lampejo para se recordar que fez parte também de uma banda espanhola, Los Tubarones, com o mesmo Filipe Mendes, dos Chinchilas, e ainda com Pino (venezuelano), Zé Black e Quicá.
Carlos Bastos está no Algarve desde 1969.
A discografia pode ser observada no seu site, mas eu permito-me destacar o EP ZIP 30.040/S com "Manuel Poliglota" e "Hey Jude", com arranjos de António Chainho.
Esta versão de Carlos Bastos inclui-se na rara colectânea "All You Need Is Lisboa", editada pela EMI-VC em 2004 com versões portuguesas dos Beatles.
Colaboração de Luís Pinheiro de Almeida
15 comentários:
Pois o Carlos Bastos é um dos meus herois,e ponto final.
Há muitoa anos quando o vi pela primeira vêz na TV com aquela voz rouca e fadista cantar tipo fado o "Hey Jude" dos Beatles cai positivamente da cadeira ,Nem o john Clease dos Monty Python se lembraria de tamanha afronta e de certeza o Luis P.de Almeida,a primeira vêz que ouviu,ficou verde.
Estávamos perante uma coisa totalmente original,e acreditem ou não,não lembraria ao diabo,
Os anos passaram e o que é certo é que o Carlos continua a fazer delirar os bifes e as bifas no seu Algarve,com arrebatadoras versões absolutamente inesperadas mas cheias de brilhantismo.
Nunca tive o prazer de o conhecer pessoalmente,mas um amigo comum o Luis Pinto de Freitas fêz-me o favôr de nos pôr em contacto via Internet e temos entrado em contacto e trocado umas larachas.
Faço votos que um dia destes,o Carlos noa dê o prazer da sua visita e nos venha animar numa das nossas almoçaradas dos maluquinhos dos blogs.
Ou muito me engano, ou o Carlos Bastos quer referir-se ao Jorge Black, o baterista mais violento do mundo (e arredores!) e uma das figuras mais coloridas do Vává, que fazia ocasionalmente uma perninha com os Sharks...
Pensava que o baterista mais violento do mundo, era o Viv Prince!!!!
Carlos Bastos devido ao seu êxilio por terras algarvias é um dos muitos músicos esquecidos neste nosso Portugal.
Os seus concertos nos bares algarvios são momentos únicos. Assim como foi a sua participação na festa dos 25 anos da Febre de Sábado na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico.
Um abraço e aparece por Lisboa logo que possas!
Só uma achega... da última vez que estive no Maxime só me ocorria que aquele seria o sítio apropriado para um espectáculo do Carlos Bastos. De arrasar!
Bah! Metade do que sabe deve-o a mim. Mas enfim, venceu a beata e assentou, o que é bom.
Ernesto César
Ainda não perdi a esperança de, através de alguma iniciativa deste blog, podermos assistir um dia destes a uma tertúlia com o Daniel Bacelar, Carlos Bastos e José Almada. Claro que o Zeca do Rock também seria muito bem vindo, mas para esse a deslocação é um pouco mais problemática.
Lá chegará o dia, Rato, lá chegará o dia! Basta boa vontade!.
LT
Caro Ernesto César: não quererá ceder-me um contacto seu (luistita@gmail.com) para trocarmos impressões? Quem sabe não tem uma história interessante para contar?
LT
Eu, o ano passado, estive com o Carlos Bastos em Albufeira. O Luís esteve agora. O Fantomas mora no Algarve. Bom..., será que vai ficar alguma ideia no ar? Afinal, para onde é que a maioria dos tesos vão no verão? Algarve! Será que não nos poderemos encontrar lá em baixo todos, um fim de semana? Eu em princípio não costumo dispensar a minha quinzena algarvia, por isso...
Eu tratava do restaurante, só tinham que escolher entre peixe ou caça :-)
Ernesto César... hum... acho que conheço este senhor... com uma guitarra na mão costumava fazer maravilhas... e se não me engano trabalhava no ar... na TAP...
O zé Black a que o Carlos Bastos se refere sou eu de nome Jose Jorge S. Pedreiras, mais conhecido pelo Black, que andava pelo Vává e que agora voltei a lá aparecer às sextas feiras.
Esta alcunha começou nas traseiras do Vává,andou pelas escolas; OGMA em Alverca; na tropa, até em Timor; passou pela familia(ainda sou tratado pela minha ex pelo Black) e grande parte dos meus amigos não sabem o meu nome.
Mas quanto a música, comecei com os Diplomatas no R/C do 104 da Av dos Estados Unidos nas imitações de Shadows com o José Manuel Franco (baixo),Luis Tavares (viola ritmo) e Adriano Aires. Com os Hooks, ainda o Guilherme Inês era viola de 12 cordas e o Artur Azinhais se juntou e que mais tarde já com o Guilherme na bateria se formaram os Zoo. Também fiz uma perninha com os Bábulas quando andava por Alverca nos velhos tempos dos Bee Gees.
Com o Carlos Bastos passei tempos bem giros, eu , ele o Pino Klumbos e o Quiqe. Lembro-me desses tempos, é evidente com grande saudade. As Francesas que por causa delas fomos até à Nazaré. A inauguração da discoteca do motel Muxito e que por grande mágoa minha passo lá quase todos os dias e vejo a destruição e abandono em que se encontra o hotel, o salão Brasil e a piscina.
Isto já está longo e a ordem dos relatos talvez não seja a mais certa só me resta mencionar alguns companheiros destas vidas, Renato Banazol, Victor Resende, Chemari, Jaime Burnay, etc, etc, isto para avivar a memória do Carlos Bastos.
O Carlos Bastos é mesmo um tesouro.
Uma das vozes fadistas mais fantásticas de Portugal. Voz Profunda, com baixos lindos, avinhada.
Para além de cantar maravilhosamente em outras linguas e de ser um animador nato.
Só não entrou na ribalta, porque não quiz. Teve o Ary dos Santos a querer compôr para ele e a tecer-lhe os maiores elogios, mas o Carlos Bastos como bom boémio, nunca se sujeitou a regras ou empresários. A sua opção chama-se: Liberdade.
Maria Sarmento
Eu conheço Carlos Bastos e tenho muito apreço ao seu trabalho diversificado no Mundo cao da cançao, que infelizmente se sabe que so pensam nos novos talentos.
Concordo que se deve abrir as portas aos jovens mas nao se devem esquecer dos que teem dado o seu contributo ao mundo da musica.
O Carlos Bastos tem um leque vasto das suas interpretaçoes que amo ouvir, pois com o seu avontade e cumplicidade para com o publico e contagiante e apreciado. Eu tenho muito gosto em o dar a conhecer pelo mundo, pois eu em Janeiro criei um Grupo PORTUGUESES EMIGRANTES ESPALHADOS pelo MUNDO, porque tenho constatado que so havia grupos radicados no Pais de Sua Majestade , onde a meu ver acho injusto uma vez que nos portugueses estamos espalhados por esse Mundo fora. entao faço questao de servir de instrumento na divulgaçao no Mundo da Musica e nao so porque nos os portugueses somos descendentes de "descobridores rompendo poe esses mares na descoberta de terras antes nunca navegados", e o meu sentimento pela minha Patria e com justiça a quem por opçao ou imposiçao teve de abandonar suas terras com seus costumes sacrificando com suor e lagrimas do seu PORTUGAL.
Nos os Portugueses lutamos sempre por um dia melhor mas com o coraçaonas nossa terras nas nossas gentes, sempre com a eterna SAUDADE.
E assim o meu sentir de uma alfacinha que tambem procurou um dia melhor , mas sempre com um regresso no coraçao.
O EU OBRIGADA PELA OPORTUNIDADE QUE ME DERAM, xi coraçao semmpre Isa Ponciano
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