quarta-feira, 5 de março de 2008

QUARTETO


Cortesia de Zeca do Rock

3 comentários:

Rato disse...

Os dois primeiros filmes que vi nesta sala do nº 16 da Rua Flores Lima foram, no mesmo dia (28 de Novembro de 1975, uma sexta-feira) o desconcertante "Sweet Movie / Um Filme Doce" e o excelente "Johnny Got His Gun / E Deram-lhe Uma Espingarda". Fundado por Pedro Bandeira Freire que recentemente fez sair um livrinho chamado "Entrefitas e Entretelas", que recomendo vivamente, mesmo a quem não goste de cinema, e do qual não resisto a transcrever o episódio da visita à estátua da Liberdade, em Manhattan (o livro está recheado deles, sempre inspirados num determinado filme):
... Subi, como toda a gente primeiro de elevador e depois atirei-me desportivamente à subida dos degraus. Calculo que o que se tem de subir a pé seja o correspondente a um quarto andar e, a pouco mais de meio caminho, comecei a ter alguns sinais de fadiga, com o meu coração já a acusar os excessos pelos quais o fiz passar, mas sempre pensando de forma altruísta que a Liberdade é coisa muito difícil de conquistar como a história o tem provado.
Mais do que eu, o arfar de um homem e de uma mulher pró rechonchudo, acompanhados de um filho e de uma filha que, em termos de envergadura, seguiam a inclinação dos pais, metia aflição. Era a muito custo que se arrastavam degrau a degrau, parando de quando em vez.
Às tantas o homem não resistiu. Não, não morreu, mas teve para a mulher um sincero desabafo e, em português genuíno e pátrio, exclamou: «Mas que caralho, nunca mais chegamos aos cornos desta puta!»

gin-tonic disse...

Já não existe como sala de cinema. Fecharam-no em Novembro do ano passado quando estava prestes a fazer 32 anos de existência. Enquanto durou, principalmente nos primeiros anos, chegou a ter uma progaramção acima da média. Por vezes ouvia-se a acção do filme que estava a passar na sala ao lado, por vezes a projecção tinha soluços, mas desempenhou um papel importante. Mais uma vítima dos cinemas que se instalaram nas grades superficies.
Quanto ao livro com um excelente título, “Entrefitas e Entretelas”, é minha opinião que Pedro Bandeira Freire acabou por esbanjar uma estupenda ideia. Abrir cada capítulo com o diálogo de um filme é algo que prometia, mas acabou não corresponder à expectativa. Esperava-se algo mais da sua experiência de cinéfilo e empresário independente, do que uma sucessão de episódios anedóticos, as pequenas com quem andou, os copos que bebeu.
O Eduardo Prado Coelho disse um dia que comprava alguns livros pelo prazer de se indignar.
Aconteceu-me o mesmo mas só o constatei depois de ter desembolsado os 17,95 euros. Apesar de que, quando estou bem disposto, ir dizendo que nunca me arrependo de comprar um livro. Mesmo quando me desilude!

filhote disse...

O Quarteto já não existe!?!

Como eram deliciosas aquelas sessões duplas à meia-noite!!!