sexta-feira, 28 de março de 2008

NÃO CONVÉM


Estou completamente reapaixonado pelo primeiro álbum a solo de José Cid, agora que o irmão caçula já o conseguiu transpôr digitalmente. Não me canso de o ouvir.

E resolvi tirar a letra de "Não Convém", uma canção representativa da época e pouco falada no contexto da obra do nosso melhor músico pop:

Tens um iate, um Rolls-Royce
Um palácio e um Ferrari
Um jardim cheio de flores
E o teu cão
Cavalos onde galopas
Pelas tuas sete quintas
Dás-te ao luxo de também ter solidão

Só conheces gente bem
Na Lapa e no Estoril
Os amigos de Cascais
200 notas de mil

Passas o tempo na Baixa
Na Ferrari e na Bénard
Com o teu casaco maxi
E o teu ar negligé
Danças no Ad Lib, no Van Gogo ou nos Stones

Porém, pelo Mundo fora
Há tanta gente que sofre
Há tanta gente com fome, solidão
Enquanto tu te passeias
Por Londres ou Chamonix
O Inverno no Algarve ou no Japão

Pura e simplesmente ignoras
O que se passa no Mundo
E mantens-te a par de tudo
Pelo que lês nos jornais
E nada mais, nada mais
Que mais podes tu fazer

Perguntas tudo ao teu Pai
Que te não vai responder
Pois não lhe convém
Nem convém
A ninguém

Um certo Domigo à tarde
No sofá roxo do living
Estás a ouvir "Em Órbita" e a pensar
Os teus amigos chegaram
Não pertencem ao teu Mundo
Decidiste nunca mais representar.

3 comentários:

bissaide disse...

Este é de facto um dos grandes álbuns da música pop rock portuguesa. Pena é que seja tão pouco conhecido...

glb disse...

é um claro exemplo "do tempo do vinil VC/Som Livre"

Anónimo disse...

Creio que se chamava "os Faunos" foi do que melhor se fez na música ligeira nesse tempo, tive-o em vinil com os empréstimos perdi-lhe o rasto é pena que não tenha sido editado em cd