segunda-feira, 3 de março de 2008

JOSÉ FANHA


DIAPASÃO - 14007/G - 1977

Eu Sou Português Aqui (José Fanha/fundo musical de Pedro Caldeira Cabral) - Terra Mãe (Dulce Fanha/Joaquim Gil Nave)

Aqui vai uma capa muito "estética do miserabilismo", nem sequer neo-realista, muito lumpen, muito bidonville.

Mas na altura gostei do poema, quando Fanha o levou à "Cornélia". Eram os "salad days", claro.

Hoje, ao ver a capa e ler o texto da contra-capa, lembro-me de L P Hartley: "The past is a foreign country; they do things differently there".

Colaboração de JC

A foto da capa é de Rui Pacheco e o arranjo gráfico de M. Botelho.

Vozes de Adelaide Ferreira, Argentina Rocha, Fernando Tordo, Luísa Basto e Paulo de Carvalho.


Acústicas de Júlio Pereira, acordeão de Helder Reis, baixo de Paulo Godinho, Bateria de Vítor Mamede e flauta de Rão Kyao.


Arranjo e direcção musical de Júlio Pereira.

1 comentário:

josé disse...

Este poema, acompanhado da participação na Cornélia, concentra o supra-sumo do idealismo da Esquerda.

A qualidade de escrita é inegável. A ideia base, subjacente, de um idealismo universal. Amizade, paz, solidariedade, justiça social, igualdade de direitos, enfim, um manancial de referências à Esquerda.
O apelo é imediato e irresistível, a quem pensa que o próximo é nosso irmão.
E portanto, olha com desconfiança quem assim não pensa, por egoísmo ou outro motivo qualquer, principalmente ideológico.
A Igreja ( cristã) também assim pensa, e no entanto, não incorre no mesmo erro básico de idealismo político.

Prafraseando Clifford T. Ward, "where would that leave us?"

A experiência prática de regimes idealistas, di-lo: à repressão policial, à censura, à ditadura política e ao socialismo real.

Não há alterantiva, como já bem sabem os cubanos e os norte-coreanos e todos os eslavos, sabem de ginjeira.
Por isso, é que os polacos pura e simplesmente proibiram o partido comunista. Tal como por cá se proibem os partidos "fascistas" e se prendem os seus ideólogos.

O drama que esta tragédia ideológica encerra, é simples de enunciar: quem acreditou, por força deste idealismo exacerbado na bondade intrínseca do Homem, não quer largar esse pensamento e por isso, não descola ideologicamente do pensamento que o promete por em prática.

É o drama de José Mário Branco, Sérgio Godinho e outros. Como José Fanha, claro.