A pint of lager... belga! Stella Artois, tirada fininho e devagarinho. A acompanhar um steak com cebola vermelha em tiras fritas, num ambiente de barulho embutido, emoldurado a madeira de cerejeira, com muitos anos em cima.
O primeiro pub de Londres, onde entrei, tem nome de músico: Paxton, porque se chama Paxtons´s Head, com o letreiro bem visível à entrada, dependurado sobre a porta e decorado à séc.XIX. Típico, boa frequência, junto a Knightsbridge. A ponte dos cavaleiros refere-se a um imaginário constante na topografia londrina.
A minha primeira vista de Londres, como cidade, ao vivo e a cores, foi... à noite e à saída de um metro, vindo de Heathrow, em direcção à estação do morro da Torre.
Tower Hill, estação de metro igual a tantas outras por essa Europa fora, sugere logo um ambiente diferente, mal se colocam as botas, do lado de fora da entrada no Tubo.
O ambiente, passa a barbacã, das traseiras da Torre onde em séculos passado se matou muita gente, a machado manuseado por carrasco embuçado.
À noite, a pequena alameda que conduz à grande rua que mostra a Ponte da Torre, é uma metáfora de Londres: o passado misturado no presente. Um centro medieval plantado no séc. XXI, com nevoeiro e alamedas mal iluminadas.
A última visita, com surpresas destas, foi em Veneza, há alguns anos atrás. Entrar num vaporetto, à tardinha, vindo directamente do bulício do aeroporto e do autocarro pejado, e logo a seguir deparar com o Rialto, é comparável a semelhante viagem temporal, com uma diferença de vulto.
Enquanto Veneza transporta sempre a Renascença ao longo dos canais, Londres parece uma cidade com sítios, onde os tempos se confundem. Ao lado deste tempo, permanecem memórias de séculos passados, numa harmonia notável.
Tomar um táxi, neste ambiente, torna-se ainda mais esquisito, porque os carros vêm sempre da direita e não são iguais a outros. Mas amplos no interior, permitem o transporte como se fossem riquexós de luxo.
Logo a seguir, caminhar perto das docas e ver as marinas em sequência de bairro, com barcos de grande porte e luxo a condizer que não se descortina como dali sairão, convoca o mistério do nevoeiro.
Londres, de dia, é um deslumbramento constante, para quem chega pela primeira vez, com os preconceitos lidos na escrita de outros.
A visita à Tate Modern leva muitos minutos de viagem a pé, pelas margens do Tamisa, com passagem pelos edifícios do Parlamento, com a torre mais pequena do que aparentam as imagens iconográficas da cidade.
A abadia de Westminster, ali perto, é lugar de fotografia. As ruas e os autocarros de cor fixa a vermelho, torna-se lugar de vista permanente.
As pontes sobre o Tamisa, na aproximação à roda gigante para turista ver, conduzem-nos aos lugares de museu e a sítios inesquecíveis, como o Teatro Global de Shakespeare, pertinho da ponte dos frades negros, onde Roberto Calvi ficou pendurado, nos anos oitenta do século que passou.
Na passagem para a outra margem pela ponte pedonal, a imagem da grande catedral de S. Paulo surge pelo lado nascente, com milhentas pessoas a atravessar o rio, onde enormes barcaças ainda transportam centenas de contentores de cada vez.
No caminho, a Sociedade Real de aguarelistas, inaugura uma exposição de um sócio. O ambiente é inglês, tal como a arte da aguarela. O presidente autoriza que se fotografe uma aguarela particular e refere depois que é o autor, perguntando o porquê do interesse nessa, em particular. Ora, por causa do motivo: uma imagem de actividade industrial de fio galvanizado.
A volta pelos parques relvados no centro da cidade confirma o gosto acentuado dos londrinos pelas árvores, plantas e flores. Em todo o lado, há cuidados nelas, e as ruas estão limpas e asseadas.
Os lugares de referência, em roteiro, não têm surpresas, a não ser pela dimensão. Parecem maiores, nas imagens de divulgação. Buckingham não é muito grande. A praça fronteira é relativamente dimensionada e até o sítio do governo é numa rua pequena e pouco adequada a receber manifestações de massa.
Os lugares de centro, de Picadilly à City, concentram lojas de grande luxo, pequenos centros comerciais de luxo certo e ruas de visita prazeirenta.
No sítio onde se visitam mercados ao ar livre, com destaque para Portobello, há uma rua paralela que concentra habitações de grande luxo, e condomínio e apartamento, com Ferraris e Porsches na rua.
No mercado, o cafarnaum de um Sábado de manhã permite ver os londrinos misturados com turistas, em número de ganho para estes.
À saída do Tube em Notting Hill, polícias fardados distribuem profusamente folhetos com avisos em várias línguas: cuidado com os carteiristas.
Não há, porém, perigos à vista. Londres parece segura, como cidade, mesmo à noite.
Na avenida que encabeça a viragem para Portobello, algumas lojas, vendem coisas usadas, entre as quais, discos. LPs, livros, revistas antigas e à escolha. Um paraíso para coleccionadores e para curiosos de coisas passadas e publicadas.
As crónicas das visitas a esses templos do Tempo, ficam para outro lugar, na Loja da Esquina.
Colaboração de José Forte
Obrigado! A imagem é da responsabilidade do editor.
O primeiro pub de Londres, onde entrei, tem nome de músico: Paxton, porque se chama Paxtons´s Head, com o letreiro bem visível à entrada, dependurado sobre a porta e decorado à séc.XIX. Típico, boa frequência, junto a Knightsbridge. A ponte dos cavaleiros refere-se a um imaginário constante na topografia londrina.
A minha primeira vista de Londres, como cidade, ao vivo e a cores, foi... à noite e à saída de um metro, vindo de Heathrow, em direcção à estação do morro da Torre.
Tower Hill, estação de metro igual a tantas outras por essa Europa fora, sugere logo um ambiente diferente, mal se colocam as botas, do lado de fora da entrada no Tubo.
O ambiente, passa a barbacã, das traseiras da Torre onde em séculos passado se matou muita gente, a machado manuseado por carrasco embuçado.
À noite, a pequena alameda que conduz à grande rua que mostra a Ponte da Torre, é uma metáfora de Londres: o passado misturado no presente. Um centro medieval plantado no séc. XXI, com nevoeiro e alamedas mal iluminadas.
A última visita, com surpresas destas, foi em Veneza, há alguns anos atrás. Entrar num vaporetto, à tardinha, vindo directamente do bulício do aeroporto e do autocarro pejado, e logo a seguir deparar com o Rialto, é comparável a semelhante viagem temporal, com uma diferença de vulto.
Enquanto Veneza transporta sempre a Renascença ao longo dos canais, Londres parece uma cidade com sítios, onde os tempos se confundem. Ao lado deste tempo, permanecem memórias de séculos passados, numa harmonia notável.
Tomar um táxi, neste ambiente, torna-se ainda mais esquisito, porque os carros vêm sempre da direita e não são iguais a outros. Mas amplos no interior, permitem o transporte como se fossem riquexós de luxo.
Logo a seguir, caminhar perto das docas e ver as marinas em sequência de bairro, com barcos de grande porte e luxo a condizer que não se descortina como dali sairão, convoca o mistério do nevoeiro.
Londres, de dia, é um deslumbramento constante, para quem chega pela primeira vez, com os preconceitos lidos na escrita de outros.
A visita à Tate Modern leva muitos minutos de viagem a pé, pelas margens do Tamisa, com passagem pelos edifícios do Parlamento, com a torre mais pequena do que aparentam as imagens iconográficas da cidade.
A abadia de Westminster, ali perto, é lugar de fotografia. As ruas e os autocarros de cor fixa a vermelho, torna-se lugar de vista permanente.
As pontes sobre o Tamisa, na aproximação à roda gigante para turista ver, conduzem-nos aos lugares de museu e a sítios inesquecíveis, como o Teatro Global de Shakespeare, pertinho da ponte dos frades negros, onde Roberto Calvi ficou pendurado, nos anos oitenta do século que passou.
Na passagem para a outra margem pela ponte pedonal, a imagem da grande catedral de S. Paulo surge pelo lado nascente, com milhentas pessoas a atravessar o rio, onde enormes barcaças ainda transportam centenas de contentores de cada vez.
No caminho, a Sociedade Real de aguarelistas, inaugura uma exposição de um sócio. O ambiente é inglês, tal como a arte da aguarela. O presidente autoriza que se fotografe uma aguarela particular e refere depois que é o autor, perguntando o porquê do interesse nessa, em particular. Ora, por causa do motivo: uma imagem de actividade industrial de fio galvanizado.
A volta pelos parques relvados no centro da cidade confirma o gosto acentuado dos londrinos pelas árvores, plantas e flores. Em todo o lado, há cuidados nelas, e as ruas estão limpas e asseadas.
Os lugares de referência, em roteiro, não têm surpresas, a não ser pela dimensão. Parecem maiores, nas imagens de divulgação. Buckingham não é muito grande. A praça fronteira é relativamente dimensionada e até o sítio do governo é numa rua pequena e pouco adequada a receber manifestações de massa.
Os lugares de centro, de Picadilly à City, concentram lojas de grande luxo, pequenos centros comerciais de luxo certo e ruas de visita prazeirenta.
No sítio onde se visitam mercados ao ar livre, com destaque para Portobello, há uma rua paralela que concentra habitações de grande luxo, e condomínio e apartamento, com Ferraris e Porsches na rua.
No mercado, o cafarnaum de um Sábado de manhã permite ver os londrinos misturados com turistas, em número de ganho para estes.
À saída do Tube em Notting Hill, polícias fardados distribuem profusamente folhetos com avisos em várias línguas: cuidado com os carteiristas.
Não há, porém, perigos à vista. Londres parece segura, como cidade, mesmo à noite.
Na avenida que encabeça a viragem para Portobello, algumas lojas, vendem coisas usadas, entre as quais, discos. LPs, livros, revistas antigas e à escolha. Um paraíso para coleccionadores e para curiosos de coisas passadas e publicadas.
As crónicas das visitas a esses templos do Tempo, ficam para outro lugar, na Loja da Esquina.
Colaboração de José Forte
Obrigado! A imagem é da responsabilidade do editor.
9 comentários:
E que belíssima imagem, de que me lembrei vezes sem conta.
Além disso, este disco representa para mim, em termos emocionais, uma maravilha das maiores. É de 1978 e foi nesse ano que vivi o melhor ano da minha vida, antes dos outros...ahahaha!
Mas lembrei-me desse, como me lembrei de Streets of London, de Ralph McTell, quando vi e ouvi, um tipo no metro, logo ao descer da grande escada rolante. a ensaiar os acordes da canção, numa guitarra...Taylor!
Fui logo a cantarolar a musiqueta, durante o percurso para a estação, no túnel.
Grande viagem! Estou verdadeiramente impressionado e já vi outros sítios que julgava inultrapassáveis de beleza natural e interesse para visita.
Até agora, Londres ultrapassa tudo o que conheço. Até mesmo Paris que julgava inultrapassável.
O texto sabe um pouco a redacção, mas não consegui melhor do que isto. Uma parte, aliás, foi rabiscada no pub, em cinco minutos.
O texto está excelente, caro José. Instigante. De tal forma que me deu uma vontade imensa de voltar a Londres...
E agradeço ao Ié-Ié pela imagem escolhida... "London Town" é um dos discos da minha vida. Ainda ontem (há bruxas!), ouvi-o na íntegra. Ouvir a voz do Macca a entoar << people pass me by on my imaginary street, ordinary people It's impossible to meet >> não em preço!!!
errata: << não tem preço >>, queria eu escrever...
faz-me lembrar as minhas deambulaçoes por Londres. e a minha filha mais nova acaba de regressar de lá, numa curta visita com amigos da fac. arquitectura do porto. quanto à imagem escolhida pelo ié-ié, London town foi um dos primeiros discos que comprei nos Estados Unidos, durante um estagio de jornalismo em 78, se nao me engano......
Os discos de prensagem americana, com o cartão mais grosso e de cheiro característico a celulose, são mais interessantes que os demais.
As fotos, ficam mais nítidas e o disco parece mais robusto. Até o plástico interior, é de qualidade superior, porque os discos não lhe colam por causa da estática,como acontece com os demais.
Quanto ao som, não me atrevo a dar palpite definitivo, mas há algumas prensagens muito boas. Por exemplo a dos discos de Doc Watson, da Liberty.
Quanto a prensagens, eu diria que nos anos 50/60/70, as décadas que mais nos interessam, as melhores edições são americanas, inglesas, e alemãs.
Com uma ressalva... em matéria de capas, os japoneses são imbatíveis. Sem discussão. Aquilo é que é luxo e robustez...
Estou neste momento a ouvir ( e a gravar em cassete) o City to City do Gerry Rafferty, em prensagem inglesa de época. Isto sim! Vale a pena voltar a ouvir esta pequena maravilha, como deve ser.
O som do cd, soa áspero comparado com isto. Andei anos há procura da versão dourada da DCC compact e tenho o LP da WB alemã, dos anos noventa.
Nada de comparável. Mais suave, doce e tal como me lembro de ouvir quando o disco saiu, faz agora trinta anos.
o baker street é um dos meus hinos!!!!!!!!!!!!!!!
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