A Rita Lee tem uma canção que fala do “escurinho do cinema chupando “drops” de anis, longe de qualquer problema, perto de um final feliz”.
Também, numa canção, o Paulo de Carvalho fala de “por sobre o teu joelho, esperando a tua mão num filme para adultos, crescíamos então (um beijo de paixão). Sábado à tarde no cinema da avenida, mal as luzes se apagavam acendia o coração, sábado à tarde era uma noite bonita noite que sendo infinita cabia na nossa mão".
Depois as pipocas passaram a ser uma indecente vulgaridade nos cinemas. Quando isso aconteceu o Miguel Esteves Cardoso reivindicou que, se é permitido comer pipocas e beber Coca-Cola, também deveria ser permitido fumar e beber whisky.
Alguém diz no “Johnny Guitar” que tudo o que um homem precisa é de um cigarro e de uma boa chávena de café.
Diga-se que o cinema, principalmente o cinema clássico americano, não faz sentido sem cigarros. Foi isso que durante anos e anos nos mostraram e de que gostámos.
Por fumos no cinema, o Jorge Listopad tem uma deliciosa história, que um dia contou no “JL”:
”A ordem antitabagista, exactamente anti-fumo, segundo as minhas observações, realizou-se com serenidade. O sistema de proibição funcionou. O regime democrático não está isento de censura colectiva.
Mas não estou aqui para exercer um controle qualquer ou discutir seja o que for quanto ao facto dos fumadores serem postos na rua, ou pelo menos entre portas.
Não confundo nada com nada ao lembrar-me de quando cheguei a Paris vindo de Praga (meu berço) e ter ficado completamente abismado ao ver que nos grandes cinemas dos Champs Elysées se fumava durante as projecções. Depois encontrei para esse feito bizarro a minha particular estética: nessas fitas ainda a preto e branco, o fumo naturalmente completava o desenho das cenas, criava uma atmosfera não raramente de acordo com o que se passava no ecrã, tornava íntimos os diálogos, os cenários fechados e nada mais bonito do que ver a melancólica virilidade de Jean Gabin através das volutas de fumo do nosso vizinho da frente.
Com o cinema a cores, creio, acabou a minha particular estética sobre o fumo no cinema. Também com horário ou sem horário – de entrada permanente. O cinema tornou-se sério, adulto situando-se nas cidades idem sérias e higiénicas, numa palavra, utilitárias".
Colaboração de Gin-Tonic
Também, numa canção, o Paulo de Carvalho fala de “por sobre o teu joelho, esperando a tua mão num filme para adultos, crescíamos então (um beijo de paixão). Sábado à tarde no cinema da avenida, mal as luzes se apagavam acendia o coração, sábado à tarde era uma noite bonita noite que sendo infinita cabia na nossa mão".
Depois as pipocas passaram a ser uma indecente vulgaridade nos cinemas. Quando isso aconteceu o Miguel Esteves Cardoso reivindicou que, se é permitido comer pipocas e beber Coca-Cola, também deveria ser permitido fumar e beber whisky.
Alguém diz no “Johnny Guitar” que tudo o que um homem precisa é de um cigarro e de uma boa chávena de café.
Diga-se que o cinema, principalmente o cinema clássico americano, não faz sentido sem cigarros. Foi isso que durante anos e anos nos mostraram e de que gostámos.
Por fumos no cinema, o Jorge Listopad tem uma deliciosa história, que um dia contou no “JL”:
”A ordem antitabagista, exactamente anti-fumo, segundo as minhas observações, realizou-se com serenidade. O sistema de proibição funcionou. O regime democrático não está isento de censura colectiva.
Mas não estou aqui para exercer um controle qualquer ou discutir seja o que for quanto ao facto dos fumadores serem postos na rua, ou pelo menos entre portas.
Não confundo nada com nada ao lembrar-me de quando cheguei a Paris vindo de Praga (meu berço) e ter ficado completamente abismado ao ver que nos grandes cinemas dos Champs Elysées se fumava durante as projecções. Depois encontrei para esse feito bizarro a minha particular estética: nessas fitas ainda a preto e branco, o fumo naturalmente completava o desenho das cenas, criava uma atmosfera não raramente de acordo com o que se passava no ecrã, tornava íntimos os diálogos, os cenários fechados e nada mais bonito do que ver a melancólica virilidade de Jean Gabin através das volutas de fumo do nosso vizinho da frente.
Com o cinema a cores, creio, acabou a minha particular estética sobre o fumo no cinema. Também com horário ou sem horário – de entrada permanente. O cinema tornou-se sério, adulto situando-se nas cidades idem sérias e higiénicas, numa palavra, utilitárias".
Colaboração de Gin-Tonic
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