Há precisamente um ano, acordou naquela sonolência turbulência de arrastar os pés, após as garrafas de “Murganheira” da véspera.
Entretanto, encheu um copo de água e deixou cair o “Guronsan”. Vagarosamente, ficou a olhar as bolinhas efervescentes. Pôs um bocadinho de água na estrela de Natal, tirou uma ou duas folhas amarelecidas aos amores–perfeitos.
Ligou o computador, passou os olhos nublados pelo “Público on line”, por “A Bola-on line” e deteve-se no “Ié-Ié”.
Deparou com o nome estatelado e a indicação de que passava a ser colaborador do blogue. Assim, sem mais nem menos, sem discussão de contrato, sem prémios de posts, sem cláusulas de rescisão, em suma: NADA!
Teve a leve sensação de que o mundo lhe caíra em cima. Está lá tudo nesse texto, não se vai repetir.
Neste mesmo dia, mas há 50 anos, Cuba deixava de ser o quintal, o casino, a casa de putas dos Estados Unidos. Um punhado de homens devolvia a dignidade a um povo e ainda há quem hoje sonhe como então.
Cuba é a revolução do seu tempo, acompanhou a visão romântica de todos aqueles passos, a grande utopia que marcou uma geração. Ainda hoje não fica indiferente quando olha aquela fotografia em que um barbudo, no mato, rodeado de camponeses, fuma um charuto e ensaia caminhos que hão-de ir da Sierra Maestra a Havana.
De Cuba se diz: ame-a ou deixe-a. Assim mesmo, sem direito a meias tintas. Há quem lhe diga, que em Cuba não há liberdade, se persegue quem não pensa como o governo quer que se pense. Tem disso, neste país, uma cruel experiência para que não saiba o que são esses valores de liberdade, liberdade de expressão, liberdade de escolhas.
São histórias complicadas. Toda a sua vida profissional foi feita na marinha mercante. Um dia, um comandante da marinha mercante russa, já em pleno consulado de Ieltsin, dizia-lhe: “Isto da liberdade é uma coisa muito bonita, uma palavra que enche a boca, mas não enche a barriga”. Atalhou que a afirmação, era um tanto ou quanto reaccionária: “Chama-lhe o que quiseres, mas é assim”, concluiu o comandante.
Chegado aqui, o escriba sente-se enredado numa escrita que promete o imbróglio total e que no fundo é a razão do paleio. Gosta de uma canção reaccionária que dá pelo nome de “Quando Sali de Cuba”, de um tal Luís Aguille, e que é quase um hino dos refugiados cubanos em Miami e das várias máfias que por ali serpenteiam. Gente que entende que estrangular Cuba economicamente é um direito perfeitamente humano dos Estados Unidos. Cuba disso se defender, é uma desumanidade.
Quando Sali de Cuba
Dejé mi vida dejé mi amor
Quando Sali de Cuba
Dejé enterrado mi corazon
Pode-se gostar dos versos da “Guantanamera” de José Marti, “mi verso es de un verde claro”, e ao mesmo tempo, deste lamento de quem sai de Cuba porque entende que um automóvel e outras mordomias são mais importantes que os cuidados de saúde e educação?
Não devia ser possível, mas é!
Jantares em casa do Luís Mira acabavam com meia dúzia de canções “for the road”: “My Daddy and Me”, do Tom Paxton, “Yolanda”, do Robert Wyatt, “The Lonely Dancer”, do Ian Matthews, “Red River Valley”, do Ed McCandy e “Quando Sali de Cuba”, dos Sandpipers.
Possivelmente vão chamar-lhe alguns nomes. Pensa que é um péssimo número, um atentado a tudo e mais alguma coisa, mas não consegue sequer disfarçar. Há fraquezas a que nunca conseguiu dar a volta e já está velho para mudar. Será, então, justo tudo o que lhe chamarem e já tomou precauções indo à Drogaria do Sr. Carvalho, aqui da rua, comprar um capacete.
Daqui a pouco vai acordar com aquela sonolência turbulência de arrastar os pés após as garrafas de “Murganheira” da véspera. Entretanto, encherá um copo de água e deixará cair o “Guronsan”. Vagarosamente, ficará a olhar as bolinhas efervescentes. Vai pôr um bocadinho de água na estrela de Natal, tirará uma ou duas folhas amarelecidas aos amores –perfeitos e irá à estante tirar um livreco: “Liberdade, Liberdade”, peça de teatro de Flávio Rangel e Millôr Fernandes.
Irá ler:
“Os falangistas, grupo de direita, tinham um hino “Cara al Sol".
Nara Leão e o coro cantam:
Cara ao sol, com a camisa nova,
Que tu bordaste, companheira,
Vou sorrindo a encontrar a morte
E não volto a te ver
Voltarão bandeiras vitoriosas
O passo alegre pela paz;
E trarão, vermelhas, cinco rosas
Do sangue do meu coração,
Voltará a rir a primavera
Cara al sol, para sempre eu estarei
Arriba Espanha, Espanha livre
Viva Espanha, meu amor Espanha”
E Paulo Autran, como narrador, adverte:
“Portanto cuidado. As tiranias também compõem belas canções”.
Se não perceberem por que é que isto aparece aqui, não se preocupem. Ele também não, mas o “Guronsan” está a saber-lhe muito bem…
Colaboração de Gin-Tonic
Entretanto, encheu um copo de água e deixou cair o “Guronsan”. Vagarosamente, ficou a olhar as bolinhas efervescentes. Pôs um bocadinho de água na estrela de Natal, tirou uma ou duas folhas amarelecidas aos amores–perfeitos.
Ligou o computador, passou os olhos nublados pelo “Público on line”, por “A Bola-on line” e deteve-se no “Ié-Ié”.
Deparou com o nome estatelado e a indicação de que passava a ser colaborador do blogue. Assim, sem mais nem menos, sem discussão de contrato, sem prémios de posts, sem cláusulas de rescisão, em suma: NADA!
Teve a leve sensação de que o mundo lhe caíra em cima. Está lá tudo nesse texto, não se vai repetir.
Neste mesmo dia, mas há 50 anos, Cuba deixava de ser o quintal, o casino, a casa de putas dos Estados Unidos. Um punhado de homens devolvia a dignidade a um povo e ainda há quem hoje sonhe como então.
Cuba é a revolução do seu tempo, acompanhou a visão romântica de todos aqueles passos, a grande utopia que marcou uma geração. Ainda hoje não fica indiferente quando olha aquela fotografia em que um barbudo, no mato, rodeado de camponeses, fuma um charuto e ensaia caminhos que hão-de ir da Sierra Maestra a Havana.
De Cuba se diz: ame-a ou deixe-a. Assim mesmo, sem direito a meias tintas. Há quem lhe diga, que em Cuba não há liberdade, se persegue quem não pensa como o governo quer que se pense. Tem disso, neste país, uma cruel experiência para que não saiba o que são esses valores de liberdade, liberdade de expressão, liberdade de escolhas.
São histórias complicadas. Toda a sua vida profissional foi feita na marinha mercante. Um dia, um comandante da marinha mercante russa, já em pleno consulado de Ieltsin, dizia-lhe: “Isto da liberdade é uma coisa muito bonita, uma palavra que enche a boca, mas não enche a barriga”. Atalhou que a afirmação, era um tanto ou quanto reaccionária: “Chama-lhe o que quiseres, mas é assim”, concluiu o comandante.
Chegado aqui, o escriba sente-se enredado numa escrita que promete o imbróglio total e que no fundo é a razão do paleio. Gosta de uma canção reaccionária que dá pelo nome de “Quando Sali de Cuba”, de um tal Luís Aguille, e que é quase um hino dos refugiados cubanos em Miami e das várias máfias que por ali serpenteiam. Gente que entende que estrangular Cuba economicamente é um direito perfeitamente humano dos Estados Unidos. Cuba disso se defender, é uma desumanidade.
Quando Sali de Cuba
Dejé mi vida dejé mi amor
Quando Sali de Cuba
Dejé enterrado mi corazon
Pode-se gostar dos versos da “Guantanamera” de José Marti, “mi verso es de un verde claro”, e ao mesmo tempo, deste lamento de quem sai de Cuba porque entende que um automóvel e outras mordomias são mais importantes que os cuidados de saúde e educação?
Não devia ser possível, mas é!
Jantares em casa do Luís Mira acabavam com meia dúzia de canções “for the road”: “My Daddy and Me”, do Tom Paxton, “Yolanda”, do Robert Wyatt, “The Lonely Dancer”, do Ian Matthews, “Red River Valley”, do Ed McCandy e “Quando Sali de Cuba”, dos Sandpipers.
Possivelmente vão chamar-lhe alguns nomes. Pensa que é um péssimo número, um atentado a tudo e mais alguma coisa, mas não consegue sequer disfarçar. Há fraquezas a que nunca conseguiu dar a volta e já está velho para mudar. Será, então, justo tudo o que lhe chamarem e já tomou precauções indo à Drogaria do Sr. Carvalho, aqui da rua, comprar um capacete.
Daqui a pouco vai acordar com aquela sonolência turbulência de arrastar os pés após as garrafas de “Murganheira” da véspera. Entretanto, encherá um copo de água e deixará cair o “Guronsan”. Vagarosamente, ficará a olhar as bolinhas efervescentes. Vai pôr um bocadinho de água na estrela de Natal, tirará uma ou duas folhas amarelecidas aos amores –perfeitos e irá à estante tirar um livreco: “Liberdade, Liberdade”, peça de teatro de Flávio Rangel e Millôr Fernandes.
Irá ler:
“Os falangistas, grupo de direita, tinham um hino “Cara al Sol".
Nara Leão e o coro cantam:
Cara ao sol, com a camisa nova,
Que tu bordaste, companheira,
Vou sorrindo a encontrar a morte
E não volto a te ver
Voltarão bandeiras vitoriosas
O passo alegre pela paz;
E trarão, vermelhas, cinco rosas
Do sangue do meu coração,
Voltará a rir a primavera
Cara al sol, para sempre eu estarei
Arriba Espanha, Espanha livre
Viva Espanha, meu amor Espanha”
E Paulo Autran, como narrador, adverte:
“Portanto cuidado. As tiranias também compõem belas canções”.
Se não perceberem por que é que isto aparece aqui, não se preocupem. Ele também não, mas o “Guronsan” está a saber-lhe muito bem…
Colaboração de Gin-Tonic
35 comentários:
;-)))
Muito bem escrito.
1. "Cara Al Sol" é mesmo um lindíssimo hino. Podem ouvi-lo em http://eusouogatomaltes.blogspot.com/2007/02/outras-msicas-18.html em conjunto com "El Ejercito del Ebro", uma canção republicana bem conhecida.
2. Cuba é mesmo um problema bicudo. Eu era mtº miúdo, mas lembro-me de a vitória da revolução ser saudada lá por casa como uma esperança de liberdade para um continente que vivia numa situação neocolonial face aos USA e um país dirigido por e para os negócios escuros da máfia. O meu pai (um liberal) tb dizia ser o "bordel" dos USA. Depois foi a incapacidade política de um grupo de homens mal preparados, foram os erros americanos como a Baía dos Porcos, as fracturas e os ódios que as ditaduras anteriores tinham deixado na sociedade cubana, a guerra fria onde não havia quase lugar para o não-alinhamento, a ingenuidade de pensar que os USA poderiam admitir ter a URSS no quintal das traseiras, etc, etc. Só entendendo o que era a Cuba e a América latina anterior a Fidel se pode entender Fidel e a aceitação que teve e o entusiasmo que gerou. Ar do tempo. Depois foi o embate c/ a vida, pura e dura, e o novo regime cubano tornou-se, na realidade, uma ditadura sustentada e alinhada pela URSS, embora por vezes c/ interesses imperialistas próprios em contradição com a URSS, como foi o caso de Angola e do golpe de estado de Nito Alves. Tb c/ uma aura romântica que a fez por vezes ser aceite por aqueles a quem a URSS tinha desiludido. De há uns anos para cá é uma sociedade decadente, que vive e sobrevive do passado e da memória de alguns slogans. Tb do turismo e das putas que voltaram mas agora não têm o glamour de antanho. E, meu caro Gin-Tonic, o embargo não desculpa tudo.
Hoje é algo que esperamos cai de podre, impluda.
Abraço
Já agora, "The Sandpiper" (1965) é título de um filme de Vincent Minnelli que em Portugal recebeu o título de... "Adeus Ilusões"! Bem a propósito...
Cuba é um caso unico. Ou se ama ou se odeia, concordo com o Gin. Quem entende Cuba ama-a, quem cai no erro recorrente de a julgar á imagem dos padrões europeus, odeia-a e deseja o seu fim. Cuba encerra em si mesma uma série de contradições, quase tantas como os países ocidentais. E menos do que os seus vizinhos EUA. Tem uma taxa de analfebetismo inferior aos USA, tem mais médicos por habitante. Tem um sistema de saúde público superior ao seu vizinho Gigante, alguns dos Bombeiros Norte Americanos acidentados no 11 de setembro, foram tratados em Cuba depois de lhes ter sido recusada assistência no próprio país. Têm dos melhores especialistas do mundo em oftalmologia, onde alguns Portugeses recorrem. E têm o orgulho de serem Cubanos, ao contrário dos seus vizinhos das Caraíbas, são o único país com identidade própria e com capacidade para terem erradicado a fome. Existe menos fome do que na maioria dos países ocidentais, EUA incluídos. Segundo os padrões ocidentais, existem também menos "desenvolvimento", existem mais "necessidades", e quem trabalhou ligado ao Marketing sabe como estas se criam, a maior parte das necessidades dos tempos modernos, são virtuais, são incutidas através de estratégias bem planeadas, e isto não é nenhuma revelação bombástica, são coisas que se aprendem nos cursos de "marketing agressivo". Assim como, á semelhança do que fez o JC, é frequente cair-se no erro de confundir "Internacionalismo" com Imperialismo, que dividendos materiais retirou de Angola ou do Congo ? Mas como disse inicialmente, Cuba ou se entende e se ama, ou se cai no erro de a julgar padrões ocidentais, e se odeia. Mas por muito que isso espante alguns, os Cubanos gostam e confiam em Fidel, será ingenuidade pensar que a Revolução Cubana aguentasse 50 anos contra todas as pressões da vizinhança, se não fosse apoiada por dentro, a morte de Cuba já foi anunciada várias vezes, especialmente desde a queda do bloco de Leste, mas como dizia Asterix, amanhã não será a véspera desse dia. Aliás, é um aspecto curioso e frequente, as pessoas cada vez mais julgam as coisas em vez de as tentarem compreender.
Vê-se mesmo que este Kerouac nunca foi a Cuba. Fala de cor e só lê mesmo a cassete do PC! Não há fome? Só contaram pra você! E cuidado com as sentenças! Salazar reinou quase 50 anos, mas isso não quer dizer que os portugueses "gostavam e confiavam" em Salazar.
Que coisa!
El Radical
Por vezes, dá-me para rir ler coisas de alguém que não sabe do que fala.
Dizer que não há fome em Cuba, ou que Fidel é querido pelos cubanos (se assim é, porque não autorizam eleições livres e insistem em eleições-fantoches, à boa maneira da famingerada ex-União Popular!) ou justificar as atrocidades (quer de Batista e dos seus gangsters amigos, quer dos barbudos idolatrados pela esquerda-caviar, no remanso e conforto dos seus lares), e justificar com teorias de gestão e marketing é, mais do que enganar incautos, insistir num regime criminoso que incita os próprios cidadãos a denunciarem os seus próprios familiares e vizinhos (sim, eu sei o que são os CDR's 24 (Comités de Defensa Revolucionários)!
A grande esperança é que a grande maioria dos cubanos jovens de Miami são pela 3ª via, não alinhando nem com o regime - por alguma razão eles ou os seus pais fugiram - nem com os ressabiados e mafiosos de Little Havana!
Por isso não entendo a crítica ao sensato comentário de JC!
Ass.: Pepe Gonzalez
P.S. Já agora, caro Jack Kerouac, quer-nos relatar as peripécias que envolveram a morte de Camilo Cienfuegos, o herói esquecido?
Duas pequenas notas, JK:
1. Sempre trabalhei na área de gestão, ligado ao marketing, em algumas das empresas do mundo em que este assume uma importância decisiva. Imagine bem que nunca percebi como o marketing pode criar necessidades! Nem sequer conheço os tais cursos de mktg agressivo! Como costumo dizer, em Portugal de treinador de futebol e de "marketeer" todos percebem! De ideias feitas e "clichés" tb. Oh, meu caro JK!!!, utilizando as suas próprias palavras, não julgue as coisas antes de as compreender!
2. Quanto ao internacionalismo: pois, quando a URSS invadiu o Afeganistão tratou-se de um gesto internacionalista de solidariedade, ou quando apoiou a ditadura militar argentina de Videla, responsável por torturas, milhares de mortos e desaparecidos. Podia continuar, mas não vale a pena. Olhe, um Bom ano para si!
A intenção não foi de modo algum criticar o JC, foi apenas e só apresentar o meu ponto de vista. Entender de outra forma é querer meter lenha na fogueira. E respondendo ao outro anónimo, sim estive em Cuba já, e não retiro uma vírgula ao que disse, verificado no local. Não haver fome não significa não haver necessidades, ou haver abundância, é verdade que existem restrições, e que não existe muita variedade, mas que não há fome, isso foi reconhecido pelo International "Food Policy Research Institute", com sede em Washington, não sou eu que o afirmo.
JC, eu também trabalhei vários anos em Marketing farmacêutico, e sei, mesmo nesta área, o que são criar necessidades, e sei e frequentei cursos de "Marketing Agressivo" ou "Marketing de Guerra" e outros com expressões do género, pelos vistos andámos por realidades diferentes. O Internacionalismo que referi, tal como o que o JC tinha falado, era o Cubano e especialmente no respeitante a Angola. Coisas bem diferentes daquilo que refere agora sobre a ex-URSS, nessas estou de acordo consigo. E aproveito para agradecer e desejar-lhe um excelente ano também para si e para os seus.
Caro JK,
com os votos antecipados de Bom Ano, desafio-o respeitosamente a uma réplica ao meu anterior comentário.
Pepe Gonzalez
1.Mas oh, JK, v. conhece mesmo bem o que se passou com o golpe de estado de Nito Alves e o papel dos cubanos e da URSS? O problema é que, inteligentemente, Cuba sempre soube muito bem vender o seu produto embrulhado nessa história do internacionalismo e, assim, tentar diferenciá-lo face à URSS. Olhe, tinham um bom director de mktg!!! Mas o produto era mau e não havia necessidade dele no mercado, a longo prazo, e assim nada o salvou! No fundo, o bloco soviético tinha uma estratégia bi-produto, com produtos c/ alguma diferenciação, protagonizada por Cuba e URSS, dirigida a segmentos de mercado diferentes. Essa estratégia permitia-lhe aumentar a sua quota de mercado global, embora, aqui e ali, os dois produtos pudessem entrar episodicamente em conflito por via de interesses conjunturais próprios. foi o que aconteceu, por exemplo, em Angola.
2. Penso está mais a referir-se a vendas, ou cursos para os delegados de informação médica, embora, por falta de rigor, lhe possam chamar marketing. Mktg não são vendas, nem publicidade, nem promoções, como erradamente tantas vezes por aí se confunde. É, fundamentalmente, uma filosofia e um método de gestão que tem o consumidor como objectivo último da sua acção.
Abraço
Não, não me referia a cursos de vendas para Delegados de Informação médica, refiro-me mesmo a cursos de marketing. Não vale a pena irmos por aí, não pretendo apresentar aqui o meu CV. E tudo bem, eu falo do que aprendi e do que conheci, e poderia dar alguns exemplos de como se criam necessidades no mercado. Ou de como se criaram, o que são Lobbys, o que se paga para aparecer em certos orgãos de comunicação social nas notícias, como se cria a falsa sensação de epidemia para se esgotarem vacinas. Mas pelos vistos isto não foi marketing, aprendi em reuniões da Tupperware, andei 12 anos enganado sobre aquilo em que trabalhava. Quanto ao assunto de Cuba e do Internacionalismo, o JC diz aí coisas com as quais estou de acordo, da parte da URSS existia de facto uma competição grande, e não escondida, com os EUA, pelo domínio e influÊncia sobre o maior número possível de países. Especialmente os que tinham maiores riquezas ou interesses estratégicos. Em relação ao internacionalismo Cubano, a coisa era mais genuína, e foi bem importante, e algumas vezes foi mesmo contra os interesses da URSS, como no citado caso do Nito ALves, onde Cuba agiu numa atitude de confronto, e ganhou o braço de ferro. Até porque Fidel sempre foi mais Fidelista do que Comunista. Como sabe, Fidel nem sequer era comunista quando chegou ao poder, e de certa forma até irónica, foram os Americanos que praticamente o empurraram para a alçada da URSS. Embora, como sabe, Cuba fizesse parte do movimento dos não alinhados, juntamente com a Yugoslávia e outros. Se bem que na prática existia a dependÊncia económica das exportações para a URSS. Como sabe, Fidel também jogou com o conflito Sino-Soviético, aproximando-se da China, especialmente depois de ter sido desconsiderado nas negociações sobre a crise dos Mísseis. Aliás, para um político impreparado, ele até se tem safado bem nos ultimos 50 anos, conseguindo até que Cuba tivesse em determinada altura um papel bem mais importante a nível mundial, do que aquele que a sua dimensão justificava. Mas isto é apenas parte da minha opinião, que provavelmente estará desfasada da realidade, visto que eu baralho-me todo com estas coisas da política do marketing e das tele-vendas. Deixo o espaço de debate ao cuidado de quem domina a matéria, sem hard feelings claro.
Abraço Fraterno
Aos anti-Cuba, um conselho: vejam o documentário "SICKO", realizado por um... americano.
Os cubanos são americanos e esse moore é um traste!
El radical
Bom, tb sei o que são lobbies e como se aparece nos "media", pagando ou não. Mas isso são apenas formas de qualquer entidade, individual ou colectiva, ter mais voz ou defender de forma mais eficaz os seus interesses. Como sabe a actividade de lobbying até é regulamentada em mtºs países. Nada disto tem que ver directamente c/ criação de necessidades. O que eu lhe quis dizer é que, na realidade, se não existir uma efectiva necessidade de algo, de forma objectiva ou subjectiva, numa determinada sociedade, em determinado momento, por mtº que v. se esforce nunca consegue ter êxito. Tanto o mundo capitalista como o dito socialista, neste caso c/ os célebres planos quinquenais, estão cheios de produtos que foram autênticos "flops" exactamente por esse motivo: ninguém os queria!Para lhe dar um exemplo: quando apareceram as motos japonesas, nos anos 60, tecnológicamente mtº mais evoluídas do que as inglesas que até aí dominavam o mercado, nunca mais os ingleses conseguiram vender uma moto, por mtº que se esforçassem (e esforçaram). E há milhares de exemplos, entre os quais produtos que falham em determinado momento por ninguém estar interessado neles e que, mais tarde, com outras condições sociológicas acabam por ser bem sucedidos sem que o detentor da marca tenha feito algo para alterar as condições. Outro exemplo: o mercado de insecticidas está em declínio, uma vez que o aumento das condições de salubridade e a urbanização do país os tornaram menos necessários. O caso da gripe de que fala. Com certeza que é possível, em dado momento mtº determinado no tempo, digamos que exagerar um pouco a questão, isso não nego. Mas a gripe existe, tem expressão e as pessoas sentem, em termos abstractos, necessidade da vacina e ela funciona.Claro que v. vai dizer que ninguém tem necessidade de usar água de colónia, p. ex. Não é verdade: desde tempos imemoriais que as pessoas têm necessidade de se diferenciar, de se individualizar, de se sentirem bem consigo próprias e de impressionarem os outros (olhe, a barba dos gurrilheiros cubanos começou por ser uma necessidade - não podiam barbear-se nas condições em que viviam - e acabou por ser uma forma de diferenciação pela positiva, de afirmação de superioridade, neste caso de um grupo). Essa é uma das formas e a sua mitigação, a ausência de emulação ao nível individual, tb contribuiu para o falhanço das sociedades "soit disant" socialistas.
Quanto ao golpe de Nito Alves: v. próprio fornece a resposta ao falar do modo como Fidel jogava c/ as contradições e, p. ex., o conflito sino-soviético. Neste caso, jogou forte e ganhou. Mas isso não significa altruísmo, internacionalismo (um altruísmo bem dispensável pois colocou no pode aquela cleptocracia), mas, como v. bem explica, defesa daqueles que eram, na altura, os interesses cubanos.
E pouco interessa se Fidel era ou não era comunista ab initio. Ninguém sabe e afirmá-lo é apenas mais uma maneira de culpar os americanos pelo que aconteceu. Tiveram culpas, claro, principalmente pq em plena guerra fria apoiavam tudo o que era ditadura ignóbil. Digamos que as condições concretas tornaram necessário para a sobrevivência de Cuba que Fidel se aproximasse dos soviéticos. E claro que quando do início os homens de Fidel eram políticos inexperientes. Depois aprenderam, como é normal em quem não é desprovido de inteligência e a maioria deles não o seria, certamente. Mas os erros (alguns, pelo menos) estavam cometidos. E claro que quando Cuba deixou de ser o bordel dos USA e a sala de jogo do Lucky Luciano e se incompatibilizou c/ os USA, automaticamente passou a ter um papel no mundo mtº maior. Um pouco independentemente da acção de Fidel, que, como é lógico, lá terá tido tb o seu papel. Esperto e atento ao negócio, como qualquer galego que se preze.
Uff!!! V. dá-me cá um trabalho. Olhe que vou passar a comentar à cobrança!(tou a bricar!) O que vale é que não houve jantar de Ano Novo.
Sem querer incendiar ainda mais a discussão...
1. Por experiência própria, grave e traumática, posso afirmar que existe também enorme incompetência no sistema de saúde cubano.
2. É verdade que em certas áreas médicas, Cuba dispõe das melhores infra-estruturas e quadros humanos. Porém, também afirmo, por conhecimento próprio, que as instituições de tôpo não estão ao alcance do cidadão cubano comum. Ou seja, elas existem, os seus serviços de excelência são usados por estrangeiros, excedendo largamente as vagas disponíveis. Serviços pagos a peso de ouro, claro.
Não se zanguem, a vida é tão curta, todos temos defeitos e qualidades, todo temos a nossa opinião,e eu que cometi muitos erros na vida e por minha culpa tão só,digo-vos humildemente debatam não alerterquem.
Mas que sou eu que perdi tudo o que amava na vida...
Tenham Calma...
3. Um alto funcionário do regime cubano, próximo a Fidel, do qual excuso-me a revelar o nome, chegou a confessar-me que o "tal" hospital é o melhor do mundo na "tal" especialidade, mas infelizmente não pode servir os cubanos doentes. Se o fizesse, acrescentou ele, não teria condições de manter o nível apresentado...
4. Não sou anti-Fidel nem pró-americano, longe disso, mas sempre me causou alguma estranheza ouvir repetidas críticas ao conceito "American Dream", vindas de pessoas que usam Blue Jeans, bebem Coca-Cola e desvairam com Rock'n'Roll!!!
5. Irrita-me profundamente a arrogância norte-americana e aquela visão do mundo absolutamente insular - ignorância, se quiserem -, porém, deixo aqui a pergunta: seria possível uma personalidade como Obama subir ao poder em Cuba?
6. Por outro lado, é pena que a linda utopia original seja deturpada pela crónica sede humana de poder. Aquando dos jogos do Pan, aqui no Rio de Janeiro, incomodou-me o facto de os campeões cubanos terem abdicado das medalhas para se esconderem nos suburbios cariocas. Para escapar ao regime de Fidel. Incomodou-me ainda mais que o presidente sem dedo os tenha perseguido e entregue às autoridades cubanas. Por que razão o Brasil não fez o mesmo com os nazis... outros tempos, outros podres poderes...
7. Para terminar, caro amigo Kerouac, há bruxas! Em 1995, durante uma estadia de Natal em Nova York, perdi o meu passaporte e outros documentos, como a carta de condução. 24 horas depois, já tinha nas mãos um documento provisório passado pelo consulado. E surpresa das surpresas, 15 dias depois, em Lisboa, recebi por correio o meu passaporte e restantes documentos - com portes pagos e tudo! Tinha-o perdido numa loja de quadros Rock, no Shopping do porto da cidade. Recebi-o com um catálogo de novos quadros... rsrssrrs...
Enfim, não existem regimes políticos perfeitos.
E só nos salvamos, continuando a acreditar na utopia, seja ela qual for.
Sejamos idealistas!!!!
Jack, bem sei que aqui, nos comentários, escrevemos no calor do debate e com medo que o sinal da net caia a qualquer momento, todavia, escreveste no mesmo parágrafo que a fome foi erradicada de Cuba e que em Cuba há menos fome que na maioria dos países ocidentais... ehehehe...
Outra "distracção" tua, Jack... o Fidel nunca foi um político impreparado. Pelo contrário. É e sempre foi um político brilhante. Talvez o mais brilhantes de todos. Aliás, os discursos de Fidel, enormes e escritos pelo próprio punho, são tratados de ciência política. Não há melhor na História recente da humanidade.
Quanto às tais minhas experiências com altos representantes de Cuba e com o sistema de saúde do país, só as relatarei em privado. Um dia destes, talvez numa daquelas sessões de vinho, queijo, e "malhetes".
E não, nunca fui a Cuba.
Para ti, Jack, um abraço verdadeiramente amigo deste lado do Atlântico.
E para o Gin-Tonic, mais um elogio... nada melhor que começar o ano a ler pensamentos tão bem passados à escrita!
Caro JC, em relação a Cuba não tenho mais nada a acrescentar. Em relação ao Marketing, vejo que já nos estamos a entender. Embora estranhe que nunca tenha ouvido falar em "Marketing de Guerra", "Marketing de Guerrilha", "MArketing Agressivo", ou mesmo na aplicação da "Arte da Guerra" de Sun Tzu ao Marketing. E a criação da necessidade existe, claro que não parte de algo abstracto, eu não falava da epidemia da gripe, mas sim de algo que sucedeu em determinado ano com a Meningite, e não era, como nenhuma vacina é, para tratamento. Era para prevenção de algo que na realidade não existia, conseguiu-se convencer as pessoas, através da divulgação de raros casos, curiosamente menos do que no ano anterior, mas divulgando os poucos que existiram de forma alarmante, conseguiu criar-se uma falsa necessidade de adquirirem uma vacina, que ainda por cima nem prevenia os casos mais comuns de meningite. E criando até algo que depois foi caricato, esgotou-se o que havia para escoar, e ainda se colocou as pessoas a comprar a farmácias espanholas. E este até é um exemplo bem básico de uma necessidade criada. Eu referia-me no início a coisas mais elaboradas e duradouras. Mas realmente também já cansa responnder a tudo, e como eu sei que o Luís não paga á resposta, vou ficar mesmo por aqui.
Cumprimentos
Filhote, o Fidel ser um político impreparado, era uma afirmação de alguma forma irónica ao JC. Aliás ele respondeu a isso já. O dizer que a fome foi erradicada, e depois dizer que há menos do que nos países ocidentais, realmente na forma está incorrecto, mas acho que se entende a ideia :) Mas obrigado pela correcção.
Retribuo o Grande Abraço Amigo e cá espero para uns tremoços e umas guitarradas :)
Ainda estás por aí, Jack?
Eheheheeeheh
Eu percebi a ironia e compreendi o tal erro formal. Só queria mesmo brincar um pouco e lançar uma provocaçãozinha a la Ié-Ié.
Quanto às histórias que vivi, envolvendo o sistema de saúde e funcionários do regime cubano, são reais. Não me tomem por qualquer Octávio Machado de Botafogo, do estilo, "vocês sabem do que estou a falar". Peço desculpa por não poder aqui aprofundar as questões, mas há assuntos que devem ser abordados com pinças. Por um certo respeito pelos envolvidos.
Ah, Jack, e tens razão... não dispenso os tremoços nem as guitarradas! Na minha próxima visita, está marcada uma jam!!!
1.Tenho umas histórias engraçadas é na Hungria e na Checoslováquia, com troca de dinheiro no mercado negro e compra de caviar na candonga, através de um criado do restaurante do hotel que se baixava e colocava os frascos debaixo da mesa. Mas quando regressei a Lisboa passei 15 dias a comer caviar c/ vodka antes de jantar.
2. A Karocha ficava melhor c/ o cabelo mais daquela cor à "camarada Odete".
JC
Gostos, eu sei que há que goste,mas a Karocha é loira sempre foi, aliás nasceu loira :-)))
Um final de ano atribulado, um começo de ano que não lhe ficou atrás, só agora lhe permitiu olhar a polémica que por aqui se instalou. Não tivesse ele a mania de contar histórias à volta das canções e dos discos, teria chegado aqui e dizia: "Gosto de uma canção reaccionária que dá apelo nome de "Quando Sali de Cuba"
Ponto final, parágrafo.
Mas não, puxa-lhe sempre a chinela para a verborreia...
Mas foi divertido. E o melhor de tudo é a certeza de que, quando o Filhote vier a Lisboa, haverá sessão de tremoços com uma jam session. A primeira boa notícia do novo ano.
Bom ano e boas polémicas!
Ninguém se zanga, Karocha, somos todos civilizados e educados. É certo que a política, a religião e o futebol acendem os ânimos, mas nada que não se possa controlar. Como diz Lennon, "life is too short!".
LT
Como prémio para a tua aplaudida "verborreia", caro Gin-Tonic, já te consegui mais uns EPs de Natal! Continua! Qual é a próxima? Tudo menos fado de Lisboa!
LT
Amigo Jack Kerouac,
visto que declinou o convite ou o repto por mim lançado há 22 comentários atrás, apenas queria referir que, concordo com as suas afirmações:
-que Fidel sempre foi mais Fidelista do que Comunista (tendo até, antes da Revolução, muitas divergências com os movimentos comunistas cubanos no exterior)
-o facto de os Americanos o "empurrarem" para a conveniente órbitra da URSS foi devido ao circunstancialismo geo-estratégico da Guerra Fria,
-Apesar de não-alinhado, na prática, Cuba estava dependente economicamente da URSS, criando uma sui-generis situação económica artificial, onde a exportação do açúcar equivalia à importação do petróleo e de alguma produção industrial soviética. Vivia-se razoavelmente bem em Cuba, numa relação que interessava tanto a Cuba, como à URSS que não se importava de sustentar economicamente aquele sistema baseado numa balança "contra-natura", onde o petóleo valia tanto como o açúcar, situação essa, que vigou até à queda do muro de Berlim e Gorbatchov ter posto fim a essa chulisse, tendo, então, Cuba despertado para a dura realidade da vida, entrando no chamado "Período Especial" de má memória para o povo cubano, caracterizado pelos frequentes cortes e racionamentos energéticos, que deu origem a mais uma vaga de êxodo para Miami, virando-se então, a política cubana para a a dinamização do seu turismo, direccionado aos países da Europa ocidental e Canadá.
Mais umas observaçõess:
Caro Filhote:
Concordo em absoluto com tudo o que foi escrito, mas permita-me uma observação: Fidel, como ser absolutamente brilhante (há que reconhecê-lo, embora discordando dele!) não escrevia os seus discursos. Eram improvisados, espontâneos, provinham da sua retórica, fruto da sua formação académica de advogado brilhante.(Ficaram célebres as suas alegações finais no tribunal que o julgou aquando da tentativa falhada de golpe ao quartel de Moncada - A História absolver-ma-á!- disse).
- Nos últimos anos de Cuba vêm a acentuar-se as diferenças sociais, criando-se cubanos de 1ª (ligados ao Partido, ou agentes culturais tolerados "dentro das regras",
ou emigrantes com divisas) e os "Outros" : A gelataria dos famosos gelados Copélia tinha 2 filas: 1 curta para dólares e outra, longuíssima para quem pagava em pesos cubanos. Os únicos cubanos que podem entrar nas hoteis das cadeias internacionais são os que (para além dos membros do aparatchik) possuem passaportes estrangeiros (cuja cidadania é invariavelmente obtida por casamento com estrangeiro, tendo obrigatoriamente que abdicar da cidadania cubana).Existem hospitais (em dólares) e os hospitais públicos (em pesos cubanos).
Reafirmo a minha fé imaculada em José Martí e na esperança ilimitada no sofrido povo cubano, quanto mais não seja para contrariar a velha maldição lançada que diz que o pior inimigo do cubano é o próprio cubano!
O tema de Cuba é-me querido também por questões de sangue (fruto da ligação familiar) e da experiência vivenciada pessoalmente nas vezes que visitei a ilha - que se podem contar pelos dedos das mãos de 2 pessoas - não frequentando os sofás dos Hoteis Cohíba, Habana Libre, ou do Nacional, nem as mansões dos privilegiados de Miramar, mas nos velhos bairros degradados de Habana Vieja, Calle Hueso ou Jovellar.
Para terminar, fazendo referência ao espírito subjacente a este Blogue, não esqueçamos que, à boa maneira de Mao, também Fidel quis ensaiar a sua Revolução Cultural, tendo proibído, nos anos 60 e 70 os discos dos Beatles, então considerados como lixo produzido pelo capitalismo. No entanto, há cerca de 6 anos foi inaugurada uma estátua de John Lennon num jardim de Havana...
Pepe Gonzalez
1 errata e 2 imprecisões:
-onde se lê "...bairros degradados de Habana Vieja, Calle Hueso...", dever-se-à ler "...bairros degradados de Habana Vieja, CAYO Hueso...".
-A frase correcta com que Fidel termina as suas alegações finais durante o seu julgamento é: " A História encarregar-se á de me absolver!"
-Desde há cerca de 8 meses é possível a cubanos hospedarem-se em hoteis e resorts, desde que, evidentemente, paguem em dólares ou euros, o que em nada altera o espírito subjacente à crítica relativa ao acentuar das desigualdades entre os cubanos.
Caro Pepe, obrigado por partilhar connosco - julgo falar por todos -, a sua vivência pessoal e "real" com Cuba. São estes testemunhos, parciais ou não, que tornam este blogue tão interessante.
Em termos puramente políticos, falando ainda sobre a Cuba Fidelista, sou um leigo na matéria. Ou seja, não conheço profundamente a evolução da sociedade cubana. Somente sei aquilo que um ocidental minimamente interessado sabe. Conheço os passos históricos mais significativos e as personalidades centrais, por meia dúzia de livros que li, filmes que vi, coisas que me contaram e notícias que correram mundo - provavelmente nem sempre verdadeiras.
Depois, vivi a tal referida situação, mas não descrita, com o regime oficial cubano, via sistema de saúde...
Não deixo, porém, de sentir um enorme fascínio por Cuba. Pela música, pelas expressões literárias, pelas imagens de Havana, pela revolução... um dia terei de visitar esse país!
Ah, Pepe, e não sabia que os discursos de Fidel eram totalmente improvisados - ou se sabia não me lembrava. Tinha a certeza de que eram de sua autoria. Por isso escrevi "pelo próprio punho" ou coisa do género. Ignorância minha. E agradeço a rectificação.
A verdade é que o facto dos discursos serem improvisados só torna Fidel um político ainda mais brilhante...
Ó Octavio Machado da Voluntários,
Andas a arrastar a asa para o chamado "Pieguismo Marxista-Lennonista"...!
Não sei se gosto disso...
Prefiro o papo do Posto 8, do choppe no Flamengo, do palmier em Ipanema e dos "buracos"!
Um abraço
Uma das minhas (muitas) manias é a de enviar para mim próprio postais ilustrados dos sítios onde estou.
Dei conta de um que mandei de Havana no dia 29 de Agosto de 1996 às 23H00 (04H00 de 30AGO96, em Lisboa) e que dizia o seguinte:
"Os alentejanos são Pepe rápidos ao pé dos cubanos. Sarajevo é um paraíso comparado com Havana".
LPA
Este post é candidato ao guinness pelo que ocupa maior nº de linhas de comentários :)
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