José Gamito era provavelmente o maior coleccionador português de discos de vinil. Tinha tudo e mais alguma coisa e tudo muito bem cuidado. Fui testemunha.
Advogado, foi o fundador da mítica Discolecção, no Hotel Amazónia, em Lisboa. Passou-a depois a Vítor Nunes que ainda a mantém na Calçada do Duque.
Conheci José Gamito há uns 12/13 anos quando colaborou na "Enciclopédia da Música Portuguesa", cedendo a iconografia.
Em 2002 ajudou-me também no "Beatles em Portugal" e já tinhamos apalavrada a próxima colaboração, a biografia dos Sheiks.
Ando agora à procura de um Blitz, onde tracei o perfil de José Gamito.
Morreu inesperadamente em Abril, vítima do coração.
Colaboração de Luís Pinheiro de Almeida
Advogado, foi o fundador da mítica Discolecção, no Hotel Amazónia, em Lisboa. Passou-a depois a Vítor Nunes que ainda a mantém na Calçada do Duque.
Conheci José Gamito há uns 12/13 anos quando colaborou na "Enciclopédia da Música Portuguesa", cedendo a iconografia.
Em 2002 ajudou-me também no "Beatles em Portugal" e já tinhamos apalavrada a próxima colaboração, a biografia dos Sheiks.
Ando agora à procura de um Blitz, onde tracei o perfil de José Gamito.
Morreu inesperadamente em Abril, vítima do coração.
Colaboração de Luís Pinheiro de Almeida
15 comentários:
E de repente fiquei triste. Muito triste. Nem sei o que dizer. Não sabia do falecimento de José Gamito. Fui tomado de surpresa.
O Gamito, como lhe chamávamos no meio do coleccionismo de vinil - ou então, "doutor", por ser advogado -, era amigo de todos, sem excepção. Esbanjava conhecimento, generosidade, e muito entusiasmo. Era grande fã dos Kinks! E vibrava com o "It's All Over Now" dos Stones.
Ao fim-de-semana, o Gamito costumava juntar-se com amigos fora de Lisboa e ensaiava com a sua banda de garagem. Era guitarrista e cantava!
Por causa de José Gamito e da sua Discolecção (hoje de Vítor Nunes), não desisti dos LPs, dos EPs, dos singles ("os pequeninos", como ele dizia).
Esteja onde estiver, Gamito, vou ouvir um "malhete" em sua memória. "Can't Seem to Make You Mine" dos Seeds... pode ser?
E já não fui a tempo de cumprir um desejo seu que era o de um livro sobre Cliff Richard e os Shadows.
LPA
Também me lembro dele, ainda no Amazónia, onde falámos muitas vezes, juntamente com o Vítor Nunes, é claro. A "Discolecção" ficará para sempre com o seu estigma.
Cheguei a atrasado. Não conheci o José Gamito, mas pelo que falam, é como se o conhecesse. Ainda por cima jurista , com ligações à música, guitarrista-cantor, fã dos Kinks e coleccionador de vinil.
As afinidades dariam para ser amigo. O que fico, assim de modo póstumo.
É a primeira vez que contribuo com um texto para este belíssimo blog! Mas preferia que não tivesse sido esta a 1ª vez, no entanto a amizade, o respeito e o entusiasmo pela "causa" obrigam-me a tão desencantada tarefa!
Soube da morte do Gamito (o Dr. como o Filhote bem lembrou) por um amigo meu que não só trabalhou com ele no mesmo escritório como, tal como eu, era cliente desde a 1ª hora da Discolecção e habitante do maravilhoso "sub-mundo do vinil" !
O Gamito era o pai que todos gostaríamos de ter tido: amigo, generoso, culto, bon vivant, gourmet, anti elitista e... também tinha uma colecção de discos do caraças!!!
O que se pode pedir mais?
Foi por causa do Dr. ,como carinhosamente lhe chamavam os seus amigos e habitantes do insondável "sub-mundo do vinil", que um grupo heterógeneo de melómanos inveterados se juntava no Hotel Amazónia (e a seguir na happy hour do Restaurante/Bar Vitória Régia nas mãos do saudosissimo Sr. Mateus - onde estará?)para comprar, trocar, vender, contrabandear, e sobretudo ouvir e discutir apaixonadamente as paixões musicais das nossas vidas!
Todo este espectáculo teatral, boémio, mágico-trágico e irrepetível se desenrolava perante o Dr. Gamito que pacientemente nos aturava com as suas inseparáveis cigarrilhas Café Creme e a sua risada bonacheirona de Santa Claus, enquanto ensaiava alguns espectaculares passos de dança entoando uma das suas canções vintage favoritas: Little Sister!
Que boas memórias! Essas, ninguém, nem mesmo a morte, nos pode roubar!
R.I.P. Doutor!
Até Sempre!
LMP
ainda me lembro de um almoço com o luís pinheiro de almeida no hotel amazónia e da conversa sobre discos e grupos desaparecidos. veio à baila um dos meus albuns favoritos de sempre: "the place I love", dos splinter, um duo "apadrinhado" pelo george harrison.
e não é que depois do almoço fomos ali ao lado, à loja, e o luís gamito saca de uma prateleira uma edição do album, em condições mais que perfeitas? e ofereceu-me, espantado por alguém conhecer essa pérola..
Paz à sua alma. Certamente que onde está agora discute ediçoes e raridades com os outros que já partiram....
muleta: tenho esse disco dos Splinter que comprei em Itália, depois de andar anos à procura do mesmo.
Fatalmente, é um disco datado, embora Costafine town, seja ainda um belíssimo tema.
Porque é que andei à procura do Place i love? Por causa da Página Um do Luís Filipe Martins.
A memória auditiva do programa obrigou-me durante anos e anos a procurar esses discos.
Outro exemplo, é I´ll play for you dos Seals and Crofts. Grande tema.
E...claro, o já mencionado tema de Gary Shearston, I get a kick out of you.
O mais engraçado, é que depois de os ter o ouvir, perde-se um pouco da fantasia que o não ter sempre oferece.
Mistérios da psicologia.
E no entanto, é nessa fantasia que reside todo o interesse da busca.
A facilidade de encontrar essas pérolas perdidas, na ebay, ou noutros sítios, retira o thrill of it all que um disco dos Roxy Music, dos anos setenta, sempre conferia.
All i wat is you, soa sempre melhor na minha memória auditiva, feita de impressões ouvidas num rádio mono, do que no disco em cd, com toda a qualidade sonora do hi-fi de hoje em dia.
O mesmo acontece com o disco dos Zeppelin, Physical Grafitti.
Esse disco, ouvido no rádio de então, era uma experiência única. agora, é apenas mais uma.
Outro disco idêntico, é Double Dose dos Hot Tuna. A passagem no rádio, promovida por António Sérgio, continua a ser única em experiência auditiva, principalmente na parte acústica do disco.
Psicologicamente, a memória dos sons, tem mais força que a das imagens. Tal foi disto há muitos anos pelo inventor do LP, um alem
ao radicado na América.
josé: pois já nem me lembro onde ouvia os splinter. lembro-me que o meu irmão do meio tinha comprado o disco mas nem sei porquê é que ele o comprou. talvez por causa do george e do paul mc, que tb colabora.
além do costafine town tem temas belissimos como o china light, the place I love.
passei esse vinil para cd e mais tarde descobri num site da internet o que julgo serem todos os discos deles... claro que estão devidamente downloados...
ps - a proposito do luís Filipe Martins (ou Luis Paixão Martins como é mais conhecido) estive com ele há três semanas no funeral de um camarada jornalista.
o meu irmão do meio fica espantado como é que eu consigo detectar versões nao originais dos anos 60. é a tal memória auditiva que faz soar campainhas de alerta quando ouço ediçoes supostamente originais...
mas continuo a gostar dessas memorias auditivas.
tenho essa espécie de reacçao de que fala, mas com os filmes: lembro de filmes fabulosos da minha juventude e quando os vou ver outra vez verifico que já não têm o encanto de outrora. ou entao sou eu que já não me deixo encantar de tão desencantado......
Obrigado, LMP, fiquei sensibilizado!
LT
Aconteceu-me exactamente o mesmo, com outra coisa que vi há dias. Uma revista que não via há quase trinta anos. Ao folhear de novo, deu-me a impressão de o estar a fazer como se tivesse passado não dias ou meses, mas apenas alguns minutos.
A vista de publicidades, artigos e arrumação das páginas, não tinha sofrido qualquer alteração na memória!
Uma coisa impressionante.
Ié-Ié,
Eu é que fiquei sensibilizado e emocionado com a evocação do Dr. Gamito!
Foi o meu grande amigo Filhote que me falou do seu Blogue e de facto aqui... sinto-me em casa!
Um abraço
LMP
Pois :-((((
Conheci o Dr, exactamente nos inicios da Discolecção, no Jardim das Amoreiras.
Falei pouco com ele, pois, talvez por coincidência, ele estava sempre de "passagem", ficando o Vitor, para "me aturar".
Não sabia da noticia, uma vez que já saí de Lisboa, faz uns 8 anos, mas sempre que aí vou, tento dar uma saltada à Calçada do Mestre.
A sua imagem de cigarrilha na mão, ficar-me-á para sempre na memória.
Que descanse em paz, Doutor, e obrigado por ajudar-me(nos) a manter viva a chama do vinil!!!
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