ECM - 1064
Side 1
Side 1
Koln, January 24, 1975 Part I 26:15
Side 2
Koln January 24, 1975 Part II a 15:00
Side 3
Koln, January 24, 1975 Part II b 19:19
Side 4
Koln, January 24, 1975 Part II c 6:59
Gravado ao vivo na Ópera de Colónia em 24 de Janeiro de 1975
Na antologia “Poezz”, o jazz na poesia portuguesa, organizada por José Duarte e Ricardo António Alves, Keith Jarrett tem direito a três poemas que são acompanhados por igual número de comentários do sr.cinco-minutos-jazz.
Um: "Jarrett tocou pela segunda vez em Portugal, em 1971, no 1º Festival Internacional de Jazz de Cascais e espantou por levantar o rabo do banco enquanto pianava, pelos murmúrios, quase estertores, que da garganta lhe saíam, enfim, tocando tanto como tantos tinham ouvisto tão pouco".
Dois: “quem se lembra de Jarrett na RTP a branco e preto num 4teto com Lloyd em 66 no Cascais 71 com camisola interior – branca – com Miles. Nas ruas de Cascais de mão dada – hábito africano – com Haden hoje adoentado, com melhoras, doente, com pioras, com cansaço crónico".
Três: “KJ tem discurso pessoal, personalizado é pianista para todas as gerações inventor com tantos discípulos todos o ouviram fala com ele próprio sofre ao piano é tradição improvisador não toca calado gemidos, queixumes são parte do artista e artista somos nós todos".
Para acompanhar a capa do disco, dos três poemas, escolheu “Koln Concert no Indico”, um longo poema de Ana Mafalda Leite.
Mas o editor acaba de ser babado-avô e o escriba receou que o tamanho do post lhe estragasse a festa (não estragou, é um prazer - nota do editor).
Não sendo poeticamente correcto, optou por desenhar o princípio e o fim do poema, mas deixa a notícia que o podem ler na íntegra no blogue da portuguesa Mafalda Leite, filóloga, nascida em Portugal, mas a viver em Moçambique.
Quanto a Jarrett, sabia-o de nome mas, musicalmente, conheceu-o através deste disco, pertença do Luís Mira. Ainda em não tempo de CDs, gravou uma cassette que o acompanhou pela vida. A cassette sumiu-se o gosto por Jarrett não. Mas gostaria de adiantar que ainda hoje não o entende. Tão pouco está interessado em que isso venha acontecer. Assim um pouco como os filmes de David Lynch: não percebe, mas são-lhe fundamentais.
O concerto de Colónia espalha-se pela baía
até ao limite das nuvens
ao tremer das águas sucessivo segue o altear do piano
em seu espasmo infinito
esqueço-me do rumor das casuarinas
esqueço-me de todos os sons
apenas o crescendo desse revolver do piano
no interior das águas
e chove tanto de súbito no mar
chove essa chuva quente e boa
que se dilui água na água
(...)
aqui neste sossego sem qualquer memória em que apenas
o concerto de colónia se entranha
num tempo agora ouvido
junto ao coração em jazz estribado a horizontes perdidos
por ti keith jarrett no meu mar índico agora cor de azul
meia-noite em mim navegando com barcos fosforescentes
que singram altos
em acordes longe e longamente soprados
em soltos panos de lua
Colaboração de Gin-Tonic
Side 2
Koln January 24, 1975 Part II a 15:00
Side 3
Koln, January 24, 1975 Part II b 19:19
Side 4
Koln, January 24, 1975 Part II c 6:59
Gravado ao vivo na Ópera de Colónia em 24 de Janeiro de 1975
Na antologia “Poezz”, o jazz na poesia portuguesa, organizada por José Duarte e Ricardo António Alves, Keith Jarrett tem direito a três poemas que são acompanhados por igual número de comentários do sr.cinco-minutos-jazz.
Um: "Jarrett tocou pela segunda vez em Portugal, em 1971, no 1º Festival Internacional de Jazz de Cascais e espantou por levantar o rabo do banco enquanto pianava, pelos murmúrios, quase estertores, que da garganta lhe saíam, enfim, tocando tanto como tantos tinham ouvisto tão pouco".
Dois: “quem se lembra de Jarrett na RTP a branco e preto num 4teto com Lloyd em 66 no Cascais 71 com camisola interior – branca – com Miles. Nas ruas de Cascais de mão dada – hábito africano – com Haden hoje adoentado, com melhoras, doente, com pioras, com cansaço crónico".
Três: “KJ tem discurso pessoal, personalizado é pianista para todas as gerações inventor com tantos discípulos todos o ouviram fala com ele próprio sofre ao piano é tradição improvisador não toca calado gemidos, queixumes são parte do artista e artista somos nós todos".
Para acompanhar a capa do disco, dos três poemas, escolheu “Koln Concert no Indico”, um longo poema de Ana Mafalda Leite.
Mas o editor acaba de ser babado-avô e o escriba receou que o tamanho do post lhe estragasse a festa (não estragou, é um prazer - nota do editor).
Não sendo poeticamente correcto, optou por desenhar o princípio e o fim do poema, mas deixa a notícia que o podem ler na íntegra no blogue da portuguesa Mafalda Leite, filóloga, nascida em Portugal, mas a viver em Moçambique.
Quanto a Jarrett, sabia-o de nome mas, musicalmente, conheceu-o através deste disco, pertença do Luís Mira. Ainda em não tempo de CDs, gravou uma cassette que o acompanhou pela vida. A cassette sumiu-se o gosto por Jarrett não. Mas gostaria de adiantar que ainda hoje não o entende. Tão pouco está interessado em que isso venha acontecer. Assim um pouco como os filmes de David Lynch: não percebe, mas são-lhe fundamentais.
O concerto de Colónia espalha-se pela baía
até ao limite das nuvens
ao tremer das águas sucessivo segue o altear do piano
em seu espasmo infinito
esqueço-me do rumor das casuarinas
esqueço-me de todos os sons
apenas o crescendo desse revolver do piano
no interior das águas
e chove tanto de súbito no mar
chove essa chuva quente e boa
que se dilui água na água
(...)
aqui neste sossego sem qualquer memória em que apenas
o concerto de colónia se entranha
num tempo agora ouvido
junto ao coração em jazz estribado a horizontes perdidos
por ti keith jarrett no meu mar índico agora cor de azul
meia-noite em mim navegando com barcos fosforescentes
que singram altos
em acordes longe e longamente soprados
em soltos panos de lua
Colaboração de Gin-Tonic
3 comentários:
Disco incontornável e obrigatório em qualquer coleção que se preze.
Extraordinário álbum de um génio.
Belo post, carregado de memórias nonoras. O Concerto de Colónia acompanha-me nas viagens pela Europa, desde há muitos anos - no alinhamento, habitualmente, começa a soar a meio de Espanha e... quando o alinhamento se repete, à entrada da Suíça. Um dos jogos com a "pendura" é tentar adivinhar quando é que os gemidos aparecem, e se são "ais" ou "uis". Um dos discos da minha vida. (e estava no primeiro Cascais Jazz)
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