domingo, 18 de julho de 2010
PORÃO DA NAU
O famoso Porão da Nau, que ouviu, entre outros, Ella Fitzgerald e Duke Ellington, esteve aqui, na rua Pinheiro Chagas, 1 (Lisboa).
Hoje, alberga a cervejaria Maracanã que se estende à esquina, onde outrora esteve o Convés.
Um empregado mais vetusto disse-me que a cave ainda existe, estando agora reservada para grupos.
Nos anos 70, quando já tinha largado o Quinteto Académico para experimentar outros voos, toquei durante uns meses, com um outro quinteto, no "Porão da Nau", uma boîte na rua Pinheiro Chagas onde ia meia Lisboa: a minha querida amiga e saudosa actriz Anabela, o Eusébio (por vezes até em véspera de jogo), o actor Vasco Morgado, gente da televisão e da rádio.
Uma noite entrou um casal, ele preto e ela branca, e sentou-se numa mesa próxima do palco. O Luís Duarte, viola-baixo do quinteto, chegou-se ao meu ouvido e perguntou-me "ó Pedro, aquele não é o Art Blakey?".
Eu disse-lhe que realmente era parecido, mas não podia ser, primeiro porque uma vedeta como o Art não iria ali, e depois porque, embora estivesse estado no Cascais Jazz com os Jazz Messengers, isso fora há cerca de 15 dias e ele teria certamente regressado aos Estados Unidos.
O Luís concordou comigo e continuámos a tocar, não sem lançar de vez em quando uma olhadela a confirmar a semelhança.
Até que daí a meia-hora o homem levanta-se, vem ter comigo e diz-me "may I play a bit of drums with you?". Aí grito para os meus músicos "é mal, é mesmo ele!".
E foi assim que durante dois ou três temas tive o gosto de tocar com um dos maiores bateristas de sempre. Depois ele explicou que durante o festival de Cascais tinha arranjado cá uma namorada e tinha ficado por Lisboa a conhecer as duas, a namorada e a cidade.
Voltou ao Porão duas noites depois e nos anos seguintes, em passagens que fizesse por Lisboa, sempre ia visitar-me aonde quer que eu estivesse a trabalhar.
Encontros igualmente casuais me surgiram com músicos como Dexter Gordon, Gerry Mulligan, Georgie Fame, Gal Costa e uns quantos outros. No caso dos dois primeiros tive mesmo de actuar com eles, aí já mesmo a sério, por razões idênticas: os pianistas de cada um deles falhou à última hora e eu era o único que estava ali por perto.
Claro está que nunca me passou pela cabeça meter estes encontros no meu currículo. Quando às vezes vejo uns currículos de artistas sem grande mérito recheados de parcerias importantes penso se não terão sido, tal como os meus, cruzamentos que acontecem sempre a quem, como outro, anda por aí.
Pedro Osório, in "Memórias Irrisórias Com Algumas Glórias"
Diz a "Time Out" (26 de Fevereiro de 2014) que o Convés foi o primeiro restaurante português a servir pizzas nos anos 60. Já agora, não sabia que as cadeias de pizza Pizza Hut e Domino's, das mais conhecidas, não existem em Itália. Diz também a "Time Out".
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12 comentários:
E o Porão da Nau que conheci (alô Kerouac), era ainda há bem pouco tempo - será que fechou? - uma casa de Strip
Passei belos momentos e dançar e divertir nos anos 80 e ate 1992 como discoteca, uma casa que se podia confiar pelo respeito e bom ambiente que existe la dentro
Podes crer, bons momentos sem maldade e sem muitas outras coisas, mas a malta divertia-se e curtia, que saudadesssss.
Conheci.
Verdade bons tempos, dá muita saudade dos tempos das Matines que passei no Porão!!😍
Que saudades das matinés,dos namoricos,tempo volta para trás.
Conheci o porão da nau como discoteca com matines anos 80
Vi Art-toots-nancy nesse mesmo ano no cascais jazz
Tento lembrar-me do grupo que tocava no Porao da Nau, anos 73/74?
The Rocks.
Que saudades das matines adorei era muito fixe, foi la que conheci o meu primeiro amor, caso para dizer oh tempo volta.....
Acho que fui eu..... 😂😂😂
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