quinta-feira, 7 de maio de 2009

OASIS, WHAT A FUCKING SHOW!


What a fucking show! exclama Liam Gallagher logo após o acorde final de Rock’n’Roll Star. Tira-me as palavras da boca. Até esse instante, momentos inesquecíveis não param de acontecer: All Day And All Of The Night ecoando no auditório lotado; versão ao vivo de Helter Skelter de cortar a respiração; entrada a la Shea Stadium dos “deuses de Manchester”. Confusos? Calma. As palavras saem-me sem nexo. Ainda estou aturdido por tão sublime Shock Of The Lightning.

Descodifico: o referido clássico dos Kinks fez parte da “trilha sonora” debitada pelo PA antes do show, entre outras preciosidades de Beatles, Small Faces ou Action; a demolidora Helter Skelter, antecedida por I Saw Her Standing There, finalizou o enérgico show de abertura dos mod-punk-rockers de Porto Alegre, Cachorro Grande (com a participação do Skank Samuel Rosa); a histérica recepção aos Oasis lembrou a Beatlemania. Entendidos agora?

Depois, de Rock’n’Roll Star a I Am The Walrus, senti-me rejuvenescido por uma plateia 95% adolescente, entoando, de goelas abertas, as letras de todas as canções. Vá lá, a maioria das canções. Inacreditável! 15 anos passados, Oasis volta a acontecer. Outra vez. Segunda geração conquistada. E se não é surpreendente que a multidão abafe a banda em Wonderwall, Lyla ou Don’t Look Back In Anger, o mesmo não se pode dizer quando o fenómeno repete-se em Masterplan ou The Importance Of Being Idle

Os fãs entregam a alma e a banda responde da mesma moeda. Competência musical, coesão sonora, subtis arranjos psicadélicos, solos transcendentes de Gem, carisma e pujança de Liam, acentuações precisas de Andy, super forma vocal de Noel. E o milagre das canções. De grandes melodias. Momentos altos da noite? Todos! Vá lá, quase todos. Especialmente, Cigarettes And Alcohol, Masterplan, Morning Glory, I’m Outta Time, Shock Of The Lightning, Supersonic, Fallin’ Down… e quando Liam se cobre com a bandeira do Brasil no final de I Am the Walrus, já me falta energia para uma nova apoteose.

Na actual desertificação do genuíno e primitivo Rock’n’Roll, os Oasis fazem jus ao seu nome. Nunca se comprometeram com nada nem ninguém. Apenas colhem o que semearam com suor, arrogância e talento. Li algures e subscrevo: se fosse vivo, John Lennon ficaria orgulhoso.

Pedro de Freitas Branco

4 comentários:

Jack Kerouac disse...

O Concerto deve ter sido magnífico, e a crónica não lhe fica atrás, gosto da forma como transmites as emoções num texto. Boa malha.

Abraço

filhote disse...

Obrigado pelo elogio, Jack.

Foi mesmo magnífico!

Em 31 anos de shows - o primeiro foi o dos Tubes em Cascais (1978) -, nunca vi tamanha participação, louca, do público. Público, como descrevi, na faixa dos 13/14/15/16 anos. Por aí...

Durante a tarde, milhares de adolescentes faziam fila de quilómetros, alguns de guitarra na mão a entoar "The Importance of Being Idle". Impressionante.

Quando os Oasis pisaram o palco, a gritaria abafou totalmente o som do PA. Como nos tempos dos Beatles. Só tinha visto em filmes...

Abraço, Jack!

NS disse...

Excelente review filhote!

***

curiosidade: hoje parece ser o "teu" dia na feira do livro de Lisboa :-)

Livros do dia (11 de Maio):
- NUM BECO SEM SAIDA Pedro de Freitas Branco, Antonio Avelar de Pinho EDITORIAL PRESENÇA PVP:€6.73 Preço feira: €4.00
- O SEGREDO DOS BEATLES Pedro de Freitas Branco EDITORIAL PRESENÇA PVP: €10.00 Preço feira: €5.50

filhote disse...

Obrigado pela informação, NS.

Curioso, de facto. E eu a léguas de distância...