sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

CANÇÃO AO LADO


Numa destas gélidas manhãs de Janeiro, três bloguistas juntaram-se a uma mesa de café numa esplanada ao relento da Álvares Cabral, em Lisboa, e falaram, falaram, falaram, indiferentes à aragem arisca.

A conversa, anárquica, como era previsível, fluiu de Malta ao Benfica, do ié-ié português ao problema dos professores, passando por muitos outros items.

Disfarçando o ruído agressivo do escape do autocarro da Carris, um dos convivas, perante o espanto dos restantes, estatuiu que os Deolinda são o António Variações do séc. XXI.

Aproveitei hoje o desconto na FNAC de 15 por cento na aquisição do respectivo disco ( € 11,85) e, afinal, não podia estar mais de acordo.

Se não houvesse outros motivos, que obviamente os há, os pastéis de Vouzela estariam justificados só por esta dica, uma Dica da Semana que também fez conhecer os Deolinda a outro conviva !

Verdade se diga que Nuno Sebastião já me tinha chamado a atenção para o projecto, mas eu sou como S. Tomé: ouvir para crer.

27 comentários:

Anónimo disse...

Mais vale tarde do que nunca !

(o disco já tem quase 1 ano)

JC disse...

Há cerca de 2 anos, coloquei no blog (http://eusouogatomaltes.blogspot.com/2007/05/outras-msicas-24.html) um vídeo muito amador s/ os Deolinda, c/ um pequeno texto que escrevi, que tinham chegado ao meu conhecimento através de um comentário deixado no blog. Era o "Fado Toninho". Fiquei "fan" e fui tratando de passar palavra.
Pois se o A. Variações estava entre o Minho e Nova York - hoje, num post no blog (http://eusouogatomaltes.blogspot.com/2009/01/da-msica-popular-portuguesa.html)que vai ferir algumas almas, escrevi que mais entre o Bairro Alto e S. Francisco - os Deolinda estão entre a Damaia e a Mouraria. Um grupo e uma música notável. Os pastéis tb eram. Disse eram e não "são".
E, que raio, não estava assim tanto frio!!!

JC disse...

Ah, e só falta renderem-se às "Meninas da Ribeira do Sado", dos Adiafa, o maior "one hit wonder" da história da MPP.

paulo disse...

É bom saber que há gente a discutir os problemas dos professores/problemas do governo por manhãs bem gélidas de Janeiro!

Anónimo disse...

Só por isso, deviam ficar congelados!!!

Karocha disse...

Pois nós gostamos de música!
Ponha uma coisa bonita logo LT, ando muito triste, dói-me a alma :-(

Anónimo disse...

Filhote (por onde andarás, tão sumido assim?):

-era este o grupo, cujo nome não recordávamos, quando batemos aquele papo, naquela noite quente de Dezembro refrescada com cervas, no Sindicato do Chopp da Farme de Amoedo!

(S)LB

NS disse...

Ao vivo também se ouve muito bem. As músicas são sempre introduzidas pela Ana Bacalhau com uma pequena história que contextualiza o que se vai ouvir a seguir.

NS disse...

Filhote,

apesar das minhas preferidas serem o «movimento perpétuo associativo», «fado toninho» e o «Fon Fon Fon», caso ainda não conheças os deolinda, sugiro que oiças e dês a ouvir aí pelas terras de Vera Cruz a «garçonete da casa de fado»

Anónimo disse...

Para quem odeia fado, gostar de Deolinda poderá ser um primeiro passo ...

Será que aindo vamos assistir a um dia em que LT passará a gostar de (alguns) fados de Lisboa

Também não sou um GRANDE FÃ de FADO, mas há por aí muito talento ...

Também gosto de muitas canções dos A NAIFA

Anónimo disse...

http://sebastian-music.blogspot.com está mesmo à frente :-)

Na lista de blogs, já tem como último "post" do "guedelhudos" o Renato Carosone que ainda não foi colocado (ou foi adiado)

JC disse...

O fado foi sempre mtº maltratado. Os republicanos não gostavam de fado por causa do fado aristocrático e estes por causa do fado republicano. A elite porque o fado era rasca e cantado e dançado nas tabernas, e tb por causa do fado operário. Os sindicatos pq o fado afastava os operários da instrução e os conduzia ao vício e à bebida. As mulheres pq os maridos iam aos fados e às putas, devassidão total, afastando-os do lar. O Estado-Novo deu-lhe estatuto de canção nacional, coisa que o fado nunca foi (nos arredores de Lisboa ele já não existia), e castrou-o dos seus aspectos mais genuínos. Pra a oposição era a música do regime e para os estudantes de Coimbra era coisa de futricas, esquecendo onde estavam as origens do fado coimbrão. Por último, agora anda aí mtª gente a dizer que canta fado, o que é mentira. Mtº resistiu o pobre fado, na origem demtº do que de melhor tem a MPP, de Afonso e Adriano a Variações e aos Deolinda.

Anónimo disse...

Se a FNAC tem etiqueta, exigo que o LIDL também seja contemplado com a mesma distinção :-)

ié-ié disse...

Futricas! Gostei dessa...

Como há bruxas, andei hoje a passear pelo Bairro Alto e lá vi a Severa, o Café Luso, a Adega Machado...

Acho que nunca entrei em nenhum desses "antros" (sem ofensa)...

LT

Karocha disse...

LOL

Fado tem dias...
Música sempre e o que vocês sabem!

Vou voltar para as guerras politicas.
Fiquem bem ;-)

filhote disse...

É verdade, SLB, o nosso esforço para lembrar o nome deste surpreendente agrupamento foi titânico. Falámos em Maria Albertina, Gracinda, etc, mas não chegámos lá. O chopp não deixou.

E ando sumido, sim, pelas ondas do mar de Ipanema...

Caro NS, conheço os Deolinda. Ainda mal, mas conheço (não tenho o disco). De vez em quando, passa um clip do grupo na SIC Internacional - não me lembro do nome da canção -, e já li alguns artigos e entrevistas sobre.

De facto, os Deolinda parecem-me um acontecimento num país onde nada acontece. Tenho de os conhecer melhor.

Curiosamente, trabalhei com um dos integrantes da banda, o Pedro Martins, em guiões para TV (Marina Mota, salvo erro) e pergunto-me se essa tal Bacalhau não será uma menina que em tempos conheci no Conservatório de Lisboa...

Anónimo disse...

Por andar a viver dos louros do momento, deste meio de amigalhaços, não se andará a empolar demasiado este grupo (com uma boa máquina publicitária atrás), igual a tantos outros? Enfim...

Anónimo disse...

Os Deolinda não serão a salvação da música portuguesa, mas não deixam de ser um grupo com (média/elevada) qualidade e potencial.

Mas felizmente há outros artistas e grupos de qualidade em Portugal (a maioria dos quais nunca foi aqui referenciado no blog, mas como sabemos não é esse o seu objectivo): David Fonseca, Clã, Rita RedShoes, The Gift, Paulo Praça, Mesa (apesar de estarem a fraquejar um pouco), Rodrigo Leão, A Naifa, etc.

E poderemos falar de projectos mais independentes (Pontos Negros, Novembro, Weatherman, Anaquim, ...), hip hop (Sam the Kid, Da Weasel, NBC, ...), rock (Wray Gunn, ...), etc.

Agora os Naifa não são do mesmo campeonato. Apenas conseguiram um brilharete na taça :) [Eu ás vezes também me ponho a cantarolar temas da Ágata, Tony Carreira, ...]

Anónimo disse...

Errata:

Agora os ADIAFA ( e não os Naifa] não são do mesmo campeonato. Apenas conseguiram um brilharete na taça :)

JC disse...

Anónimo 1: Igual a tantos outros? Favor indicar-me os tantos outros... Uma boa máquina publicitária? Primeiro, foram lançados (?) c/ uns vídeos manhosos no My Space, segundo, se têm uma boa máquina publicitária, ainda bem. Que mal haverá nisso? Além do mais, tomo isso como um elogio, pois tb me sinto parte dela: em Maio de 2007 divulguei um desses vídeo do My space dos Deolinda no meu blog, quando ninguém os conhecia.
Anónimo 2: Mas quem anda á procura da salvação da música portuguesa? Mas, deixe-me dizer, o seu "post" é bem típico da mentalidade dos portugueses, pois além de procurar um D. Sebastião para tudo demonstra uma enorme falta de rigor e discernimento - tão típica aqui da terra - ao meter no mesmo saco os Deolinda e David Fonseca, The Gift e etc. Como costumo dizer usando o tão rico léxico tauromáquico, "da cabeça ao rabo é tudo toiro!" Quanto ao David Fonseca, deixe-me acrescentar algo mais: se apanhar aí a jeito o meu pior inimigo, ponho-o a ouvir David Fonseca durante uma tarde inteira. Fico vingado!
Quanto aos Adiafa: quantos intérpretes e grupos da música popular não ficaram para a História apenas por um tema?
All the best!
JC

Anónimo disse...

meti no mesmo saco "Deolinda e David Fonseca, The Gift e etc." porque tem algo em comum. São portugueses e, na minha opinião, com qualidade.

Se não gosta de David Fonseca, o "problema" será seu (e eventualmente do seu pior inimigo), pois já o vi ao vivo e gostei bastante.

Ou seja: gostos não se discutem. Eu gosto de David Fonseca, o JC gosta de Adiafa. Não será por isso que nos vamos zangar ...

Anónimo disse...

Para complementar:

As generalizações são sempre perigosas (e por isso também demonstradoras de "falta de rigor e discernimento") :-)

Eu quando referi que os Deolinda não seriam a salvação da música portuguesa não estava à procura de um "D. Sebastião".

Por um lado, a música portuguesa não precisa de "salvadores".

E, por outro lado, apenas pretendia realçar que os Deolinda não seriam - para mim - o maior e melhor grupo português (quer da actualidade, quer de sempre). Pois, como realcei, existem, na minha opinião, muitos outros projectos de qualidade.

Mas tomáramos nós que existissem muito mais grupos com a qualidade dos Deolinda.

Karocha disse...

Zanguem-se vá lá!
Anónimos a mandarem vir com o JC, vai ser giro e vão também anonimamente almoçar?
Dê-lhes na cabeça JC :-))

JC disse...

O problema, meu caro, será mais do meu pior inimigo, se o apanhar a jeito! Mas duvido que o meu pior inimigo não goste do David Fonseca ("honni soit qui mal y pense", claro).
Bom, e quanto a não se discutirem os gostos, penso de maneira diferente: discutem-se e de que maneira (e ainda bem!). Caso contrário continuaremos a meter tudo no mesmo saco, o que nunca traz nada de bom.
E esteja descansado, isto é só uma polémica amigável.
Abraço

JC disse...

Deolinda não é o melhor grupo português de sempre. Assim de repente, penso esse lugar cabe ao GAC, por direito conquistado. Deolinda é apenas o segundo.
E então em que ficamos, de um comentário para outro, quanto à "salvação"?
All the best!

filhote disse...

GAC, JC?!? Você é cá dos meus!!!

ié-ié disse...

Com um único disco editado e já é o segundo melhor grupo português de sempre, JC? Isso é obra!!!

LT