terça-feira, 26 de março de 2019

SÓ ESTAMOS A TENTAR TER ALGUMA PAZ (50 ANOS)


A camareira age como se preferisse limpar os banheiros de um quartel do exército na frente. Mas, em vez disso, tem de trocar os lençóis da cama de núpcias de John Lennon e Yoko Ono no quarto 902 do Hilton.

A jovem, a portuguesa Maria de Soledade Alves, apercebe-se no decorrer da semana que o casal quase não usa o chuveiro.

Quando os ilustres hóspedes  desaparecerem na segunda-feira, 31 de Março, ela irá retirar os desenhos da parede sem qualquer problema e colocá-los no lixo, sem perceber que, de uma forma muito simples, poderia ter aumentado substancialmente a sua pensão.

Numa foto de Charles Ley no Daily Mirror britânico de quarta-feira, vemos Lennon num roupão branco, com um olhar suave de sábio nos olhos, ao lado da camareira. Yoko está ao seu lado, sentada sobre os joelhos numa cadeira, com uma atitude que paira entre resignação e irritação. Parece pensar: "Ei, quando é que me posso deitar novamente?"

A manchete do artigo diz: "John e Yoko são forçados a sair da cama por Maria, a camareira".

Isto mostra uma considerável carga de ironia sobre a acção do casal, que na Inglaterra não é levado a sério por ninguém. O jornalista Don Short comenta ironicamente a foto: "O casal John Lennon e Yoko Ono, tal como muitos visionários e revolucionários, descobriu que pode ser difícil encontrar o seu lugar no mundo".

De repente foram confrontados, na sua suíte presidencial cheirando a flores, com o facto de que grandes pensadores também têm que se resignar com mortais terrestres... como camareiras.

De repente viram a serenidade do grande Lennon Bed-in interrompida por um evento importante: a mudança da roupa de cama. O Beatle John e a sua noiva japonesa tiveram que sair da sua cama. (...).

Tinham planeado ficar deitados na cama durante sete dias "em protesto contra a guerra e a violência no mundo". Mas isso foi antes de Maria de Soledade Alves, uma camareira portuguesa no Hotel Hilton de Amsterdão, aparecer em cena. Com uma pilha de roupa limpa, assumiu o controlo da situação.

(É claro que os autores deste livro fizeram de tudo para traçar esse importante marco na história dos Beatles. A agora muito idosa Soledade Alves voltou a Portugal depois de trabalhar em Amsterdão. Escrevemos, em carta registada, a todas as mulheres a morar em Portugal chamadas Maria de Soledade Alves. Infelizmente não conseguimos resultado nenhum.)

"In Bed Met John En Yoko", Jan Cee ter Brugge, Jan van Galen e Patrick van den Hanenberg, Nijgh & Van Ditmar, 2009, 192 págs.

tradução do neerlandês de Inês Portugal Galvão, a quem muito agradeço

fotografia de Charles Ley, do Daily Mirror (1925-2013)

PS: também eu, por diversos meios, tentei, sem êxito, localizar a camareira do casal Lennon.


CARRASQUEIRA


Alcácer do Sal.

segunda-feira, 25 de março de 2019

OLHEIRO


Olheiro, Aljubarrota, Alcobaça

sábado, 23 de março de 2019

50 ANOS DA FRAUDE


A Filarmónica Fraude celebrou hoje, como pôde, os 50 anos da edição de "Flor de Laranjeira".

Vai haver mais motivos.

Imagem de Teresa Lage

quinta-feira, 21 de março de 2019

BITLES


Desenho de uma jovem fã dos Beatles de 6 anos em 1970.

De forma inconsciente, julgo ter conseguido uma boa síntese: olhos e nariz do John, boca do Ringo, cabelo do George e com uma viola-baixo como o Paul, diz, 49 anos depois, a autora portuguesa, nascida em Angola.

OS BEATLES E EU


"Os Beatles E Eu", Carlos Edu Bernardes, edição de autor, Brasil, 2016, 100 págs.

Capa imparável de Paulo Lima sobre ilustração de Rafael Senra.

E para quando um "Beatles no Brasil"?

quarta-feira, 20 de março de 2019

HÁ 50 ANOS!


John Lennon e Yoko Ono casaram-se em Gibraltar faz hoje 50 anos.

Da união, resultou um filho, Sean Lennon.

terça-feira, 19 de março de 2019

"FLOR DE LARANJEIRA" FAZ HOJE 50 ANOS


Diário Popular, 26 de Março de 1969

Em Lisboa, lá pelos idos 60s, internado estava eu nessa nefasta instituição de nome Colégio Militar, onde tudo o que de útil aprendi - e não é pouco - foi nutrir um enorme e profundo desprezo por tudo o que diga respeito à tropa, tradições e trogloditas.

Confesso: aprendi igualmente a arte das altas fugas nocturnas que regularmente concretizava com amigos saltadores de muros altos.

Num ou noutro fim de semana ia a casa de meus Pais. Era esta, nesse tempo, no Entroncamento, um perfeito exemplo de localidade que me inspirou textos e textos que - julgando escrever um livro de crónicas do ridículo - juntei numa sebenta, cuja capa ostentou o nome "Poeira e Calhandrice".

Digo os "tentei", pois viria a levar sumiço. Perda de menor importância.

Algumas destas crónicas escrevi-as em verso, rimas atrás rimas, arroubos de romantismo adolescente. E, aos poucos, as que me pareciam de valia maior foram adquirindo forma de letras de canções imaginárias.

A música já se tornara uma paixão (quando a rádio era útil e era culto), o gosto já se depurava, muito por influência de um enorme amigo que ainda consta do rol dos para-toda-a-vida, Rão Kyao, esse mesmo, que também usou aquela caricata farda colegial e que, como eu, detestava ser soldadinho de chumbo andando a toque de caixa.

Lembro-me que o Rão nos ensinou a degustar Ray Charles, quando andávamos todos com fome de Beatles. Nem aquele, nem estes - antes pelo contrário - me causaram indigestões.

Pois foi uma dessas hipotéticas letras guardadas naquela sebenta que veio a originar a "Flor de Laranjeira". A retratada noiva existiu mesmo, de uma família muito bem - dizia-se assim, quando referindo gente rica -, o casório foi de espavento e estadão.

Mas a menina já ia grávida e as línguas desataram-se em bocas pequenas como calhandras levantando poeira no adro da igreja.

Hoje não seria assunto para letra, mas nesse tempo foi para o que me deu.

Guardada a letrinha, viria pouco depois a ser entregue ao meu amigo Luís Linhares que, captando a forma de prosa nas frases longas da primeira parte da canção, como se reportagem jornalística fosse, deu à minha crónica de costumes a força satírica que, sem melodia, acabaria por desaparecer sem história, como o resto da sebenta.


António Avelar Pinho

Foi a banda sonora de um daqueles documentários antes do filme, que nos levou até aos LPs de serapilheira com as recolhas do Giacometi e do Lopes-Graça.


Tínhamos acabado o "Menino”, onde extravasámos toda a nossa “beatleculture” adaptada à “canção da beira-baixa”.

Aqueles álbuns de serapilheira abriam-nos um novo horizonte sonoro.

Os Canned Heat, um grupo de rústicos americanos que não devia ter entrado neste filme, acabou por nos inspirar para a tradução do ritmo de bombo da chula na bateria e no baixo.

Estávamos quase convencidos de que tínhamos chegado a um verdadeiro “country português”, numa espécie de folclore imaginado…

O poema pouco métrico do Pinho ajudou na construção da melodia “minimalista e repetitiva de inspiração folclórica”.

Quando entrámos no Estúdio da Nacional Filmes, não sabíamos bem qual seria o resultado final. O Heliodoro Pires lá gravou um cavaquinho e uma viola juntamente com um “órgão Philicorda” que fazia mais ruído do que um moinho de café, depois do baixo e da bateria e antes das vozes.

Só quando começámos “as misturas” de tudo isto nos apercebemos de que, em pleno “nacional-cançonetismo” e música Yé-Yé, aquele som não nos envergonharia…

Mas foi o produtor João Martins que apostou naquela flor como lado A do EP.

Pronto, uma flor que fez história (grande ou pequena não vem ao caso).


Luís Linhares

A Filarmónica Fraude é originária do eixo Entroncamento/Tomar, com raízes nos G-Men, que participaram na 3ª eliminatória do Concurso Yé-Yé, no Teatro Monumental, em Lisboa, no dia 11 de Setembro de 1965, e nos Académicos.

Nos G-Men actuavam António Avelar Pinho, na bateria, única vez em que mexeu num instrumento, e José João Parracho, baixo, ou seja, uma secção rítmica.

Nos Académicos, andavam António Antunes da Silva (guitarra) e Júlio Santos Patrocínio (bateria).

Juntaram os trapinhos, arregimentaram Luís Linhares (teclas), que tinha 15 anos e usava calções, e assim nasceram os Incas que foram de táxi a Valência de Alcântara, Espanha, a um concurso de onde foram desclassificados por alegadamente terem plagiado Schumann. Ou melhor, esqueceram-se de mencionar esse facto.

António Avelar Pinho propôs então uma nova designação para o conjunto, apresentando como alternativas Água Suja, Condição e Filarmónica Fraude.

No Verão de 1968 - primeiro contrato profissional - actuaram em "A Cabana", Alvor, Algarve, onde providencialmente estava Fernando Assis Pacheco, então no "Diário de Lisboa", que os deu a conhecer ao País.

A Filarmónica Fraude tocava então "Lady Madonna", "A Whiter Shade Of Pale" e "Yesterday", mas já tinha a letra de "Animais de Estimação"O Duo Ouro Negro, que também andava pela "Cabana", gostou do que ouviu e levou uma K7 para Lisboa.

Numa entrevista ao "Diário Popular" de Abril de 1969, confessavam que não tinham ídolos, mas que as suas influências vinham, sem dúvida, do dr. José Afonso, Carlos Paredes, Donovan, Canned Heat, Manfred Mann, Moody Blues e, claro está, Beatles.

Sobre a Filarmónica Fraude escreveu Vera Lagoa no "Bisbilhotices" de 25 de Junho de 1969, a propósito de uma festa da Philips (editora da FF):

João Martins (produtor da FF), um homem que tem um "charme" louco e trabalha loucamente, apertado num casaco que ele julga ficar-lhe muito bem, mas que eu detesto, contou do êxito que os discos gravados em Portugal tiveram no encontro Philips internacional, em Espanha.

Contou do êxito que a gravação da Filarmónica Fraude fez nesse encontro.

Os rapazes da Fraude são novíssimos. O mais velho tem 20 anos e o mais novo 17. Informais. Longos cabelos. Mas achei-os tristes. Ou tristes ou demasiado convencidos. É preciso um sorriso, rapazes. Apenas um sorriso. Que cara será a vossa quando tiverem 40?


O primeiro EP da Filarmónica Fraude, "Flor de Laranjeira", foi editado no dia 19 de Março de 1969, faz hoje 50 anos.

quinta-feira, 14 de março de 2019

LES CHARLOTS


Mundo de Aventuras, nº 6, V Série, 08 de Novembro de 1973

UM DOS MELHORES


Casa Queirós, Estrada Nacional nº 1, 2519 - Avelãs de Caminho - 234 741 259

Um dos melhores - para alguns o melhor - leitão da Bairrada!

domingo, 10 de março de 2019

FAZ HOJE 31 ANOS


Pão Com Manteiga, suplemento de "A Capital", nº 1, 10 de Março de 1988

sexta-feira, 8 de março de 2019

NOVO AEROPORTO ESTUDADO HÁ 50 ANOS


Um diploma publicado faz hoje, dia 08 de Março, 50 anos cria o Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa para substituir o da Portela, construído por Duarte Pacheco em 1930.

50 anos depois, ainda se discute a construção de um novo aeroporto em Lisboa, embora, no tempo presente, a escolha esteja mais acaelerada para Montijo.

A possibilidade de adiar por mais alguns anos a resolução deste importante problema nacional mediante a ampliação das instalações do actual aeroporto de Lisboa foi devidamente ponderada.

Verificou-se porém que o investimento requerido para satisfazer necessidades à vista ultrapassaria os 600 mil contos e que, embora pudesse ser amortizado em curto prazo, se tornaria insuficiente dentro de pouco tempo, em face da previsão do tráfego para o período compreendido entre 1975 e 1980 e do agravamento que é de esperar quando, em futuro próximo, entrarem em serviço, segundo se prevê aviões com a capacidade de 450 passageiros.

Impõe-se, portanto, enfrentar o problema rapidamente tanto mais que o País não pode perder a posição privilegiada que tem quanto às comunicações aéreos, quer no plano internacional, quer no plano interno como consequência da distribuição geográfica do seu território por vários continentes e da situação da metrópole na periferia atlântica da Europa.
Marcelo Caetano, 1969

A localização prevista do aeroporto era, na altura, em Rio Frio.

O director do Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa foi o coronel de Engenharia Joaquim António Rodrigues de Oliveira Júnior que tomou posse no dia 06 de Junho de 1969.

Na posse, o ministro das Comunicações brigadeiro Fernando de Oliveira disse que o novo aeroporto estaria concluído em 1976/77.

Vai projectar-se e construir-se o aeródromo do ano 2000 da cidade de Lisboa, disse o brigadeiro. O custo era então de 2,5 milhões de contos.

E já em 1967 se falava da necessidade do novo aeroporto...

quarta-feira, 6 de março de 2019

FAZ HOJE 51 ANOS


Na Hora, nº 1, 06 de Março de 1968, director: Silva Nobre

sexta-feira, 1 de março de 2019

BRINCADEIRA DE CARNAVAL...


O Século, 13 de Fevereiro de 1971

Há 48 anos, cinco "gandulos" da lisboeta nocturna, Nicha Cabral, Manecas Mocelek, Frederico Abecasis, Michel Silveira e Jorge Correia de Campos, enfiaram o barrete a dois amigos meus de "O  Século" numa hilariante "história das arábias", José Mensurado e José Roby Amorim (notável jornalista com quem tive o grato prazer de trabalhar na Lusa).

Eis o  azedume do jornal...