Chinchilas (1967): Filipe Mendes, 20 anos, solista, Alfredo José, 19 anos, baixo, José Machado, 18 anos, teclista, e Vítor Mamede, 17 anos, baterista.
Grupo pioneiro da do rock psicadélico em Portugal, os Chinchilas formaram-se em 1964 à volta do guitarrista Filipe Mendes, 16 anos, hoje ainda em actividade, e tido como o Jimi Hendrix português.
Os outros músicos eram Alfredo José, 15 anos, viola baixo, José Machado, 14 anos, teclista, e Vítor Mamede, 13 anos, bateria.
Conhecemo-nos em Belém, porque o meu avô, que me ofereceu a primeira viola, morava no mesmo bairro do Vítor, do Zé e do Joe. Começámos a ensaiar e a tocar na Sociedade Recreativa Sol & Dó. Um ano depois, passámos a ensaiar em minha casa e o grupo precisou então de um nome, recorda Filipe Mendes.
Como gostávamos dos Animals, foi uma das influências, e como estavam na moda os casacos e as criações de chinchilas... e as miúdas achavam os bichinhos muito giros, ficámos Chinchilas!
Começámos nos bailes de finalistas, alongando as músicas, a improvisar e a alongar as partes instrumentais e a entrar no psicadelismo, desde o som distorcido da guitarra às roupas bizarras, passando pela decoração dos instrumentos com motivos psicadélicos.
Em 1965, os Chinchilas venceram o Festival de Música Moderna da Costa do Sol e em 1966 ficaram em 6º lugar no Concurso Yé-Yé, realizado no Teatro Monumental, em Lisboa, por iniciativa do Movimento Nacional Feminino.
Na eliminatória do Concurso, disputada a 06 de Novembro de 1965, ganha pelos Boys, de Coimbra, futuros Conjunto Universitário Hi-Fi, os Chinchilas ficaram em 2º lugar.
Relatos da época indicam que a actuação do conjunto provocou grande burburinho na sala, devido ao ruidoso apoio dos fãs.
A banda era então formada por Filipe Mendes, 17 anos, viola solo, José Machado, 16 anos, teclas, Mário Piçarra, 18 anos, viola acompanhamento, Fernando, 19 anos, viola baixo, e Vítor Mamede, 15 anos, bateria.
Vestiram casaco preto com botões de metal branco e calças cinzentas e tocaram “Around On Around”, “In Down”, “Do You Love Me?” e “I Love You So”, esta última da autoria do grupo.
Na final do Concurso, disputada no dia 29 de Agosto de 1966, vencida pelos Claves, os Chinchilas ficaram em 6º lugar.
Carlos Bastos, figura ímpar do fado de Lisboa e autor de notáveis versões em fado malandro de canções pop como “Hey Jude”, dos Beatles, e/ou “Satisfaction”, dos Rolling Stones, clama que uma das suas coroas de glória foi precisamente ter participado, com 19 anos, nesta final dos Chinchilas.
Era viola-acompanhamento. Os seus companheiros na banda eram então Mário João, 19 anos, viola-solo, Alfredo José, 17 anos, viola-baixo, José Machado, 16 anos, teclas, e Vítor Mamede, 16 anos, bateria.
Em 1967, os Chinchilas editaram o 1º EP (Tecla 1017) com “I’m A Believer” (Neil Diamond), “Take That Train” (Filipe Mendes), “Crying” (Filipe Mendes) e “Marry Me” (Vítor Mamede/Filipe Mendes).
Eram então formados por Filipe Mendes (voz e viola solo), Salvatore Klumbos (viola acompanhamento), José Machado (órgão), Alfredo José (viola baixo) e Vítor Mamede (bateria).
O segundo disco (Tecla 20001) surgiu em 1968 com “Calmas São As Imagens” (Filipe Mendes) e “Don’t Want You No More” (Spencer Davis).
Por esta altura, Salvatore Klumbos já tinha abandonado o grupo e João Maló substituído Alfredo José que tinha ido para a tropa, tendo ficado até à dissolução em 1969.
Ainda assim fizémos muitos concertos e gravámos o disco das “Imagens”. Penso que a nossa música na altura bebia no rythm 'n blues, soul e rock puro e duro. Alguma influencia psicadélica só mesmo do Hendrix, é certo que lhe fugia para aí o pé, lembra João Maló.
Com o fim dos Chinchilas em 1969, Filipe Mendes gravou um single a solo que o “Diário Popular” classificou de “invulgar maratona musical” (Tecla TE 20005, “”Ring Stone Eyes” e “O Urso Ki”.
A minha ida para a tropa obrigou-me a desfazer os Chinchilas. E a falta de quem me acompanhasse tornou imperioso o recurso às minhas possibilidades. Como toco, razoavelmente, vários instrumentos, pude assim abalançar-me a executar, sozinho, o trabalho de um conjunto.
Mas em 1970, os Chinchilas ainda editaram um 3º disco (Tecla TE 20020) com “D. João” e “Barbarela”, com o teclista Luís Pedro Fonseca e o baterista Guilherme Inês, mais tarde dos Salada de Frutas, e o baixista Pedro Romeiro.
“Barbarela” tinha a ver com o Festival Internacional Barbarela, realizado em 1970 em Palma de Maiorca.
Embora não previstos no programa, os Chinchilas reuniram-se depois como trio para participar à borla no primeiro Festival de Vilar de Mouros, em 1971, ao lado de Elton John e Manfred Mann, entre outros.
Mal dormidos, apresentaram um som heavy, prejudicado pela má qualidade de um amplificador que já estava a trabalhar há oito horas, escreve Fernando Zamith em “Vilar de Mouros – 35 Anos de Festivais” (Edições Afrontamento, 2003).
Tenho a recordação de um som com alta qualidade e mesmo que estivéssemos “mal dormidos”, o que não corresponde à realidade, pois o Dr. Barge era um excelente anfitrião e até nos recebeu em casa, foi um som “up”, com um trio composto por uma secção rítmica com o baterista virtuoso João Heitor (mais tarde Rão Kyao, Araripa Jazz, Da Vinci), lembra, por seu turno, Filipe Mendes.
O grupo desfez-se logo a seguir e Filipe Mendes fundou o Grupo 5/Heavy Band (1971-1975), influenciado por um rock mais pesado.
Depois ainda esteve nos Psico (1977) e nos Roxigénio (1978-1982). Na década de 90 integrou os Ena Pá 2000 e os Irmãos Catita.
Vítor Mamede, por seu lado, esteve nos Sindicato (início da década de 70), com Jorge Palma, Rão Kyao, João Maló, Rui Cardoso e Ricardo Levy, colaborou com a Banda do Casaco e os Green Windows, acompanhou dezenas de outros artistas e foi autor de sucesso em Festivais RTP da Canção (por exemplo, “Dai-Li, “Dai-li Dou”, em 1978).
Luís Pinheiro de Almeida
11 comentários:
Belo texto, Luís!
Obrigado! É a Enciclopédia do Yé-Yé em movimento...
LT
Ganda Luis
Sim senhor!!
Uma justa homenagem a uma das mais importantes Bandas do nosso panorama musical.
Além disso é sempre um prazer ver o nosso QUERIDO (nada de interpretações erradas!!)FILIPE MENDES,um grande AMIGO e segundo julgo AMIGO DE TODA A GENTE!!
Quem o conhece sabe que tenho razão!!!
Estou curioso com a Enciclopédia! :-)
Também eu!
LT
Acredito! ;-) Faz falta!
amigos eternos.
Na emissão de anteontem do Portugália (Antena3) deu uma conversa com João Carlos Callixto e com Luis Pedro Fonseca (Chichilas).
O motivo foi o início do rock psicadélico em Portugal. A emissão deve poder ser ouvida em podcast e numa das emissões de fim de semana entre as 13h e 14h.
Luís Pedro Fonseca... Chinchilas?!?! Deixa-me rir...
txt para complementar..... O Vitor Mamede e o Zé Machado começaram comigo, em 1959 quando ainda frequentávamos a Francisco Arruda, com o nome Conjunto Bossa no qual eu tocava contrabaixo (emprestado pelo falecido Amaral do conj. Segundo Galarza no qual o pai do Vitor era o baterista. Ainda atuamos na TV 2 vezes num programa infantil da altura e mais uma no TV clube do Júlio Isidro, alem dos bailes do Sol e Dó e festas particulares. Quando do festival de Ié Ié no Monumental eu fui para a tropa e o Alfredo passou a ser o baixista do grupo nome da banda era Monstros e só depois do apuramento para a 1ª fase passou a ser Chinchilas.
Um abraço.
O me amigo Luís Pedro nos Chinchilas, na tev nã!
Obrigado!
LT
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