quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

DEATH OF A CLOWN


PYE - PATS 7001

Death Of A Clown – Love Me Till The Sun Shines

Esgalhou o texto na toalha de papel da “Floresta Oriental”, e, ainda ontem o teria colocado por aqui, não fosse a barata tonta que é, que nunca encontra, no imediato, qualquer coisa de que necessite, ou então fosse um tipo organizado, assim tipo Mr. Ié-Ié que sabe onde se encontra arrumada cada espira de um vinil dos seus amados-beatles, ou como o Mário Castrim que tinha os livros espalhados pela casa e, quando precisava de um, assobiava e ele aparecia, mas não, teve de desmanchar toda uma prateleira da estante para encontrar o raio do “single” que, ainda por cima, tudo a ajudar o pai que é cego, se encontrava estacionado em 2ª fila.

Quantas garrafas de vinho verde são precisas – binho berde pr’a todos, como dizia o Eduardo Olimpio para o Eduardo Guerra, numa festa, lá para o norte, do “A Voz do Povo”, aí pelos idos de 78 – para que uma pérola adormecida viesse, à luz da noite, desenhar um sorriso nos lábios?

Aconteceu, entre violas, comezainas e amigos, qualquer coisa que, desculpem lá a vaidade!, só a malta dos sessenta, por vezes, desencanta.

A morte de um palhaço e o raio de um livro, “O Sorriso Aos Pés da Escada” do Henry Miller, que lhe marcou a mona, lido numa tarde nas mesas de mármore do “British-Bar”, uma lindíssima edição da “Ulisseia”, com o toque & tc. de Victor Silva Tavares, um tempo em que se editavam livros com amor aos livros e não aos cifrões.

Um livro pequenino que o Armindo dizia que era porreiro para pôr no bolso do casaco onde os outros punham o lenço a condizer com a gravata.

A vida é feita de pequenos fingimentos de que temos de nos aproveitar. Sem ajuda, nenhum homem lá chega.

E sai mais uma botelha de binho berde pr’a mesa dos artistas, como lançava a Susana para dentro do balcão da “Floresta Oriental”, na noite de muitas surpresas.

Colaboração de Gin-Tonic

Nota do editor: as minhas públicas desculpas ao autor do post pela demora na publicação, mas, na realidade, não consegui aperceber-me de que o dia de ontem também tivesse existido...

4 comentários:

Karocha disse...

Bonito Gin

Na minha humilde opinião, nos idos de 78/79 duas garrafas de vinho verde chegaram! :-)))

JC disse...

Excelente texto, Gin-Tonic, c/ apenas uma ressalva: O lenço não tem nada que condizer c/ a gravata!

Caínhas disse...

Com crónicas destas, o melhor sempre é ficar quieto cá no nosso lugar, na parte mais Ocidental da Europa!
Quando for grande também quero escrever assim!

filhote disse...

Surpresa, surpresa, foi este post!

Instigante!

E, na próxima visita, prometo saber de cor a letra da canção!