domingo, 28 de novembro de 2010

YÉ-YÉ NA "PÚBLICA"


O jornalista Mário Lopes assina hoje na revista "Pública", do jornal "Público" um extenso artigo de 9 páginas, profusamente ilustrado, sobre os 50 anos do yé-yé português.

A publicação surge a propósito da colectânea "Caloiros da Canção", comemorativa do evento.

O artigo contém, entre outras, declarações de Daniel Bacelar, José Manuel Concha, Zeca do Rock, José Luís Veloso (Álamos), Ana Maria (Conjunto Universitário Hi-Fi), José Manuel Fonseca (Quinteto Académico) e a descrição do ambiente dos anos 60 no "Portugal amordaçado".

Um documento para recordar e... guardar!

16 comentários:

JC disse...

Como já disse aí em outro comentário, achei o artigo bem mauzote. É pena, pois o tema é bem interessante, existe mtº material e muita gente que viveu o tema por dentro tem paixão em depor. Mas o tratamento dado pelo jornalista-autor é confuso, parece-me perceber pouco do assunto, aprofunda pouco ou nada (que raio, são 9 pags!), não hierarquiza importâncias, etc, etc. Bom, mas 2 documentos me chamaram a atenção: um recorte de jornal s/ as sessões de autógrafos do Daniel e dos Conchas, que dão uma ideia perfeita do que era, ao tempo, a estrutura comercial da venda de discos (desde lojas de artigos eléctricos a papelarias) e um interessante anúncio do espectáculo do 5º aniversário da 23ª hora em que se
misturam nomes do nancional-cançonetismo, da música "pimba" da época e, lá no meio, 2 ou 3 nomes como o Daniel e o Conjunto Mistério, o que demonstra bem a ausência de autonomia do movimento Ié-Ié, fruto das circunstâncias do Portugal da época.À falta de melhor, é para guardar, como diz o LT

Zeca do Rock disse...

Aguardo a chegada das cópisa prometidas pelo jornal, para poder apreciar. Mas - à partida - saúdo a edição como mais uma tentativa de organizar historicamente algo que é hoje muito pouco compreendido. Todas as achegas são válidas, embora ninguém, até hoje, tenha conseguido pintar um quadro real da época. Quase sempre se procura comparar o fenómeno do aparecimento do rock em Portugal com os equivalentes em outros países, quando, de facto, a nossa realidade de país sob a tutela totalitária do governo salazarista e da Igreja, nada tinha a ver com os EUA, O Reino Unido, a França ou a Itália, onde o rock já tinha entrado,

josé disse...

Se não fosse este blog, esta matéria do "rock português" dos primórdios passava-me inteiramente ao lado. Conhecia o Quinteto Académico de nome e pouco mais.

Acho que a obra de divulgação de blogs como este, é imprescindível e muito proveitosa para se conhecer o que fomos para sabermos para onde vamos.

Estes artigos da Pública, mesmo medíocres ( não o digo como tal), valem por isso a pena porque generalizam a alguns milhares mais ( o Público vende pouco...) o conhecimento do que foi essa época que só é conhecida daqueles que têm actualmente perto e mais de sessenta anos.

ié-ié disse...

Creio que foste excessivamente cruel, JC, e nem sequer aduziste argumentos que alicercem a tua crueldade!

O artigo, em minha opinião, é bem escrito e descreve bem o ambiente musical que então se vivia, sobretudo por quem nasceu décadas mais tarde!

Não há muitos assim que metem ombros a tamanha empreitada!

LT

Karocha disse...

Não posso dar opinião,não li, nem o Abel no expresso.
Como só leio os jornais na net, se o LT scanasse o Abel e postasse a casa agradecia!

DANIEL BACELAR disse...

Meus Caros Amigos Bloguistas
Ainda estive na dúvida se deveria intervir nesta questão,mas como somos todos amigos,sempre ouvi dizer que da discussão sai a luz.
Acho profundamente injustas as criticas ao artigo de Mario Lopes no caderno do Público.
Só posso falar por mim,mas este jornalista,teve a delicadeza de me telefonar ,apresentando-se e pedindo-me uma entrevista com a qual concordei imediatamente.
Estivemos a conversar cerca de uma hora,e pelo que pude ler no artigo publicado respeitou fielmente tudo aquilo de que falámos.
Entretanto,já tive a oportunidade de trocar impressões com outros que também foram contactados e todos estamos de acordo.
O hOMEM FOI IMPECÁVEL.
Se naquele tempo tudo era cinzento,nos programas rádio publicitários (Passatempo Pac,Passatempo para jóvens,etc)os artistas do nacional cançonetismo (não tenho nada contra ,é uma expressão musical como qualquer outra)eram misturados connosco jóvens rockistas,era assim e não havia nada a fazer.
É simpático alguém lembrar-se de nós,e dedicar num caderno do Público 9 (nove)páginas que nos são totalmente dedicadas.
Há exageros?????
Pois há,mas isso não é culpa do jornalista,simplesmente há pessoas que não têm a noção de que há tempo para tudo,não estamos em Inglaterra nem na América.
Era o que havia,e todos nós ou a maior parte teve a noção das realidades e seguiu outros caminhos para hoje poder recordar com enorme prazer e amizade esses tempos tão distantes.
Outros perderam o comboio e contam historias fantásticas.....problema deles!!
Mario Lopes na minha opinião fez um bom trabalho de pesquisa,e em meu nome e já agora tomo a liberdade de falar em nome de toda a rapaziada que compartilhou esses bons tempos,
MUITO OBRIGADO

Abel Rosa disse...

Peço desculpa, mas até acho que o artigo cumpre os objectivos com competência, está inserido num estilo de fácil leitura numa revista generalista e de fim de semana...já os li bem piores, até gostei!

Zeca do Rock disse...

E quem quiser ler o artigo online, pode agora acessar: http://www.publico.pt/Cultura/e-no-inicio-era-o-yeye_1468625

Um abraço, Mário Lopes!

JC disse...

Caríssimos Daniel e LT: não está em causa, obviamente, a gentileza do jornalista, mtº menos a sua boa educação e fidelidade de transcrição das opiniões recolhidas e por aí fora.Enfim, com o que por aí vai nos "media", até já nos contentamos com o que deveria ser um dado adquirido. Mas, convenhamos,o principal problema é que me parece o autor conhece mal o assunto e mete tudo no mesmo saco. Por exemplo: a origem de classe dos intérpretes do Ié-Ié português (pequena e média burguesia urbana, estudantil) é mtº diferente do que acontece nos USA e no UK, o que tem importância decisiva no "estilo", repertório,etc. Por ex., Daniel e os Conchas bebem a sua influência nos chamados "teenage idols" (Ricky Nelson e Everly Brothers), que são já uma versão melhor comportada do R n' R., e Zeca do Rock na Dance Craze. O rock original, de Presley, J. L. Lewis, Perkins e tb do Holly, Little Richard, etc,não tem praticamente expressão em intérpretes portugueses (Vitor gomes bebe alguma coisa em Gene Vincent) exactamente por questões que têm que ver c/ a estrutura social portuguesa. Tb não é apenas a ditadura e o seu ultra-conservadorismo moralista que condicionam o movimento,mas tb o Portugal rural, s/ classe média logo, s/ mercado), pobre, etc, que torna impossível a profissionalização s/ o apoio do Estado, que existia, via FNAT e EN, para o nacional-cançonetismoe nunca poderia existir para o Ié-Ié. Outro exemplo: não é apenas a guerra colonial que condiciona a existência dos grupos Ié-Ié (essa é apenas a machadada mais evidente, mas os nacionais-cançonetista tb iam à guerra), mas tb a ausência de possibilidades de profissionalização que os leva a procurar fazer-se "à vidinha" por outros lados (O Daniel que o diga...). Bom,não vou continuar a maçá-los c/ a minha "arenga", mas o que escrevi já dá para ver que teria preferido um estilo um pouco diferente. Assim, acaba quase por ser pouco mais do que um conjunto de "fait-divers", uns mais interessantes do que outros (a história do Daniel s/ as gravações é mtº engraçada), colados com um texto que mtªas vezes faz pouco sentido. Por exemplo, às tantas escreve Mário Lopes s/ Ana Maria: "admirava a música francesa ainda (n. de JC: ainda?) em voga, a de Brassens ou Brel, a de Sylvie Vartan ou Françoise Hardy, e tinha como modelo Billie Holiday e Ella Fitzgerald" Pergunto, esta mistura, assim mesmo, sem nenhum comentário do autor, faz algum sentido para quem desconheça o que foi o R n' R ou o Ié-Ié? E depois, um pouco "out of nowhere" e s/ se explicar em 2 linhas pq isso acontece, aparecem os Beatles e mudam a face do Ié-Ié português, quando me parece a influência de Cliff e dos Shadows terá sido, pelo menos durante mtº tempo, bem maior no Ié-Ié do que a dos Fab 4.Podia continuar, mas acho já perceberam as minhas razões.
Abraço a todos

JC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Zeca do Rock disse...

Amigo JC, se você alguma vez me tivesse visto em palco nessa época, ou ouvido o meu verdadeiro repertório na rádio (tocavam a toda a hora as gravações em fita) não me catalogaria dessa forma. Aliás, "dance craze" é o quê? A avó do "disco sound"? Cordiais saudações!

JC disse...

Meu caro Zeca do Rock: claro que me reporto ao reperetório que ficou gravado em disco e, de entre estes, aos temas que o tornaram mais conhecido. Não me parece que, neste caso, se possa utilizar outro. E - claro que v. sabe isto - a chamada "dance craze" corresponde àquele período no início dos anos 60, antes da British Invasion, dominado pelo Twist, Madison, etc, etc. Chubby Checker, Joe Dee, Little Eva. Acho há em si alguma influência desse período, o que nada tem de estranho. Estou basicamente errado?
Um abraço

filhote disse...

Ié-Ié: quero esta revista!!!

ié-ié disse...

OK, Filhote!

LT

josé disse...

Na Visão de hoje, mais duas páginas, com foto de JM Concha e Daniel Bacelar.

O prestexto é o Caloiros da Canção.

ié-ié disse...

Ó camarada JC, o que foi publicado na "Pública" é um mero artigo de jornal, excelente, por acaso, não uma tese de mestrado sobre o yé-yé português!

E olha que a tua "tese" padece de um erro fatal que mina inexoravelmente o teu argumento fulcral: o nacional-cançonetismo - ou a face mais relevante dele - não cumpriu serviço militar!

A partir daqui, cai pela base a parte de leão do teu argumentário (como se diz agora).

LT