O filme "Sementes de Violência" ("Blackboard Jungle", Richard Brooks, 1955), considerado o motor de arranque do rock em Portugal, estreou-se em simultâneo nos cinemas S. Luiz e Alvalade, em Lisboa, faz hoje 55 anos!
O filme esteve em cartaz nos dois cinemas até ao dia 16 de Dezembro de 1955, inclusivé.
Mereceu do "Diário Popular", de 30 Novembro, a seguinte crítica:
A atmosfera de interesse criada à volta deste filme com a recordação do incidente diplomático que ele originou na Bienal de Veneza, deu à estreia de ontem uma expectativa que, na realidade, não foi iludida, pois o público que aplaudiu, no final, viu um bom espectáculo de cinema. "Sementes de Violência" ("Blackboard Jungle") é um filme corajoso e duro. O problema (comum a todos os países que viveram a guerra, mas mais sensível na América) da delinquência infantil, bem explicado por um dos personagens quando diz "os rapazes criaram-se de qualquer maneira, com os pais na guerra e as mães nas fábricas", é tratado com o vigor de um libelo e a enternecedora emoção de uma mensagem de esperança: a de que os jovens só são maus quando não se compreendem os seus problemas e não se coaduna a sua educação com o objectivo de fazer sobressair os seus sentimentos puros e de os afastar das más influências. O filme serve também para exaltar a missão dos professores, mal pagos em toda a parte, até na grande e rica república americana. Filme de tese, "Sementes de Violência" adquire, no entanto, tal intensidade dramática que o espectador é subjugado pelo desenvolvimento da acção de princípio a fim. A realização, de Richard Brooks, é notável. Sem sobressaltos, sem artifícios, a história é contada com uma violência extraordinária, mas com uma emoção sempre presente em todas as imagens. A interpretação de Glenn Ford é bem um exemplo de como deve representar-se em Cinema. Mas o numeroso grupo de actores que o acompanha é outro dos muitos motivos de êxito. É também de assinalar, com relevo, a adaptação musical, em que figuram algumas belas canções , muito bem tocadas e cantadas. Bons complementos. Um programa que se recomenda.
Três semanas depois, o mesmo "Diário Popular" publicou no dia 19 de Dezembro uma pequena notícia:
As músicas de "Blackboard Jungle" ("Sementes de Violência") causaram um delírio junto dos apreciadores da música moderna. A tal ponto, que a primeira remessa para Portugal é da ordem dos 1.500 discos e que já se encontra vendida mesmo antes de chegar. Trata-se de "Rock Around The Clock" (gravação Decca), "Invention For Guitar And Trumpet" (gravação Capitol) e "The Jazz Me Blues" (gravação Columbia).
O filme esteve em cartaz nos dois cinemas até ao dia 16 de Dezembro de 1955, inclusivé.
Mereceu do "Diário Popular", de 30 Novembro, a seguinte crítica:
A atmosfera de interesse criada à volta deste filme com a recordação do incidente diplomático que ele originou na Bienal de Veneza, deu à estreia de ontem uma expectativa que, na realidade, não foi iludida, pois o público que aplaudiu, no final, viu um bom espectáculo de cinema. "Sementes de Violência" ("Blackboard Jungle") é um filme corajoso e duro. O problema (comum a todos os países que viveram a guerra, mas mais sensível na América) da delinquência infantil, bem explicado por um dos personagens quando diz "os rapazes criaram-se de qualquer maneira, com os pais na guerra e as mães nas fábricas", é tratado com o vigor de um libelo e a enternecedora emoção de uma mensagem de esperança: a de que os jovens só são maus quando não se compreendem os seus problemas e não se coaduna a sua educação com o objectivo de fazer sobressair os seus sentimentos puros e de os afastar das más influências. O filme serve também para exaltar a missão dos professores, mal pagos em toda a parte, até na grande e rica república americana. Filme de tese, "Sementes de Violência" adquire, no entanto, tal intensidade dramática que o espectador é subjugado pelo desenvolvimento da acção de princípio a fim. A realização, de Richard Brooks, é notável. Sem sobressaltos, sem artifícios, a história é contada com uma violência extraordinária, mas com uma emoção sempre presente em todas as imagens. A interpretação de Glenn Ford é bem um exemplo de como deve representar-se em Cinema. Mas o numeroso grupo de actores que o acompanha é outro dos muitos motivos de êxito. É também de assinalar, com relevo, a adaptação musical, em que figuram algumas belas canções , muito bem tocadas e cantadas. Bons complementos. Um programa que se recomenda.
Três semanas depois, o mesmo "Diário Popular" publicou no dia 19 de Dezembro uma pequena notícia:
As músicas de "Blackboard Jungle" ("Sementes de Violência") causaram um delírio junto dos apreciadores da música moderna. A tal ponto, que a primeira remessa para Portugal é da ordem dos 1.500 discos e que já se encontra vendida mesmo antes de chegar. Trata-se de "Rock Around The Clock" (gravação Decca), "Invention For Guitar And Trumpet" (gravação Capitol) e "The Jazz Me Blues" (gravação Columbia).
7 comentários:
Deste post o mais interessante ainda é o teor da adenda. Quanto à "crítica", é curioso saber que já naquela altura os professores eram mal pagos. E não pude evitar de sorrir quando vi os temas de rock 'n' roll descritos como "belas canções, muito bem tocadas e cantadas".
Ora aqui está a confirmação do que escrevi num outro comentário s/ o assunto: era criança e lembro-me de ter ouvido lá em casa a conversa de o meu pai se ter inscrito na Valentim de Carvalho para poder comprar o disco (78 rpm). Percebo agora que terão tb visto o filme, pois S. Luiz e Alvalade (morávamos na Av. de Roma e o meu pai trabalhava no Chiado)eram cinemas que os meus pais normalmente frequentavam.
E esse disco ainda existe? Uma relíquia...
LT
Deve ter durado mtº pouco tempo, pois mal me lembro de o ter visto! Era daqueles que se partiam, portanto...
Eu ainda tenho alguns, embora estrangeiros, de 45, 33 e 78 rotações. Bom tempo do Vinil.
Vejo bem que não é daquele tempo. Recordo bem que quando saiamos do cinema todos faziamos a mesma pergunta- O que é aquilo e a maioria dizia SWING.Mal sabiamos nós que tinha nascido o ROCK
anónimo ignorante! leia bem o que está escrito e não ponha a pata na poça.
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