François Busnel, crítico no L´Express, escreve esta semana que "os livros das rocks stars são muitas vezes de natureza confessional. Livritos acabados, escritos à pressa por "un nègre"( ghost writer) ou em português um pena emprestada ( expressão agora mesmo inventada),a partir de gravações em que o interessado declina a sua vida sexual e os seus excessos como se recita um pedigree. Tudo isso que não significa literatura, contribui para a "pipolisation" do mundo e a decepção das pessoas. Último exemplo destes livros inúteis e contudo muito esperados: Life, de Keith Richards. Nada que não seja já conhecido. Uma colecção de anedotas sem eira nem beira ( sans lieu). Vento. Pouco importa, Richards é um Rollins Stone, não se lhe peça para ser escritor. Deixemos de lado os Stones. Tanto mais que há um contra-exemplo. Não verdadeiramente uma autobiografia, não, mesmo se o livro retraça o início da vida daquela que incendiará a cena pop-rock de 1975 a 1980 publicando quatro albuns estonteantes ( démentiels) e que se tornará ícone dos punks. Just Kids , de Patti Smith é um puro naco de poesia."
Isto lido, Life perdeu algum interesse para mim, se bem que ando com a Rolling Stone que traz várias páginas com excertos do dito, para ler. Ainda não lhe peguei...
Este livro demorou 10 anos a ser concluído. Baseia-se nos diários de Keith, na sua memória prodigiosa (acreditem ou não), e num sério trabalho de investigação.
A obra não foi escrita por nenhum "ghost writer", mas sim, pelo próprio Richards (escreve bem!), com a colaboração (investigação e entrevistas) do actor James Fox - amigo de longa data (o mesmo de "Performance").
Posso garantir, José: para mim, que já li mais de uma centena de livros sobre os Stones e afins, cada parágrafo desta obra é uma revelação... novos factos, mitos derrubados... mais: ao contrário do Clapton, por exemplo, Keith Richards não se esquiva a reflexões mais profundas sobre a vida e a música (aspectos técnicos da composição e gravação são escalpelizados ao detalhe).
Fui ler a crítica do François Busnel... inacreditável! Uma anedota! Ele sim, sem eira nem beira! Duvido, repito, duvido, que ele tenha lido o livro do Keith...
Em França, curiosamente, também está no primeiro lugar de vendas das obras de não ficção.
Do que li, ( extracto na Rolling Stone) também me pareceu interessante. Até a história do fumo das cinzas do pai( ao que parece, por acidente, deixou cair um pouco no tampo de uma mesa e não esteve para deitar fora. Por isso inalou-as...)
Enfim, essa história das cinzas é um pequeno "fait-divers" do qual o Keith se aproveita para brincar com os leitores... merece uma linha das quase 600 páginas...
O livro é, cultural e historicamente, interessante. E importante, para quem se interessa pela música popular do século XX.
Nem sempre os livros das "music stars", ou até de figuras da tv ( o que agora se tornou curriculum vitae obrigatório ) são brochuras por interposta pessoa ejaculadas para o iphone.
Temos o recente exemplo de Chico Buarque que acabou de ganhar o lusitano prémio Pessoa, sobrepondo-se à derradeira obra de Saramago, para além de outro galardão máximo no Brasil.
Já um crítico é sempre um escritor por realizar, caso contrário seria um génio literário.
O melhor será mesmo ler para se tirarem as justas ilações, no caso do Keith, talvez até se inverta o "riff" de "I can't get no satisfaction".
Na minha modesta opinião, os críticos franceses (e os críticos portugueses há muito os copiam) sempre se preocuparam mais em usar as criticas para se afirmarem através de opiniões diferentes e pseudo intelectuais... do que para nos "iluminar" sobre o que efectivamente leram (se é que leram). Sempre preferi "ler para crer"... mas, neste caso, antes de ler, acredito mais no que diz o filhote sobre uma biografia do Keith Richards do que qualquer crítico...especialmente francês. Acabei de receber a versão para o kindle e tenho a certeza de que vou gostar ...porque mesmo que não se trate de uma obra literária (como por exemplo o excelente "Chronicles" do Bob Dylan) ...será sempre a história de um dos maiores protagonistas da história do rock contada pelo próprio! Mais perto é impossível! Teresa Lage
José, a escrita do Keith sempre foi bem interessante. Basta ler qualquer passagem dos seus diários ou dos seus apontamentos ao longo dos anos (aparecem no livro algumas transcrições).
Além disso, o actor James Fox, que partilha crédito autoral com o Keith, também não é propriamente escritor...
Qual a dúvida? Hmm... parece-me que conhecem mal a personalidade de Keith Richards... de todos os Stones, seria o único capaz de escrever um livro destes...
E, Teresa, um grande beijinho deste lado do Atlântico!
Erro meu... afinal, este James Fox - assistente na produção do livro - não é o actor de "Performance", mas sim, um amigo de longa data de Keith, ex-jornalista do Sunday Times e autor do best-seller "White Mischief".
17 comentários:
Espero pelo "paperback", Não aprecio as capas duras...
LT
este tem de ser de capa dura por causa das drogas e do álcool lá dentro...
François Busnel, crítico no L´Express, escreve esta semana que "os livros das rocks stars são muitas vezes de natureza confessional. Livritos acabados, escritos à pressa por "un nègre"( ghost writer) ou em português um pena emprestada ( expressão agora mesmo inventada),a partir de gravações em que o interessado declina a sua vida sexual e os seus excessos como se recita um pedigree. Tudo isso que não significa literatura, contribui para a "pipolisation" do mundo e a decepção das pessoas. Último exemplo destes livros inúteis e contudo muito esperados: Life, de Keith Richards. Nada que não seja já conhecido. Uma colecção de anedotas sem eira nem beira ( sans lieu). Vento. Pouco importa, Richards é um Rollins Stone, não se lhe peça para ser escritor. Deixemos de lado os Stones. Tanto mais que há um contra-exemplo. Não verdadeiramente uma autobiografia, não, mesmo se o livro retraça o início da vida daquela que incendiará a cena pop-rock de 1975 a 1980 publicando quatro albuns estonteantes ( démentiels) e que se tornará ícone dos punks. Just Kids , de Patti Smith é um puro naco de poesia."
Isto lido, Life perdeu algum interesse para mim, se bem que ando com a Rolling Stone que traz várias páginas com excertos do dito, para ler. Ainda não lhe peguei...
Não é bem assim, José...
Este livro demorou 10 anos a ser concluído. Baseia-se nos diários de Keith, na sua memória prodigiosa (acreditem ou não), e num sério trabalho de investigação.
A obra não foi escrita por nenhum "ghost writer", mas sim, pelo próprio Richards (escreve bem!), com a colaboração (investigação e entrevistas) do actor James Fox - amigo de longa data (o mesmo de "Performance").
Posso garantir, José: para mim, que já li mais de uma centena de livros sobre os Stones e afins, cada parágrafo desta obra é uma revelação... novos factos, mitos derrubados... mais: ao contrário do Clapton, por exemplo, Keith Richards não se esquiva a reflexões mais profundas sobre a vida e a música (aspectos técnicos da composição e gravação são escalpelizados ao detalhe).
Entretanto, "Life" é o nº1 do Publishers Weekly!
José,
Fui ler a crítica do François Busnel... inacreditável! Uma anedota! Ele sim, sem eira nem beira! Duvido, repito, duvido, que ele tenha lido o livro do Keith...
É a velha história dos críticos...
Em França, curiosamente, também está no primeiro lugar de vendas das obras de não ficção.
Do que li, ( extracto na Rolling Stone) também me pareceu interessante. Até a história do fumo das cinzas do pai( ao que parece, por acidente, deixou cair um pouco no tampo de uma mesa e não esteve para deitar fora. Por isso inalou-as...)
Enfim, essa história das cinzas é um pequeno "fait-divers" do qual o Keith se aproveita para brincar com os leitores... merece uma linha das quase 600 páginas...
O livro é, cultural e historicamente, interessante. E importante, para quem se interessa pela música popular do século XX.
Nem sempre os livros das "music stars", ou até de figuras da tv ( o que agora se tornou curriculum vitae obrigatório ) são brochuras por interposta pessoa ejaculadas para o iphone.
Temos o recente exemplo de Chico Buarque que acabou de ganhar o lusitano prémio Pessoa, sobrepondo-se à derradeira obra de Saramago, para além de outro galardão máximo no Brasil.
Já um crítico é sempre um escritor por realizar, caso contrário seria um génio literário.
O melhor será mesmo ler para se tirarem as justas ilações, no caso do Keith, talvez até se inverta o "riff" de "I can't get no satisfaction".
JR
Já se inverteu, JR, em "Jumpin' Jack Flash"!
"It's a Gas! Gas! Gas!"
:-)
JR
Na minha modesta opinião, os críticos franceses (e os críticos portugueses há muito os copiam) sempre se preocuparam mais em usar as criticas para se afirmarem através de opiniões diferentes e pseudo intelectuais... do que para nos "iluminar" sobre o que efectivamente leram (se é que leram).
Sempre preferi "ler para crer"... mas, neste caso, antes de ler, acredito mais no que diz o filhote sobre uma biografia do Keith Richards do que qualquer crítico...especialmente francês. Acabei de receber a versão para o kindle e tenho a certeza de que vou gostar ...porque mesmo que não se trate de uma obra literária (como por exemplo o excelente "Chronicles" do Bob Dylan) ...será sempre a história de um dos maiores protagonistas da história do rock contada pelo próprio! Mais perto é impossível!
Teresa Lage
Estive hoje a folhear o tijolito. De certeza que foi ele mesmo quem o escreveu?
É que fiquei com dúvidas.
Bem esgalhado, Teresa!
Concordo com a Teresa, e não são só os críticos que têm esse hábito.
José, a escrita do Keith sempre foi bem interessante. Basta ler qualquer passagem dos seus diários ou dos seus apontamentos ao longo dos anos (aparecem no livro algumas transcrições).
Além disso, o actor James Fox, que partilha crédito autoral com o Keith, também não é propriamente escritor...
Qual a dúvida? Hmm... parece-me que conhecem mal a personalidade de Keith Richards... de todos os Stones, seria o único capaz de escrever um livro destes...
E, Teresa, um grande beijinho deste lado do Atlântico!
Atenção!
Erro meu... afinal, este James Fox - assistente na produção do livro - não é o actor de "Performance", mas sim, um amigo de longa data de Keith, ex-jornalista do Sunday Times e autor do best-seller "White Mischief".
As minhas desculpas pela confusão.
Oh meu caro amigo filhote, por quem é...?
Está desculpado!
Tenho de ler esse "Opus Magnum" do Conde Dracula de Los Rolling...
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