THE ENTERTAINERS - 13027 - 1987
Petite Fleur – Buddy Bolden Stomp – As-tu Le Cafard? – Muskrat Ramble – Swanee River – Passport To Paradise – Summertime – Big Chief – Dans Les Rues d’Antibes - Egyptian Fantasy – Promenade Aux Champs Elysees – Temperamental – Moulin A Café – Si Tu Vois Ma Mere – Marchand De Poissons – On The Sunny Side Of The Street
(Violetas
Alguém mandou-me violetas,
e as longas horas de Outono,
de roxas, ficaram pretas…)
Assim de olhos fechados,
ainda vejo, no tanque,
os peixes encarnados,
ainda sinto o perfume dos lilases,
ainda ouço os rapazes:
(e tu, Jardim, também os ouves?)
- “Pra que servem as flores? Plantem couves”.
Mas não plantei,
amei
cada pequena flor
e nenhuma secou,
nem o tempo as murchou, nem a Dor…
Pequena flor…
“Petite Fleur”…
A trompete do Sydney Bechet
dilacera-me ouvidos
e sentidos.
Magoa-me a estridência
da música obcecante.
Enerva-me a violência
dos sons,
dos desejos incontidos.
Dói-me a culpa,
a inocência
de uns braços estendidos.
Excerto do poema “A Ilha da Grande Solidão”, de Fernanda de Castro.
Nota do Escriba: O poema é transcrito de “Poezz, Jazz na Poesia em Língua Portuguesa”, antologia organizada por José Duarte e Ricardo António Alves, Almedina, Maio de 2004. Comentário de José Duarte sobre Sydney Bechet e o pormenor de Fernanda de Castro chamar trompetista a Sydney Bechet: “Sydney Bechet, crioulo de New Orlenas, viveu e morreu em França trouxe com ele o jazz para a Europa, tocava clarinete e saxofone soprano, soprano que Coltrane viria a retocar durante décadas. Bechet não tocava trompete, nem com dois, nem com três tês. Dona Simone Beauvoir também chamava a Bechet “trompettiste”…
Colaboração de Gin-Tonic
Nota do Editor: como tenho dito repetidas vezes, há (mesmo) bruxas! Andava eu, hoje, na Hemeroteca de Lisboa (a propósito, as fotocópias aumentarem, e muito, de preço e já não há descontos para ninguém...), depois de ter editado este post, à procura de informação sobre "Sementes de Violência", quando me deparei com uma crítica do espectáculo de Sydney Bechet no Teatro Monumental em Lisboa (28 e 29 de Novembro de 1955): os amadores da música de jazz tiveram ontem no Teatro Monumental uma sessão em cheio durante a qual o virtuosismo do famoso clarinetista Sydney Bechet, acompanhado pela magnífica orquestra de André Reweliotty, arrancou em cada interpretação uma verdadeira tempestade de aplausos num ambiente de entusiasmo delirante. A arrojada iniciativa de Vasco Morgado obteve assim êxito invulgar, bastando referir que os trinta números do programa como aqueles que em "extra" Bechet e o conjunto interpretaram na sessão de ontem, foram aplaudidos não apenas no final mas em diversas passagens. E um número houve que electrizou a plateia - "Halie Halie Alleluyah" - que o público acompanhou, marcando o ritmo com palmas ("Diário Popular", 29 de Novembro de 1955). O jornal não diz se "Petite Fleur" foi tocada...
Petite Fleur – Buddy Bolden Stomp – As-tu Le Cafard? – Muskrat Ramble – Swanee River – Passport To Paradise – Summertime – Big Chief – Dans Les Rues d’Antibes - Egyptian Fantasy – Promenade Aux Champs Elysees – Temperamental – Moulin A Café – Si Tu Vois Ma Mere – Marchand De Poissons – On The Sunny Side Of The Street
(Violetas
Alguém mandou-me violetas,
e as longas horas de Outono,
de roxas, ficaram pretas…)
Assim de olhos fechados,
ainda vejo, no tanque,
os peixes encarnados,
ainda sinto o perfume dos lilases,
ainda ouço os rapazes:
(e tu, Jardim, também os ouves?)
- “Pra que servem as flores? Plantem couves”.
Mas não plantei,
amei
cada pequena flor
e nenhuma secou,
nem o tempo as murchou, nem a Dor…
Pequena flor…
“Petite Fleur”…
A trompete do Sydney Bechet
dilacera-me ouvidos
e sentidos.
Magoa-me a estridência
da música obcecante.
Enerva-me a violência
dos sons,
dos desejos incontidos.
Dói-me a culpa,
a inocência
de uns braços estendidos.
Excerto do poema “A Ilha da Grande Solidão”, de Fernanda de Castro.
Nota do Escriba: O poema é transcrito de “Poezz, Jazz na Poesia em Língua Portuguesa”, antologia organizada por José Duarte e Ricardo António Alves, Almedina, Maio de 2004. Comentário de José Duarte sobre Sydney Bechet e o pormenor de Fernanda de Castro chamar trompetista a Sydney Bechet: “Sydney Bechet, crioulo de New Orlenas, viveu e morreu em França trouxe com ele o jazz para a Europa, tocava clarinete e saxofone soprano, soprano que Coltrane viria a retocar durante décadas. Bechet não tocava trompete, nem com dois, nem com três tês. Dona Simone Beauvoir também chamava a Bechet “trompettiste”…
Colaboração de Gin-Tonic
Nota do Editor: como tenho dito repetidas vezes, há (mesmo) bruxas! Andava eu, hoje, na Hemeroteca de Lisboa (a propósito, as fotocópias aumentarem, e muito, de preço e já não há descontos para ninguém...), depois de ter editado este post, à procura de informação sobre "Sementes de Violência", quando me deparei com uma crítica do espectáculo de Sydney Bechet no Teatro Monumental em Lisboa (28 e 29 de Novembro de 1955): os amadores da música de jazz tiveram ontem no Teatro Monumental uma sessão em cheio durante a qual o virtuosismo do famoso clarinetista Sydney Bechet, acompanhado pela magnífica orquestra de André Reweliotty, arrancou em cada interpretação uma verdadeira tempestade de aplausos num ambiente de entusiasmo delirante. A arrojada iniciativa de Vasco Morgado obteve assim êxito invulgar, bastando referir que os trinta números do programa como aqueles que em "extra" Bechet e o conjunto interpretaram na sessão de ontem, foram aplaudidos não apenas no final mas em diversas passagens. E um número houve que electrizou a plateia - "Halie Halie Alleluyah" - que o público acompanhou, marcando o ritmo com palmas ("Diário Popular", 29 de Novembro de 1955). O jornal não diz se "Petite Fleur" foi tocada...
4 comentários:
Luís, o poema é de Fernanda de Castro, não de Ferreira de Castro. Boa recordação!
A Record Collector deste mês tem na capa a indicação dos "200 rarest records of all time".
E no fim..."if you got any if the records in this list, drop a line".
Nem mais.
Quer dizer em vez de if, of.
Obrigado, Bissaide, pela rectificação. O poema é mesmo de Fernanda de Castro, tal como está na nota do editor para o comentário do José Duarte.
Ferreira de Castro que, penso, não escreveu poemas, aparece por leviandade de escrita e revisão.
Mr. Ié-Ié colocará os pontos nos ii.
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