sábado, 17 de outubro de 2009

LUÍS PINTO DE FREITAS


Autor de uma das mais belas canções yé-yé de sempre, "Crer", dos Claves, em 1966, Luís Pinto de Freitas, 63 anos, continua activo, agora nos Rockfellas.

Aos 13 anos, em 1959, comprou a sua primeira guitarra e três anos depois, em 1962, formou a sua primeira banda, Baby Faces, com António Villar de Sousa (viola ritmo), Manuel Athouguia (viola ritmo) e Diniz (bateria).

Aos Baby Faces sucederam em 1963 os Ecos (por causa das guitarras) com Manuel Athouguia (viola ritmo), que já vinha de trás, mais José Athouguia (bateria) e António Sallaty (baixo).

Actuaram na RTP e gravaram um disco instrumental no Centro de Cooperação Técnica, um pouco à maneira dos Quarrymen, antes dos Beatles.

Em 1964/65, Luís Pinto de Freitas fez parte do Conjunto Nova Onda (já depois da edição de "Vendaval"), com Gonçalo Lucena (vocalista), Manuel Lucena (baixo), Jorge Moniz Pereira (viola ritmo) e Fernando Mendes (bateria), tendo animado um cruzeiro de fim de ano à Madeira no "Santa Maria".

Em 1965, esteve nos Saints com Luís de Freitas Branco (viola ritmo e voz), João Valeriano (baixo e voz) e Alexandre Corte Real (bateria), este último substituído pouco depois por José Athouguia (bateria, ex-Ecos). O grupo viria a ser completado por João Ferreira da Costa (teclas e voz), fazendo ainda parte da equipa João Bragança e João Vicente Ribeiro, que tratavam dos contratos.

Os Saints concorreram ao Concurso Yé-Yé no Teatro Monumental, em Lisboa, vencendo a 12ª eliminatória no dia 13 de Novembro de 1965, a 2ª meia-final, no dia 15 de Janeiro de 1966 e, já como Claves (designação sugerida por Moreno Pinto, técnico da Rádio Renascença), a final do referido concurso no dia 30 de Abril de 1966.

A balada "Crer" foi especialmente composta por Luís Pinto de Freitas para a final deste concurso.

No mesmo ano de 1966, os Claves editaram dois EPs (os únicos), o primeiro (MARFER - MEL 2016) com "Keep On Running" (Spencer Davis Group), "Where Have All The Good Times Gone" (Kinks), "Crer" (Luís Pinto de Freitas) e "Fare Thee Well" (Chad and Jeremy) e o segundo (ALVORADA - AEP 60 814) com "California Dreamin'" (Mamas and Papas), "Somebody Help Me" (Spencer Davis Group), "Daydream" (Lovin' Spoonful) e "Sha La La Lee" (Small Faces).

Ambos saíram após a final do concurso Yé-Yé do Monumental, de Abril 1966.Tanto quanto me recordo, o da Alvorada foi gravado primeiro, nos estúdios da Emissora Nacional no Quelhas, mas demoraram mais tempo a publicar. A Marfer foi mais rápida, gravou depois, aproveitaram fotografias do mesmo fotógrafo da Alvorada, tiradas no lago do Campo Grande e publicaram o disco primeiro, imediatamente após a final do Concurso Yé-Yé no Monumental, lembra Luís Pinto de Freitas.

Desfeitos os Claves em 1967, Luís Pinto de Freitas viria a ser chamado a cumprir o serviço militar obrigatório (onde reencontra o seu amigo de escola Alfredo Laranjinha) e grava no Porto, ainda em 1967, um EP com o Conjunto Walter Behrend (ALVORADA - AEP 60.948), onde se inclui um original seu, "I Want And I Need You".

Fazia parte desse conjunto um grande músico italiano, o Italo Caffi, que veio a Portugal como pianista do Conjunto Andrea Tosi e ficou por cá. Depois abriu a empresa de instrumentos musicais "Caffi", no Porto.

Mobilizado para a guerra colonial, em Angola, forma no teatro de operações os Tigers, com um microfone e um amplificador da única máquina sonora de projectar filmes que existia.

De regresso a Portugal, começa a tocar com Pamela Murphy, futura mulher, que conhecera no Algarve e com quem forma o duo LP (Luís/Pamela).

Em 1970, com Pamela Murphy, edita um único EP (POLYDOR - 10 023 CR), gravado no ano anterior, com "Lullaby", "Why" (da autoria do duo), "Glad Bluebird Of Happiness" e "Please Come Back" (outro original do duo).

Toquei viola acústica em todas as faixas, mas só Pamela é que cantou. Primeiro foi todo gravado só com a Pamela a cantar e eu em viola acústica (o Pedro Caldeira Cabral colaborou no "Lullaby").

Depois, o Thilo Krassmann meteu mais tarde as orquestrações. Ele próprio tocou piano no "Why", fez as orquestrações para as cordas em três e convidou o Raul Mendes, do Mendes Harmonica Trio, que gravou a harmónica por cima da voz e guitarra, no "Lullaby", "Why" e "Glad Bluebird of Happiness".

O Bossa Jazz Trio tocou o instrumental no "Please Come Back". Os produtores foram o João Martins e Luis Villas Boas.


Em 1980, concorre ao Festival da RTP da Canção com "Ai, Ai, Tão, Tão", com letra de António Pinho e música de Pinto de Freitas, mas não chega à final.

Desde então tem tocado e cantado com a mulher, Pamela Murphy, tendo também participado num trio de jazz, Jazzamataz, com João Olias (teclas) e Michel Mounier (bateria) e nos Rockfellas, com José Santos Fernandes (teclas e voz), Alfredo Laranjinha (viola ritmo e voz), Jaime Pereira (baixo e voz) e Michel Mounier (bateria).

Hoje mesmo, os Rockfellas, com os amigos da escola Luís Pinto de Freitas e Alfredo Laranjinha, tocam no Liceu de Oeiras.

Luís Pinto de Freitas morreu no dia 02 de Agosto de 2015, vítima de cancro.

Colaboração de Luís Pinheiro de Almeida

2 comentários:

DANIEL BACELAR disse...

Eu e a Fernanda vamos lá estar para dar um abraço ao Luis e ao resto dos Rockfellas meus companheiros na "Bôa vida" ou "Má vida"conforme queiram interpretar!!!

Abel Rosa disse...

Eh Pá falam aqui no Alfredo Laranjinha....lembro-me quanda era puto de o conhecer em Nampula, Moçambique , o meu pai estava na guerra colonial , era Militar, e tambem era músico e tocava entre outras baixo ( foi 2º viola na Tuna académica no tempo do Zeca), o Alfredo Laranjinha passou por lá e tambem cantava umas coisas nas festas do Hospital Militar de Nampula...velhos tempos , esta foi de Mestre .