Três filmes de uma ternura que desfaz qualquer um: “Há Festa na Aldeia”, “As Férias do Sr. Hulot”, “O Meu Tio”. Um grande filme: “Play Time", mas tão pouca atenção lhe deram.
Também se pode dizer que o cinema é o Sr. Hulot.
JC, no seu “Gato Maltês”, desencantou um apanhado de cenas de “As Férias do Sr. Hulot”, juntou-lhe a banda sonora de Alain Romans. Passem por lá e divirtam-se.
Foi ao sótão buscar uns postais, umas fotografias, aquando de uma volta por uma certa Europa, com o Luís Mira e as pequenas.
A caminho da Normandia andaram às voltas para encontrar a praia que Jacques Tati retrata em “As Férias do Sr. Hulot”. Acabaram por encontrar a placa: “Plage de Mr. Hulot”. Ficaram felizes. A cereja no topo do bolo foi saberem da existência de um simpático restaurante, “La Plage de Monsieur Hulot”, mesmo por baixo do miradouro onde está a estátua de Tati.
Ele às voltas com os seus problemas do que comer na estranja – é limitado sim, limitadíssimo. A lista um emaranhado de “non-sense” de cozinha francesa ou o que quer que seja. Mas de repente vê uns miúdos a comer batatas fritas, fiambre, salsicha, um ovo estrelado, e não pensa mais: é aquilo que vai pedir. O “garçon” fica a olhar meio aparvalhado, a murmurar que aquilo é comida de crianças. Mas não é verdade que guardamos sempre qualquer coisa de crianças dentro de nós?
Bebeu-se um razoável vinhito branco gelado, um “moscalet “Chateau du Cleray que, possivelmente, o escanção JC colocará pelas ruas da amargura.
Quando vem a conta saberemos que o prato da comida para crianças se chamava “Moby Dick”. Feliz designação a lembrar o excelente romance de Herman Melville, que tem um dos começos mais bonitos da História da Literatura:
“Tratem-me por Ismael. Há alguns anos – não interessa quantos – achando-me com pouco ou nenhum dinheiro na carteira, e sem qualquer interesse particular que me prendesse à terra firme, apeteceu-me voltar a navegar e tornar a ver o mundo das águas. É uma maneira que eu tenho de afugentar o tédio e de normalizar a circulação. Sempre que sinto um sabor a fel na boca; sempre que a minha alma se transforma num Novembro brumoso e húmido; sempre que dou por mim a parar diante de agências funerárias e a marchar na esteira dos funerais que cruzam o meu caminho; e, principalmente, quando a neurastenia se apodera de mim de tal modo que preciso de todo o meu bom senso para não começar a arrancar os chapéus de todos os transeuntes que encontro na rua – percebo então que chegou a altura de voltar para o mar, tão cedo quanto possível. É uma forma de fugir ao suicídio”.
Também deu um belo filme de John Huston, com roteiro de Ray Bradbury, com Gregory Peck no papel do Capitão Ahib.
Colaboração de Gin-Tonic
Também se pode dizer que o cinema é o Sr. Hulot.
JC, no seu “Gato Maltês”, desencantou um apanhado de cenas de “As Férias do Sr. Hulot”, juntou-lhe a banda sonora de Alain Romans. Passem por lá e divirtam-se.
Foi ao sótão buscar uns postais, umas fotografias, aquando de uma volta por uma certa Europa, com o Luís Mira e as pequenas.
A caminho da Normandia andaram às voltas para encontrar a praia que Jacques Tati retrata em “As Férias do Sr. Hulot”. Acabaram por encontrar a placa: “Plage de Mr. Hulot”. Ficaram felizes. A cereja no topo do bolo foi saberem da existência de um simpático restaurante, “La Plage de Monsieur Hulot”, mesmo por baixo do miradouro onde está a estátua de Tati.
Ele às voltas com os seus problemas do que comer na estranja – é limitado sim, limitadíssimo. A lista um emaranhado de “non-sense” de cozinha francesa ou o que quer que seja. Mas de repente vê uns miúdos a comer batatas fritas, fiambre, salsicha, um ovo estrelado, e não pensa mais: é aquilo que vai pedir. O “garçon” fica a olhar meio aparvalhado, a murmurar que aquilo é comida de crianças. Mas não é verdade que guardamos sempre qualquer coisa de crianças dentro de nós?
Bebeu-se um razoável vinhito branco gelado, um “moscalet “Chateau du Cleray que, possivelmente, o escanção JC colocará pelas ruas da amargura.
Quando vem a conta saberemos que o prato da comida para crianças se chamava “Moby Dick”. Feliz designação a lembrar o excelente romance de Herman Melville, que tem um dos começos mais bonitos da História da Literatura:
“Tratem-me por Ismael. Há alguns anos – não interessa quantos – achando-me com pouco ou nenhum dinheiro na carteira, e sem qualquer interesse particular que me prendesse à terra firme, apeteceu-me voltar a navegar e tornar a ver o mundo das águas. É uma maneira que eu tenho de afugentar o tédio e de normalizar a circulação. Sempre que sinto um sabor a fel na boca; sempre que a minha alma se transforma num Novembro brumoso e húmido; sempre que dou por mim a parar diante de agências funerárias e a marchar na esteira dos funerais que cruzam o meu caminho; e, principalmente, quando a neurastenia se apodera de mim de tal modo que preciso de todo o meu bom senso para não começar a arrancar os chapéus de todos os transeuntes que encontro na rua – percebo então que chegou a altura de voltar para o mar, tão cedo quanto possível. É uma forma de fugir ao suicídio”.
Também deu um belo filme de John Huston, com roteiro de Ray Bradbury, com Gregory Peck no papel do Capitão Ahib.
Colaboração de Gin-Tonic
2 comentários:
Caro Gin-Tonic:
Não sou escanção, mas apenas um enófilo de já longa data, do tempo em que era ainda possível já ter provado todos os vinhos portugueses que valiam a pena. Coisa rara, pertencendo a uma família onde não se bebia vinho c/ regularidade. Não sou, portanto, um destes "wine freaks" "prêt à porter" dos últimos anos, em busca de reconhecimento social acelerado.Dito isto, meu caro, o vinho seria provavelmente um "Muscadet", um branco do Vale do Loire. Certamente um vinho bem feito, que se bebe c/ prazer. Bebi um ou outro Muscadet na vida, sem memórias especiais. Da região do Loire (uma zona de brancos) os meus favoritos são os Sancerre e os Pouilly Fumé. Por 15€ arranja-se por aí uma garrafa que vale o preço.Mas gelados é que nunca!!!, Santo Deus!!! Ficam sem aromas. 12º, ou por aí!
E obrigado pela ref. ao "Gato Maltês"!
Abraço
Exacto, caro JC, era uma "Muscadet".
Cobraram-nos 15,00 euros por garrafa, preço de Junho de 2005.
Aquela do escanção era apenas uma "blague".
Também um abraço
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