É estranho que, andando eu a bombardear-vos há tanto tempo com"histórias" e "fotografias" da America, ainda não me tenha lembrado de vos falar de Richard Harris e do seu "Slides", nome de música e idêntico nome de album publicado em 1972.
Da voz de Richard Harris, nem vale a pena falar. Uma das mais belas vozes masculinas que me foi dado ouvir, tanto no Cinema como na Música, que ele tocou, de forma brilhante, os dois instrumentos... E mais ainda, mas do seu Teatro não conheço nada...
"Slides" é, todo ele, um disco magnífico, apesar de me parecer, hoje, relativamente esquecido, talvez por só ter tido uma muito tardia e fugidia edição em CD.
Mas é a música do mesmo nome, última do lado 2, que me traz aqui hoje.
Música curiosissíma, nos seus perto de sete minutos de duração, que mistura canto e texto declamado. Eu explico melhor, para quem não faça a mais pequena ideia do que estou a falar (e, muito provavelmente, só o Hugo o saberá...): Richard Harris começa a cantar ("Morning chaps, I'd like to welcome you back to the third form of your years...." e por aí fora...) e depois interrompe para começar a comentar diversos slides tirados em diferentes lugares, nos Estados Unidos e no Canadá.
Nós próprios ouvimos o barulho dos slides a entrar, um após outro. No final, a música inicial é retomada ("I've got my slides, I will endure. Living well is my best revenge, you can be sure. Yes, in times of doubt, in times of sickness, they're my cure. Living well is my best revenge, you can be sure").
Richard Harris não é um compositor, mas essencialmente um intérprete. O autor de "Slides", bem como da maioria das restantes músicas do album é Tony Romeo.
Não foi "Slides" quem me levou pela primeira vez aos Estados Unidos, tal como já vos expliquei. Mas mentir-vos-ia se não vos dissesse que cada vez que ouvia aqueles "slides" a passar eu imaginava tudo aquilo: as paisagens, os lugares, as pessoas e até aquele magnífico pôr-do-sol "undistinguishable from the last"...
E muitas vezes me vieram à memória Richard Harris e os seus "Slides" ao fazer as minhas fotografias... No fundo, aquilo que eu procuro fazer convosco não é mais do que aquilo que ele faz no "Slides", embora ele o faça com mais "estilo". Mostrar-vos fotografias a pretexto de outras coisas, ou falar de outras coisas a pretexto das fotografias...
E se eu agora, à guisa de homenagem, vos propusesse fazer aqui uma brincadeira e juntar às minhas fotografias o texto de Richard Harris...? Um pequeno trecho, já se vê, porque eu não teria fotografias para todos os lugares que são evocados na música. A coisa até nem vem muito a despropósito, pois eu, últimamente, tenho andado por aqui à volta desta região.....
Daria qualquer coisa assim (têm de imaginar o barulho dos slides a entrar...):
"- Big Sur, California.
- An old spanish mission
- Carmel, California. Those trees seemed frozen against the landscape. They remind me of a book I once heard of called "The Cypresses Believe in God"..."
Aquele cipreste muito bonitinho que se vê bem no meio de uma rocha é uma das árvores mais bem protegidas da California. Tem direito a nome e tudo.... Chama-se "Lone Cypress" e é um ícone desta região, um dos seus objectos mais fotografados.
Fica em "Peeble Beach", mesmo ao lado do sítio onde Hithcock filmou aquele magnífico beijo entre Scottie e Madeleine no Vertigo, com a onda a explodir como pano de fundo...
Palpita-me que não me irei daqui embora sem voltar a "Slides", um destes dias...
Colaboração de Luis Mira
Da voz de Richard Harris, nem vale a pena falar. Uma das mais belas vozes masculinas que me foi dado ouvir, tanto no Cinema como na Música, que ele tocou, de forma brilhante, os dois instrumentos... E mais ainda, mas do seu Teatro não conheço nada...
"Slides" é, todo ele, um disco magnífico, apesar de me parecer, hoje, relativamente esquecido, talvez por só ter tido uma muito tardia e fugidia edição em CD.
Mas é a música do mesmo nome, última do lado 2, que me traz aqui hoje.
Música curiosissíma, nos seus perto de sete minutos de duração, que mistura canto e texto declamado. Eu explico melhor, para quem não faça a mais pequena ideia do que estou a falar (e, muito provavelmente, só o Hugo o saberá...): Richard Harris começa a cantar ("Morning chaps, I'd like to welcome you back to the third form of your years...." e por aí fora...) e depois interrompe para começar a comentar diversos slides tirados em diferentes lugares, nos Estados Unidos e no Canadá.
Nós próprios ouvimos o barulho dos slides a entrar, um após outro. No final, a música inicial é retomada ("I've got my slides, I will endure. Living well is my best revenge, you can be sure. Yes, in times of doubt, in times of sickness, they're my cure. Living well is my best revenge, you can be sure").
Richard Harris não é um compositor, mas essencialmente um intérprete. O autor de "Slides", bem como da maioria das restantes músicas do album é Tony Romeo.
Não foi "Slides" quem me levou pela primeira vez aos Estados Unidos, tal como já vos expliquei. Mas mentir-vos-ia se não vos dissesse que cada vez que ouvia aqueles "slides" a passar eu imaginava tudo aquilo: as paisagens, os lugares, as pessoas e até aquele magnífico pôr-do-sol "undistinguishable from the last"...
E muitas vezes me vieram à memória Richard Harris e os seus "Slides" ao fazer as minhas fotografias... No fundo, aquilo que eu procuro fazer convosco não é mais do que aquilo que ele faz no "Slides", embora ele o faça com mais "estilo". Mostrar-vos fotografias a pretexto de outras coisas, ou falar de outras coisas a pretexto das fotografias...
E se eu agora, à guisa de homenagem, vos propusesse fazer aqui uma brincadeira e juntar às minhas fotografias o texto de Richard Harris...? Um pequeno trecho, já se vê, porque eu não teria fotografias para todos os lugares que são evocados na música. A coisa até nem vem muito a despropósito, pois eu, últimamente, tenho andado por aqui à volta desta região.....
Daria qualquer coisa assim (têm de imaginar o barulho dos slides a entrar...):
"- Big Sur, California.
- An old spanish mission
- Carmel, California. Those trees seemed frozen against the landscape. They remind me of a book I once heard of called "The Cypresses Believe in God"..."
Aquele cipreste muito bonitinho que se vê bem no meio de uma rocha é uma das árvores mais bem protegidas da California. Tem direito a nome e tudo.... Chama-se "Lone Cypress" e é um ícone desta região, um dos seus objectos mais fotografados.
Fica em "Peeble Beach", mesmo ao lado do sítio onde Hithcock filmou aquele magnífico beijo entre Scottie e Madeleine no Vertigo, com a onda a explodir como pano de fundo...
Palpita-me que não me irei daqui embora sem voltar a "Slides", um destes dias...
Colaboração de Luis Mira
4 comentários:
slides é um dos "discos da minha vida"... o Luis Titá pediu-me para passar do vinil para cd, o que fiz, mas felizmente, anos mais tarde, "desencantou" a versao em cd... nao me canso de o ouvir.
jpa
Deveria ser um dos discos da vida de muita gente. Não é. Sempre dado a exageros dirá: ainda bem.
A quantidade vulgariza os gostos
O resto é "Murganheira" gelado - desculpa lá JC, é um atentado mas ele gosta assim - um charuto, um por de sol, "a beautiful indian girl"
Infelizmente não tenho o disco, Gin-Tonic. Só tenho o "A Tramp Shining" com temas do Jim Webb. Quanto ao Murganheira, oh, homem, se te dá prazer!... Devo dizer-te que nem sou um grande apreciador de espumantes (nem mesmo dos da região de Champagne).
Belo texto, Luís, ou antes, belo conselho de voltar a ouvir "Slides".
E não é que, ao voltar a "Slides", descobri novos sons e imagens...
Pela minha parte, aconselho também a audição do LP "The Yard Went on Forever...". Todas as canções são do transcendente Jimmy Webb - também toca o piano e produz o disco -, e na percussão impõe-se o lendário Hal Blaine. E a capa? De antologia...
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