Eu não sei muitas coisas, é verdade, àcerca da cidadezinha de Salinas, situada no Monterey County, na California.
Era para um fim-de-semana de corridas de automóveis em Salinas que James Dean se dirigia, naquele fatídico fim de tarde de Setembro de 1955, de que já aqui vos contei.
Foi, também, "somewhere near Salinas, Lord" que Bobby McGee foi deixada "slip away", "looking for the love" todos nós esperamos que ela tenha encontrado...
Mas foi, sobretudo, nas obras de John Steinbeck que fui encontrando mais referências a esse lugar. E deu para perceber que se tratava de um importante centro agrícola, um dos principais de todos os Estados Unidos no que respeita à produção de frutas, legumes e outros produtos hortícolas afins. E também terra de vinhas, porque bebi um excelente "Pinot Noir" proveniente do vale de Salinas!
Muitas das primeiras obras de Steinbeck se situam em Salinas ou em lugarejos muito perto, mas talvez a mais marcante, nesse aspecto, seja "East of Eden".
Se não leram o livro, certamente viram o filme que Elia Kazan realizou em 1954, primeiro filme do tal rapaz de Indiana de que acima vos falei. E recordam-se, certamente, que o pai de Cal (Dean, no filme) tinha ficado na penúria porque a sua genial ideia de enviar alfaces para Nova York por comboio, conservadas em gelo, tinha saído furada pelo simples facto do avanço do comboio ter sido retido por uma tempestade. A àgua a jorrar das carruagens do comboio é, aliás, uma das imagens fortes do filme.
Para impôr a sua imagem de empreendedor e poder compensar o seu pai por essa perda, o jovem Cal dedica-se à plantação de feijões. Nunca achei demasiada graça à interpretação de Dean nesse filme (nem, em boa verdade, nos outros dois...), demasiado "Acto's Studio" para o meu gosto. Lee Strasberg não irá dar voltas no túmulo por um comentário destes de um gajo como eu, mas acho que esse estilo de representação dos primeiros filmes de Brando, Newman e tantos outros é uma das coisas mais datadas que hoje poderemos encontrar no cinema americano dos anos 50. Admitido que tenha sido importante, na altura, mas hoje é, para mim, dificilmente suportável...
Mas, voltando a Dean e a "East of Eden", sempre achei graça ao sorriso que ele punha no rosto quando contava aos outros o segredo do seu negócio: Beans!!!
Era para um fim-de-semana de corridas de automóveis em Salinas que James Dean se dirigia, naquele fatídico fim de tarde de Setembro de 1955, de que já aqui vos contei.
Foi, também, "somewhere near Salinas, Lord" que Bobby McGee foi deixada "slip away", "looking for the love" todos nós esperamos que ela tenha encontrado...
Mas foi, sobretudo, nas obras de John Steinbeck que fui encontrando mais referências a esse lugar. E deu para perceber que se tratava de um importante centro agrícola, um dos principais de todos os Estados Unidos no que respeita à produção de frutas, legumes e outros produtos hortícolas afins. E também terra de vinhas, porque bebi um excelente "Pinot Noir" proveniente do vale de Salinas!
Muitas das primeiras obras de Steinbeck se situam em Salinas ou em lugarejos muito perto, mas talvez a mais marcante, nesse aspecto, seja "East of Eden".
Se não leram o livro, certamente viram o filme que Elia Kazan realizou em 1954, primeiro filme do tal rapaz de Indiana de que acima vos falei. E recordam-se, certamente, que o pai de Cal (Dean, no filme) tinha ficado na penúria porque a sua genial ideia de enviar alfaces para Nova York por comboio, conservadas em gelo, tinha saído furada pelo simples facto do avanço do comboio ter sido retido por uma tempestade. A àgua a jorrar das carruagens do comboio é, aliás, uma das imagens fortes do filme.
Para impôr a sua imagem de empreendedor e poder compensar o seu pai por essa perda, o jovem Cal dedica-se à plantação de feijões. Nunca achei demasiada graça à interpretação de Dean nesse filme (nem, em boa verdade, nos outros dois...), demasiado "Acto's Studio" para o meu gosto. Lee Strasberg não irá dar voltas no túmulo por um comentário destes de um gajo como eu, mas acho que esse estilo de representação dos primeiros filmes de Brando, Newman e tantos outros é uma das coisas mais datadas que hoje poderemos encontrar no cinema americano dos anos 50. Admitido que tenha sido importante, na altura, mas hoje é, para mim, dificilmente suportável...
Mas, voltando a Dean e a "East of Eden", sempre achei graça ao sorriso que ele punha no rosto quando contava aos outros o segredo do seu negócio: Beans!!!
Cal não teve sorte, e o seu puritano pai (excelente Raymond Massey!) atirou-lhe o dinheiro à cara, dizendo-lhe que jamais poderia aceitar tal coisa obtida à custa da especulação e da exploração dos pequenos propriétários rurais.
Mas estou aqui para vos falar de Steinbeck e não de Dean. E só me lembrei do filme para vos dizer que aquelas planícies sem fim que nele se vêm, carregadinhas de legumes, são a imagem de marca de Salinas.
John Steinbeck nasceu em Salinas, no início do século passado (1902) e aí viveu até aos 17 anos. Era oriundo de uma família de origem alemã, cujo nome era Grobsteinbeck, o qual, a exemplo de tantos outros de emigrantes, foi americanizado para Steinbeck.
A casa onde John Steinbeck nasceu tem uma história curiosa. Após muitos anos em poder da Diocese de Monterey, foi posta à venda no ínicio dos anos 70 e acabou por ser comprada por um grupo de senhoras da boa sociedade de Salinas, por $ 80.000, que a recuperou e aí instalou um pequeno restaurante destinado à divulgação da cozinha tradicional da região. Se quiserem comer um hamburger com ovo estrelado, não é a melhor solução... Mas se preferirem, como eu, uma boa tarte de espinafres, serão benvindos.
Essas senhoras formaram uma associação cívica, a Valey Guild, e todo o serviço do restaurante, da cozinha às mesas, é assegurado por voluntárias vestidas com os trajes da época.
John Steinbeck nasceu em Salinas, no início do século passado (1902) e aí viveu até aos 17 anos. Era oriundo de uma família de origem alemã, cujo nome era Grobsteinbeck, o qual, a exemplo de tantos outros de emigrantes, foi americanizado para Steinbeck.
A casa onde John Steinbeck nasceu tem uma história curiosa. Após muitos anos em poder da Diocese de Monterey, foi posta à venda no ínicio dos anos 70 e acabou por ser comprada por um grupo de senhoras da boa sociedade de Salinas, por $ 80.000, que a recuperou e aí instalou um pequeno restaurante destinado à divulgação da cozinha tradicional da região. Se quiserem comer um hamburger com ovo estrelado, não é a melhor solução... Mas se preferirem, como eu, uma boa tarte de espinafres, serão benvindos.
Essas senhoras formaram uma associação cívica, a Valey Guild, e todo o serviço do restaurante, da cozinha às mesas, é assegurado por voluntárias vestidas com os trajes da época.
É uma sensação estranha essa de almoçar na sala de jantar da Família Steinbeck, com o seu retrato de grupo na parede; ou visitar o quarto onde o jovem Steinbeck escreveu as suas primeiras obras ( "Red Poney","Tortilla Flat", ...).
Mas parece que Steinbeck nunca gostou muito de Salinas, e fugiu de lá logo que lhe foi possível. Percebe-se bem porquê: Salinas, a cidade, não tem nada de especial que se recomende. A Central Avenue, rica de casas em estilo victoriano, é bonita, tal como agradável é hoje a parte mais antiga da cidade, com os seus belíssimos cinemas e teatros dos anos 40, mas nada isso lá estava nos tempos de Steinbeck. Como também não estava o "The National Steinbeck Center", onde hoje é possível passear, com o auxílio das mais modernas técnicas da museologia, pelo interior das principais obras do nosso autor.
De facto, logo que pôde, Steinbeck pirou-se e foi viver para uma cabana de madeira em Monterey, a umas míseras 27 milhas da Salinas. Eu teria feito o mesmo...
Mas de Monterey, e de Steinbeck em Monterey, vos contarei numa próxima oportunidade...
Colaboração de Luís Mira
Mas parece que Steinbeck nunca gostou muito de Salinas, e fugiu de lá logo que lhe foi possível. Percebe-se bem porquê: Salinas, a cidade, não tem nada de especial que se recomende. A Central Avenue, rica de casas em estilo victoriano, é bonita, tal como agradável é hoje a parte mais antiga da cidade, com os seus belíssimos cinemas e teatros dos anos 40, mas nada isso lá estava nos tempos de Steinbeck. Como também não estava o "The National Steinbeck Center", onde hoje é possível passear, com o auxílio das mais modernas técnicas da museologia, pelo interior das principais obras do nosso autor.
De facto, logo que pôde, Steinbeck pirou-se e foi viver para uma cabana de madeira em Monterey, a umas míseras 27 milhas da Salinas. Eu teria feito o mesmo...
Mas de Monterey, e de Steinbeck em Monterey, vos contarei numa próxima oportunidade...
Colaboração de Luís Mira
1 comentário:
Finalmente, tive a disponibilidade necessária para ler este texto. Um prazer. Estou sempre a aprender com o Luís Mira.
E a propósito de americanização de "nomes imigrantes", lembrei-me que o apelido Spector, do lendário produtor-compositor agora condenado por homicídio, originalmente escrevia-se Spektor.
Isto, por que os pais de Phil Spector eram russos.
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