Pelo meio dia e trinta cerquei o quartel da GNR do Carmo. Foi bastante importante o apoio dado pela população no realizar destas operações, pois que além de me indicarem todos os locais que dominavam o Quartel e as portas de saída deste, abriram portas, varandas e acessos a telhados para que a nossa posição fosse mais dominante e eficaz. Também nesta altura começaram a surgir populares com alimentos e comida que distribuiram pelos soldados.
Pouco depois, populares vieram-me informar que estávamos a ser cercados por duas companhias da GNR e outra da polícia de choque. Como não tinham viaturas blindadas, não me preocupei com o assunto.
Posteriormente, fui informado de que o brigadeiro Junqueira dos Reis comandando viaturas blindadas e outra companhia do RI 1 se encontrava também a cercar as NT (Nossas Tropas).
Pelas 14H00, surgiu-me um sargento do RI 1 a dizer que o pessoal se encontrava disposto a passar para o nosso lado. Respondi-lhe que poderiam vir e indiquei-lhe o caminho. O pessoal do RI 1 pôs a arma em bandoleira, misturou-se com a população e passou-se para o nosso lado.
Para complicar mais a situação das tropas fiéis ao Governo surgiu um esquadrão do RC 3 comandado pelo capitão de Cavalaria Ferreira que cercou o que restava das tropas do brigadeiro Junqueira dos Reis.
Entretanto, recebi ordem para obrigar à rendição do Quartel do Carmo. A ordem foi escrita pelo Exmo Major Otelo Saraiva de Carvalho e transportada pelo capitão de Artilharia Rosado da Luz e dizia:
SALGUEIRO MAIA:
Tentámos fazer um ultimatum ao QG/GNR para entrega do Presidente do Conselho sem grandes resultados. Os tipos desligam o telefone ou retardam a chamada, dizendo que vão ver se as pessoas estão.
Com o megafone, tenta entrar em comunicações e fazer um aviso-ultimato para a rendição. Eu já ameacei o coronel Ferrari, mas ele parece não ter acreditado.
Com auto-metralhadora rebenta a fechadura do portão, para verem que é a sério. Julgo que não reagirão. Felicidades. Um abraço.
OTELO
Pelas 15H10, com megafone, solicitei a rendição do Carmo em 10 minutos. Como não fui atendido, passados que foram 15 minutos ordenei ao tenente de Cavalaria Santos Silva para fazer uma rajada da torre da chaimite que comandava sobre as mais altas janelas do Quartel do Carmo.
Depois das rajadas, solicitei a rendição do Quartel, mas como surgiu junto a mim o Exmo coronel de Cavalaria Abrantes da Silva, solicitei ao mesmo que fosse ao Quartel do Carmo dialogar, para que quem lá estava não pensasse que a guerra era feita por um simples capitão.
Quando o referido oficial entrou no Quartel, ficou junto a nós um major da GNR como refém.
Como as negociações demorassem e a ordem para a rendição era imperativa passados que foram 15 minutos ordenei nova abertura de fogo só com armas automáticas sobre a frontaria do Quartel.
Continuavam sem responder às minhas solicitações de rendição. Quando já tinha perdido as esperanças de resolver o problema sem utilização de armas pesadas, surgiram dois civis com credencial de Sua Exª o General António Spínola que entraram no Quartel para dialogar com o Presidente do Conselho.
Demoraram cerca de 15 minutos e saíram dizendo-me que se tinham de deslocar à residência do referido oficial General. Face à situação, ordenei ao tenenete de Cavalaria Assunção para se deslocar no meu jeep e transportar os referidos civis. Entretanto, desloquei-me ao Quartel onde verifiquei que a disposição do pessoal era de se render.
Falei cerca de 15 minutos com o General Comandante do QG da GNR e outros Oficiais superiores. Pedi audiência ao Prof. Marcello Caetano no que fui atendido. A conversa decorreu a sós e com grande dignidade. Nela, o Professor Caetano solicitou que um oficial General fosse receber a transmissão de poderes para que o Governo não caísse na rua.
Pelas 18H00 chegou ao Quartel do Carmo Sua Exª o General António de Spínola acompanhado pelo tenente de Cavalaria Dias de Lima.
Pouco depois, populares vieram-me informar que estávamos a ser cercados por duas companhias da GNR e outra da polícia de choque. Como não tinham viaturas blindadas, não me preocupei com o assunto.
Posteriormente, fui informado de que o brigadeiro Junqueira dos Reis comandando viaturas blindadas e outra companhia do RI 1 se encontrava também a cercar as NT (Nossas Tropas).
Pelas 14H00, surgiu-me um sargento do RI 1 a dizer que o pessoal se encontrava disposto a passar para o nosso lado. Respondi-lhe que poderiam vir e indiquei-lhe o caminho. O pessoal do RI 1 pôs a arma em bandoleira, misturou-se com a população e passou-se para o nosso lado.
Para complicar mais a situação das tropas fiéis ao Governo surgiu um esquadrão do RC 3 comandado pelo capitão de Cavalaria Ferreira que cercou o que restava das tropas do brigadeiro Junqueira dos Reis.
Entretanto, recebi ordem para obrigar à rendição do Quartel do Carmo. A ordem foi escrita pelo Exmo Major Otelo Saraiva de Carvalho e transportada pelo capitão de Artilharia Rosado da Luz e dizia:
SALGUEIRO MAIA:
Tentámos fazer um ultimatum ao QG/GNR para entrega do Presidente do Conselho sem grandes resultados. Os tipos desligam o telefone ou retardam a chamada, dizendo que vão ver se as pessoas estão.
Com o megafone, tenta entrar em comunicações e fazer um aviso-ultimato para a rendição. Eu já ameacei o coronel Ferrari, mas ele parece não ter acreditado.
Com auto-metralhadora rebenta a fechadura do portão, para verem que é a sério. Julgo que não reagirão. Felicidades. Um abraço.
OTELO
Pelas 15H10, com megafone, solicitei a rendição do Carmo em 10 minutos. Como não fui atendido, passados que foram 15 minutos ordenei ao tenente de Cavalaria Santos Silva para fazer uma rajada da torre da chaimite que comandava sobre as mais altas janelas do Quartel do Carmo.
Depois das rajadas, solicitei a rendição do Quartel, mas como surgiu junto a mim o Exmo coronel de Cavalaria Abrantes da Silva, solicitei ao mesmo que fosse ao Quartel do Carmo dialogar, para que quem lá estava não pensasse que a guerra era feita por um simples capitão.
Quando o referido oficial entrou no Quartel, ficou junto a nós um major da GNR como refém.
Como as negociações demorassem e a ordem para a rendição era imperativa passados que foram 15 minutos ordenei nova abertura de fogo só com armas automáticas sobre a frontaria do Quartel.
Continuavam sem responder às minhas solicitações de rendição. Quando já tinha perdido as esperanças de resolver o problema sem utilização de armas pesadas, surgiram dois civis com credencial de Sua Exª o General António Spínola que entraram no Quartel para dialogar com o Presidente do Conselho.
Demoraram cerca de 15 minutos e saíram dizendo-me que se tinham de deslocar à residência do referido oficial General. Face à situação, ordenei ao tenenete de Cavalaria Assunção para se deslocar no meu jeep e transportar os referidos civis. Entretanto, desloquei-me ao Quartel onde verifiquei que a disposição do pessoal era de se render.
Falei cerca de 15 minutos com o General Comandante do QG da GNR e outros Oficiais superiores. Pedi audiência ao Prof. Marcello Caetano no que fui atendido. A conversa decorreu a sós e com grande dignidade. Nela, o Professor Caetano solicitou que um oficial General fosse receber a transmissão de poderes para que o Governo não caísse na rua.
Pelas 18H00 chegou ao Quartel do Carmo Sua Exª o General António de Spínola acompanhado pelo tenente de Cavalaria Dias de Lima.
Pelas 19H00 levantámos cerco ao Carmo para nos dirigirmos ao Quartel da Pontinha, tendo ficado na zona somente as forças do RI 1.
O Professor Caetano e os outros elementos do Governo foram conduzidos na auto-metralhadora chaimite "Bula" que, ao mesmo tempo, deu escolta à viatura civil onde se deslocava o General Spínola também em direcção à Pontinha.
FERNANDO JOSÉ SALGUEIRO MAIA
O Professor Caetano e os outros elementos do Governo foram conduzidos na auto-metralhadora chaimite "Bula" que, ao mesmo tempo, deu escolta à viatura civil onde se deslocava o General Spínola também em direcção à Pontinha.
FERNANDO JOSÉ SALGUEIRO MAIA
CAP. CAVª
3 comentários:
Inteligente fecho do dia com o relatório do grande salgueiro maia. Parabéns!
parabéns, belíssimo trabalho...
VIVA O 25 de ABRIL!
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