sexta-feira, 17 de abril de 2009

40 ANOS DA CRISE ACADÉMICA DE COIMBRA


E como os portugueses souberam da crise académica de 69?

Acreditem que é verdade!

Como se pode observar pela imagem junta, os portugueses foram informados dos acontecimentos de 17 de Abril em Coimbra por um lacónico comunicado do Ministério da Educação, de José Hermano Saraiva, seis dias depois (!!!!), comunicado que foi publicado discretamente nas páginas interiores.

Diz o comunicado:

Durante a inaguração do novo edifício da secção de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, um grupo de alunos daquela Universidade comportou-se sem a consideração devida ao venerando Chefe do Estado que, com a sua presença, se dignou honrar a referida cerimónia inaugural.

As autoridades académicas ordenaram já a suspensão dos alunos directamente responsáveis por tais factos e, pelas autoridades competentes, foi instaurado processo criminal pela infracção prevista e punida no artº 166º do Código Penal.

21 comentários:

Anónimo disse...

Ouvi no noticiário da TSF uma referência à efeméride tendo como som de fundo «Revolution» dos Beatles :-)

josé disse...

O Revolution dos Beatles tem uma letra interessante e que destoa do título. Diz em determinada altura que é preciso ver o plano dos revolucionários...e continua, dizendo que se o assunto for "destruction", então que "you can count me out".

Anti-revolucionário, claro.

O regime de Salazar/Caetano era de ditadura, tal como o de Franco.
Uma ditadura tem necessariamente censura e repressão política.

Quem combatia mais aguerridamente o regime de Salazar/ Caetano o que pretendia em sua substituição?

Queria outro regime que necessariamente implicava nova censura e nova repressão.
MRPP, PCP e grupelhos de extrema-esquerda, era isso que diziam querer?

O MDP-CDE juntou-se a quem?

E o PS existia porventura? Mário Soares não foi comunista?

A Espanha evoluiu de uma ditadura para uma democracia, mas não teve um PCE como o PCP. E foi isso que a salvou do desastre que tivemos em 75 e por muitos e longos anos que ainda estamos a pagar.

JC disse...

Não foi isso, não, José. Já lhe expliquei aqui uma vez que a diferença se chamou, fundamentalmente, guerra colonial, o que excluía qualquer hipótese de evolução democrática semelhante à de Espanha. Quando falo em guerra colonial, falo tb nas diferenças entre os modelos económicos dos dois países que as colónias enquadravam. O modelo económico que está na base da transição democrática espanhola vem já da fase final do franquismo, dos anos 60, e exprimiu-se politicamente através dos últimos governos, ditos tecnocráticos, do General Franco. Caetano tentou algo de semelhante, mas a correlação de forças, pelas razões que apontei, não lhe foi favorável.
Existem, claro, tb razões históricas mais antigas: a Espanha sempre foi uma potência continental europeia, ao passo que Portugal, uma das nacionalidades ibéricas, trocou a manutenção da sua independência pelo proteccionismo britânico (foi, de facto, durante uma boa parte da sua História pouco mais do que um pretectorado), tornando-se uma sub-potência marítima do Império Britânico, tradicional rival das potências continentais, Espanha e França. isso terá marcado o seu subdesenvolvimento e o facto de ter tido necessidade de mantaer o seu império até quase ao final do século XX.
Ah, acresce que a Espanha tem um rei, visto como independente e, de facto, o único símbolo de unidade do estado plurinacional que é a Espanha, que, nessa conjuntura e ajudado por uma correlação de forças favorável, soube liderar o processo com habilidade e algumas sacanices à mistura. Quando os portugueses tendem a comparar Portugal com Espanha raramente se apercebem de que se tratam de duas realidades tão diferentes.
Cumprimentos e espero tenha ficado esclarecido

Karocha disse...

Eu fiquei
Obrigada JC :-)

Rato disse...

Olá José
Politiquices à parte, quero apenas falar sobre música (que é isso que realmente me interessa), nomeadamente sobre o tema "Revolution", dos Beatles.
Recordo aqui o que escrevi quando das comemorações do "Album Branco", o ano passado:
E ao “Verão do Amor” de 67 seguiu-se a “Primavera da Revolução”. Em Março de 68 uma enorme manifestação teve lugar em Londres, frente à embaixada dos Estados Unidos, em Grosvenor Square, que terminou em violentos confrontos entre a polícia e os manifestantes. Dois meses depois foi o “Maio de 68” que eclodiu em Paris. John Lennon assistiu a todos esses acontecimentos pela televisão e resolveu também “participar”. Escreveu “Revolution” em casa, em Weybridge. Não era, longe disso, uma canção escrita por um revolucionário, apesar de Lennon ser o mais politizado dos Beatles e com ideias marcadamente de esquerda. Tratou-se antes de uma resposta de alguém a quem os grupos de jovens marxistas, leninistas ou trotskystas exigiam, constantemente, uma tomada de posição inequívoca. Para John a verdadeira revolução não passava pelos actos de violência de rua mas sim pela alteração das mentalidades.
A 1ª versão que foi gravada foi esta, mais lenta, e onde aparece o verso “Don’t you know you can count me out...in”, como que existisse ainda uma hesitação no espírito de Lennon sobre o caminho a seguir. Já na 2ª versão, mais rápida, e editada no lado B de “Hey Jude”, o verso é expurgado das reticências finais. Foi o suficiente para que a revista Time, triunfantemente, consagrasse um artigo inteiro à canção, dizendo que ela “criticava todos os extremismos do mundo”. Seguiu-se uma série de correspondência entre Lennon e os autores do artigo sobre o tema “violência e revolução” que, evidentemente, originaram vendas astronómicas da revista. John gravou a canção deitado no chão, com o microfone pendurado sobre a boca. Mais uma vez a duração total da canção (cerca de 10 minutos) teve de ser encurtada para a sua inclusão no album.

josé disse...

Rato:

Li uma crónica na Rock & Folk de Abril de 1970, sobre o disco em Lp editado nessa altura, como uma espécie de best of ( contém ainda Hey Jude e Paperback writer, além de outras). O tema Revolution é indicado como sendo mais "rock" e diferente do do álbum branco que o crítico da revista considera meloso.

Não me tinha dado conta disso e vou procurar o tal Lp.

Quanto ao JC: também aceito a diferente perspectiva histórica, derivada das dissemelhanças entre Portugal e Espanha de então.

Mas uma coisa é certa: o PCP não era o eurocomunista PCE.

E foi essa toda a diferença.

O PCE tal como o PCF e o PCI desapareceram de cena. O PCP ainda por cá canta.

E o Ruben de Carvalho, ainda ontem dava entrevista à Sábado por ter sido o seu crítico mistério em gastronomia durante meses. Afiançou que faz 400 km( ida e volta) de propósito para ir à MEalhada comer leitão.
Eu não faço de propósito, mas nunca falho quando lá passo...

paulo disse...

Ao Anónimo das 10:08, eu também ouvi, hoje, um spot sobre a efeméride, com o Revolution dos Beatles, mas foi na Antena1, a da Eduarda Menina d'Oiro.

JC disse...

Claro, José, que o PCP não era o eurocomunista PCE. Exactamente, em grande parte, por tudo aquilo que lhe expliquei: Portugal não era Espanha. E isso é que fez toda a diferença. Repare em mais uma coisa: durante a Guerra de espanha, nunca a esquerda foi hegemonizada pelo PCP, ao contrário do que aconteceu em Portugal durante os anos de oposição à ditadura. Anarquistas e anarco-sindicalistas, socialistas mais ou menos radicais (O PSOE tem uma origem operária, ao contrário do PS que vem do republicanismo burguês) sempre tiveram um enorme peso, o que, por si só, já marca uma diferença e forçou o PCE a uma posição, digamos, mais moderada. Acresce que a sua importância nos grandes centros operários da Catalunha e País Basco, onde o nacionalismo sempre imperou (não estou bem certo, mas a excepção talvez tenha sido a região mineira das Astúrias), nunca foi mtº grande. Existem causas para as coisas, caro José, e é importante pensar nelas antes de fazer afirmações definitivas. Por mtº que isso lhe doa, a responsabilidade do chamado PREC (que, já agora, teve mtº de negativo mas tb mtº de positivo) é mais atribuível à ditadura de Salazar do que ao PCP, que, mau grado as minhas poucas simpatias, não pode ser elevado à categoria de "besta negra".

JC disse...

Na referência à Guerra de Espanha queria dizer PCE e não PCP, como é óbvio.

josé disse...

A responsabilidade pelo PREC é do Salazar?

Vamos lá a ver: quem correu com o Spínola e arrranjou uma caldeirada de presos com pides na grelha, na noite de 28 de Setembro de 1974?

FOi o fantasma de Salazar?

Ou um fantasminha brincalhão, a cantar bu! Bu!

josé disse...

Além disso, o que é que o PREC teve mesmo de positivo?

As nacionalizações das empresas portuguesas mais competitivas? Da banca e seguros, para as terem de entregar passada uma dúzia de anos quase aos mesmos, permitindo o aparecimento de tipos como os amigos do Dias Loureiro e de coisas como o BPN?

JC disse...

1.Quem correu c/ o Spínola? Ele próprio, c/ a sua inabilidade política. Desde o início da revolução, desde 25 de Abril, que Spínola era um corpo estranho, praticamente s/ apoio político relevante e c/ apoio militar restrito aos seus fiéis do 16 de Março. Lembraria a alguém - e isto é só um exemplo -propor Raul Rego para 1º ministro? Ou mesmo o Palma Carlos, que veio a assumir as funções? E depois andar por aí, de quartel em quartel, a fazer discursos bonapartistas e caudilhistas? Maior falta de senso só de encomenda...
2. Quando falo da responsabilidade do PREC falo da "ditadura de Salazar" e não de Salazar. E digo "foi mais da responsabilidade" e não que foi apenas ela a responsável.Foi o beco a que ela conduziu o país que levou ao PREC. Que tal ler c/ atenção?
3. De positivo? Libertaram-se as mentes, os fantasmas, as pessoas exprimiram-se, falaram e deliberaram livremente, pela 1ª vez nas suas vidas algumas foram felizes,deitaram fora a tralha conservadora, deitaram cá para fora ódios e amores recalcados e sublimados. No fundo, assumiram-se! Só quem não sabe o que era Portugal! Que teve de positivo, do seu ponto de vista, o Maio de 68, o movimento hippie, a libertação de Paris em 45, etc, etc? Até a revolução soviética de 17? O 25 de Abril foi tudo isso junto, com as facetas negativas de todos eles bastante aligeiradas, diga-se. Claro que concordo que a nacionalização daquela parte mais competitiva do tecido empresarial foi negativa. Mas não só as ideias dominantes eram outras (p. ex.o programa comum da democrática esqª francesa continha um conjunto de nacionalizações substancial; a democrática Austria tinha na altura um sector público enorme), como foram resultado de não ter sido possível efectuar a tal transição "à espanhola", pelos motivos que já expliquei.
4. Os amigos de Dias Loureiro? Então e Dias Loureiro? É alguma virgem vestal?

ié-ié disse...

De acordo contigo, JC, mas relevo um pouco mais o papel de Spínola.

Spínola foi tudo o que descreveste, mas se não fôra ele a ser empurrado para a cabeça do touro logo às primeiras horas do 25 de Abril, não sei como seria...

História é História e não vale a pena fazer confabulações, mas não terá sido inocentemente que os capitães, mesmo preferindo Costa Gomes, tivessem optado, logo à cabeça, por Spínola.

Para a consolidação do movimento, terá sido muito importante a presença do general do monóculo. Depois... bom, já a coisa estava ganha.

Ah! E eu, enquanto militar, assisti a um desses discursos patéticos de Spínola na EPI, em Mafra.

LT

JC disse...

1.Mas reza a História, LT, que foi Marcelo Caetano, no Carmo, que chamou Spínola para lhe entregar o poder, evitando, assim, "que este caísse na rua" (sic). Os capitães conformaram-se. Mas não me custa nada admitir que s/ ele, no início, as coisas pudessem ter sido bem mais complicadas.
E toca a ganhar aos "andrades", apesar de isso ser quase como um crime de parrícidio...
Abraço

ié-ié disse...

Ah! Ah! Tiveste graça, mas não me atinges! Claro que vamos ganhar ao Porto! Se até o manchester ganha!

LT

josé disse...

Percebo bem a distinção entre ditadura de Salazar e Salazar. Porque a ditadura continuou com Caetano e era esse o problema.

Li o livro conversas com Marcelo Caetano que Alçada Batista então publicou ( e que lhe valeu o ostracismo da esquerda bem pensante) e percebo o problema e o dilema de Marcelo.

Mas quero frisar que o descalabro do PREC ocorreu por causa do PCP e da extrema-esquerda de então, com grande apoio popular nos sectores dos media e da classe média baixa que era uma multidão,então( e agora).

Até Setembro de 1974 a Esquerda tomou as rédeas do poder. O Spínola poderia ser um inábil,mas não era menos do que Vasco Gonçalve e este serviu como PM logo a seguir e durante todo o PREC.

A Direita desapareceu em Setembro de 74. Aliás, a Direita em Portugal nunca existiu, como Eduardo Lourenço já referiu a propósito do fascismo e de igual modo irónico.
A não ser que se entenda como Direita o Soares Martinez ou o Franco Nogueira.

Portanto, o meu ponto de vista continua a ser este:
Era possível outra coisa, em 1974 e evitar os malefícios do PREC.

Quanto aos benefícios e à tal festa, pois compreendo muito bem. FOi uma festa para alguns, mas a factura é paga por todos.
E era possível fazer outra festa.

filhote disse...

Crise académica que se estendeu ao Jamor, naquela saudosa final Académica-Benfica (1-2)em que Eusébio da Silva Ferreira marcou o golo da vitória.

ié-ié disse...

Já lá iremos, já lá iremos!

LT

JC disse...

E, se estou lembrado, de cabeça. Coisa rara.

filhote disse...

JC, foi de cabeça, sim senhor!

Anónimo disse...

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