Fui incorporado no serviço militar obrigatório no dia 22 de Abril de 1974, uma segunda-feira, na Escola Prática de Infantaria (EPI), em Mafra.
Um dos piores dias da minha vida!
Três dias depois, às primeiras horas do dia 25 de Abril, a notícia começou a circular na caserna de Mafra: "Há Revolução em Lisboa!".
A nossa primeira reacção, maçaricos como éramos, foi imediata: "O que estes gajos querem é lixar-nos já o fim de semana"".
Às 07H00 formámos na parada e um aspirante, com ar solene, anuncia-nos pomposamente:
"Tenho a honra de vos comunicar que o Movimento das Forças Armadas desencadeou esta madrugada operações militares com o objectivo de derrubar o governo. O Movimento foi vitorioso".
Afinal, as bocas não eram bocas e ninguém nos queria lixar logo o primeiro fim de semana de tropa.
Da Tapada da Ajuda regressavam os camaradas do 2º ciclo que estavam em instrução de final de curso. Foram mobilizados para Lisboa. As viaturas militares que tinham aderido ao MFA ostentavam bem visível no vidro da frente o código identificativo: um quadrado vermelho feito com as fitas da Dymo.
A EPI tinha aderido ao MFA desde o primeiro momento e a movimentação nocturna de tropas no convento era, para nós, do 1º ciclo, um mistério completo.
Antes do recolher, à noite, era frequente ver nos corredores do rés-do-chão de Mafra pelotões formados com capacete de guerra e tudo, mas, para nós, tudo era novidade e de nada suspeitávamos.
Maçaricos como éramos... fomos dispensados de tudo e deixaram-nos gozar a Revolução no fim de semana em Lisboa.
E no dia 29, lá estávamos, de novo, em Mafra, para outro tipo de guerras...
Um dos piores dias da minha vida!
Três dias depois, às primeiras horas do dia 25 de Abril, a notícia começou a circular na caserna de Mafra: "Há Revolução em Lisboa!".
A nossa primeira reacção, maçaricos como éramos, foi imediata: "O que estes gajos querem é lixar-nos já o fim de semana"".
Às 07H00 formámos na parada e um aspirante, com ar solene, anuncia-nos pomposamente:
"Tenho a honra de vos comunicar que o Movimento das Forças Armadas desencadeou esta madrugada operações militares com o objectivo de derrubar o governo. O Movimento foi vitorioso".
Afinal, as bocas não eram bocas e ninguém nos queria lixar logo o primeiro fim de semana de tropa.
Da Tapada da Ajuda regressavam os camaradas do 2º ciclo que estavam em instrução de final de curso. Foram mobilizados para Lisboa. As viaturas militares que tinham aderido ao MFA ostentavam bem visível no vidro da frente o código identificativo: um quadrado vermelho feito com as fitas da Dymo.
A EPI tinha aderido ao MFA desde o primeiro momento e a movimentação nocturna de tropas no convento era, para nós, do 1º ciclo, um mistério completo.
Antes do recolher, à noite, era frequente ver nos corredores do rés-do-chão de Mafra pelotões formados com capacete de guerra e tudo, mas, para nós, tudo era novidade e de nada suspeitávamos.
Maçaricos como éramos... fomos dispensados de tudo e deixaram-nos gozar a Revolução no fim de semana em Lisboa.
E no dia 29, lá estávamos, de novo, em Mafra, para outro tipo de guerras...
16 comentários:
Então e quanto tempo "cumpriste"?
Eu ainda fui mais felizardo, pois nem cheguei a entrar. Na altura estava em situação de adiamento e assim fiquei... até hoje!
OLÁ MALTA DA MÚSICA ....e só
Realmente tem uma certa piada recordar estes episódios referentes ao 25 de Abril e permitam-me que lhes conte o meu.
Trabalhei na Tap 41 anos (até me reformar )no sector Load-Control (uma coisa ligada ás operações de voo)diga-se de passagem que é com muito orgulho que digo que fôram os melhoresa anos da minha vida,pois como toda a gente sabe a TAP debaixo da orientação do Eng,VAZ Pinto (este era mesmo engenheiro!!)devia ser das poucas coisas que funcionava bem nesta terra.
Mas vamos á historia!!!
Estava de serviço na noite de 24 para 25 de Abril de 1974 e cerca das 03.00h olho lá para fora e vejo três jeeps (julgo que é assim que se escreve)com canhão sem recuo apontados ao edificio do Aeroporto.
Claro que fômos logo para o hall principal para ver o que é que se passava,e deparámos com a seguinte cena:
Meia dúzia de sugeitos com ar de revolucionários cubanos com canuflados e tudo,a policia do Aeroporto (aqueles tipos de castanho) desarmada,e claro os sujeitos da policia de fronteiras (PIDE)com um ar muito enfiado.
Na minha total inconsciência virei-me para um dos "herois" e perguntei:
O que é que se passa???
O sujeito com um ar impertigado olhou-me cima a baixo e respondeu:
Houve uma revolução e o governo caiu.!!
Eu sorri-me e como a situação era anedótica pois sejamos sinceros,tal situação nunca nos passaria pela cabeça apesar ce claro!...muito desejada.
Respondi totalmente ncrédulo:
Uma Revolução??? Boa piada!!!
O tipo olhou para mim,não respondeu mas eu pude ler-lhe o pensamento:
Este gajo deve ser parvo!!!
Hoje em dia passados 35 anos cheguei á conclusão que não era tão parvo como isso.
Enfim ,ficámos aguardando ordens da Aministração para saber se haviamos de ir para casa,(pois o Aeroporto estava fechado)quando cerca das 06.00h o Controlador que estava connosco,recebeu um telefonema de um director (totalmente afecto á situação politica anterior)que vinha comunicar que ESTAVA COM O PESSOAL e que podiamos ir para casa aconselhabdo que ouvissemos as informações na rádio.
Claro que houve uma gargalhada geral e eu pensei com os meus botões:
ORA AÍ ESTÁ,TEMOS REVOLUÇÃO!!!
Mais tarde este senhor filiou-se na UEC (muito á esquerda da esquerda!!)....
O seu nome não interessa,pois até já morreu (era sobrinho do Pinheiro de Azevedo)mas neste momento deve estar lá em cima em grandes patuscadas com o Marcelo o Tomás e o VELHO e a rir-se disto tudo cá em baixo!!!!
Desculpem este "lençol"mas é giro relembrar estas coisas .
Se quizerem,podem-me chamar "reaccionário"(palavra tão em voga naquela altura para tentava ofender todos aqueles que se sentiram enganados numa esperança que lhes criaram mas que só serviu até aos dias de hoje para encher os bolsos de alguns (não tão poucos como isso)e a desgraça da maioria....está-se a ver!!! e a sentir!!!
Lá para Outubro Novembro a gente tira a prova dos nove.
CHAU!!!!
Ó LT, ainda eras Maçarico, pá!!!
por curiosidade entrei para a tropa também no dia 22 de abril, mas de 1969!!!!
não tive a sorte do LT e estive lá até junho de 1972(cerca de 39 meses!!!)!!!
já estava em casa, na peluda como se dizia na altura, e ainda tive de lá ir mais 3 semanas, que os gajos tinham-se enganado a fazer as contas e mandaram-me embora mais cedo!!!!
felizmente não fui ao ultramar, mas conheci alguns que foram e já não voltaram!!!!
vitor martinez
Eu queria ver o que se passava, e disse que ia para o Liceu, eheheh!
Resultado não me deixaram sair de casa durante uma semana!!!
Ó Daniel, lá para Outubro ou Novembro, ganhe quem ganhar, as coisas vão continuar na mesma ou pior, não tenhamos ilusões.
A Nª. Srª. de Fátima já não faz milagres!!!
SCP
Passei à peluda no dia 10 de Fevereiro de 1976, caro Rato, contra a minha vontade.
"Meti o chico", sim senhor, mas não me aceitaram, pois fui julgado, condenado e amnistiado por causa do 25 de Novembro.
Estava mesmo a gostar de estar por dentro...
LT
LT, condenado porquê?
Longa história, companheiro! Fica para 25 de Novembro!
LT
Caro Anónimo
Pelos vistos não percebeste o que eu quiz dizer que lá para Outubro Novembro a gente tira a prova dos nove.
Nessa altura serão as eleições e claro que ganhe quem ganhe quem vai pagar a crise com "lingua de palmo" somos nós,pois isto já tocou no fundo há muito tempo.
Mas vai haver duas modalidades!!
Se estes gajos ganham outra vêz com maioria,lá continuaremos a ser explorados indecentemente com falinhas mansas e discursos da treta.
Se ganham qualquer dos outros,continusremos a ser explorados igualmente indecentemente ,mas pelo menos para se limparem,todas estas negociatas virão ao de cima.
Moral da historia,quem se lixa é sempre o mexilhão,mas pelo menos ficamos a saber mais qualquer coisa,o que claro não servirá para nada,pois dentro de pouco tempo estarão a fazer exactamente o mesmo.
Quanto á Nsa.Sra. de FÁTIMA,já era tempo de as pessoas perceberem que aquilo foi um O.V.N.I.
LT, fico à espera até 25 de Novembro.
Caro Daniel, fiquei esclarecido quanto a Outubro Novembro, mas veio-me à memória a segunda maioria do Cavaco, toda a gente falava mal do seu governo, e logo de seguida levámos com o gajo mais quatro anos, por isso digo muitas vezes, este povo tem aquilo que merece.
Quanto à Nª. Srª. de Fátima, estou perfeitamente a par da história! Abraço
Daniel, Daniel...
Grande Daniel... que bem que retrataste o acontecimento no 1º comentário.
Não há dúvida: deixámos uma "impressão", uma marca, pelos caminhos da história.
E que história...
Quanto à N.S.Fátima,(plenamente) de acordo contigo.
Há anos que estudo o "fenómeno".
Tenho muita literatura sobre o assunto, inclusivé, 2 livros da Fina D'Armada que estão esgotados, com os depoimentos das testemunhas dos Arquivos Formigão, ao tempo 1917/18.
Mas... "isto" são contas de outro rosário!!!
Camilo
Estão esgotados?
Também os tenho :-)
Karocha,
"FÁTIMA, O que se passou em 1917"
Livraria Bertrand, 1980.
411 páginas.
Consegui-o, por especial favor, nos armazéns do DL, era o único exemplar existente.
Penso que não foi reeditado.
Camilo
Não foram não e quem não os tenha, talvez vasculhar alfarrabistas!
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