terça-feira, 9 de dezembro de 2008

MADALENA IGLÉSIAS EM MOÇAMBIQUE


Madalena Iglésias num palco de Lourenço Marques em 1964.

Cortesia de Rato Records

2 comentários:

Rato disse...

A Madalena no palco e o Agente Implacável na tela!
Trata-se do saudoso Teatro Manuel Rodrigues, localizado na antiga 24 de Julho, e onde ocorriam as estreias dos melhores filmes da época. Estava apetrechado com um écran enorme onde, para grande júbilo nosso, passavam amiúde as versões em 70 mm e 6 bandas estereofónicas (assim rezava a publicidade) de grandes e espectaculares êxitos: "West Side Story", "Gone With The Wind", "Ben-Hur", "Grand Prix", "Fiddler On The Roof", entre tantos tantos outros.
O Teatro possuía também um enorme palco cénico, que o vocacionava para outros tipos de espectáculo, nomeadamente teatro e música. Não vi a Madalena mas assisti aos concertos do Duo Ouro Negro e do Conjunto Académico João Paulo. Ah, e muito importante, a que é hoje minha mulher, estreou-se no bailado nesse mesmo palco com apenas 9 anos de idade.
A porta que se vê na fotografia do lado direito dava acesso a um enorme café, de onde partia (logo à entrada, do lado direito) uma escada em dois lanços para o 1º andar. Aí funcionava um outro café, mais pequeno, e a entrada directa para o balcão do cinema. Era o acesso privilegiado por nós , putos, que ainda não tínhamos idade suficiente para assistir aos filmes de 17 anos (nessa altura a classificação etária resumia-se a três escalões: 6, 12 e 17 anos). A razão era por causa do porteiro que usualmente lá se encontrava de serviço, um velhote que se esquecia sempre de nos pedir a respectiva identificação etária.
Depois da independência o cinema passou a chamar-se Cine-África, mas hoje em dia acho que até já não funciona como cinema, pois entretanto foi uma das salas tomadas pela Igreja de Deus. O "espectáculo" portanto é outro...

Rato disse...

O "dono da bilheteira", conforme nós o chamávamos, era o Sr. Quintas, já falecido. Tinha sempre preparadas, com alguma antecedência, as plantas respeitantes às diversas sessões. As marcações fazia-as a caneta de feltro azul, depois de indicarmos os lugares preferidos. Mas outros lugares tinham sempre cruzes vermelhas que eram os que estavam "reservados". Não para entidades "oficiais" mas tão sómente para amigos e frequentadores assíduos (os meus próprios pais tinham sempre dois balcões reservados - as mesmas cadeiras - para as estreias, julgo que aos domingos à noite. Quando lá voltei, dezassete anos depois, a meio de uma tarde de semana - sem sessão portanto - abriram-me as portas, só para mim. Pude assim ir-me sentar nesses mesmos lugares e filmar de lá todo o interior da sala).
Ah, outra coisa: foi mesmo a seguir a este Teatro, numa Clínica Particular (ainda existente, creio) que eu nasci.