quinta-feira, 16 de outubro de 2008

PAUL ROBESON

Le Chant Du Monde LD – M- 8132

Old Man River – Le Canadien Errant - Oh, No, John – Kevin Barry - Didn’t My Lord Deliver Daniel - Les Bateliers De La Volga – Joe Hill – Loch Lomond – There’s A Man Going Round Taking Names – John Brown’s Body – No More – Les Quatre Generaux – My Curly Headed Baby

É talvez o disco que recorda como sendo o mais antigo da discoteca do Pai, excepção feita aos 78 rpm que se espatifaram todos.

Lembra-se dos tempos em que o Pai, de quando em vez, jantava em casa com amigos, jantares palavrosos e chegada a altura dos cafés e dos cigarros este disco ouvia-se, religiosamente.

Não participava desses jantares, mas noutra sala conseguia ouvi-lo e achava-o monótono, incompreensível, sem graça e que contrastava, flagrantemente, com os discos do Renato Carosone, da Caterina Valente e outros que rodavam lá por casa.

Anos mais tarde foi saber coisas e encontrou alguém que o dava como cantor, escritor, activista americano dos direitos políticos e civis, e citava-se Brecht: “Há homens que lutam umas horas e são bons. Há homens que lutam um ano e são melhores. Há homens que lutam muitos anos e são ainda melhores. Mas há os que lutam, toda uma vida: esses são os imprescindíveis".

Entendeu a religiosidade do Pai e dos amigos ao ouvi-lo cantar, percebeu também por que aqueles jantares eram longos e palavrosos. Sente hoje tudo isso e, de quando em vez, põe o disco a rodar e, às primeiras espiras, o Pai aparece-lhe, senta-se bonacheirão, sorridente, cigarro “Unic” nos dedos e dispara: “não há por aí um whiskynho?”.

Colaboração de Gin-Tonic

2 comentários:

filhote disse...

Caro Hugo, a citação de Brecht fez-me lembrar o Benfica. Mais concretamente o treinador Paulo Autuori. Contavam-me alguns ex-jogadores que também ele se usava dessas palavras nas suas prelecções. Estranhamente, elas não o motivaram a deixar obra na Luz. Uma pena.

Quanto ao disco, não o conheço. Presumo que seja bom...

jorge f disse...

não sou um conhecedor profundo do paul robeson mas o post original fez-me lembrar o meu pai...que saudades. ele ouvia também religiosamente(ele era ateu)este cantor sempre com uma lágrima de emoção. admirava a atitude dele,e curiosamente contava-me uma história que espero reproduzir sem grandes erros:
devido á caça ás bruxas no tempo do machartismo ele foi proibido de tocar em publico em território americano. desiludido deixou de cantar por largos anos e apenas cantava uma vez por ano no canadá ,perto da fronteira americana para os seus fiéis seguidores e admiradores que aí se deslocavam .
histórias do meu pai,que me tornaram naquilo que eu sou...