Onze cidadãos, entre os quais este escriba, foram hoje dos primeiros portugueses a assistir ao documentário de três horas de Martin Scorsese sobre George Harrison.
Para um fã como eu, não é fácil avaliar criteriosamente o trabalho de Scorsese, até porque não sou crítico de cinema nem tenho pretensões a tal.
Mas também não me parece que "Living In The Material World" seja um filme.
É sim um documentário apaixonado sobre o quiete Beatle que, afinal, não era assim tão quiete quanto isso.
Confesso que não consegui ver os primeiros momentos do filme, logo a seguir às primeiras imagens que são as de um sereno George Harrison no meio das flores. A emoção tomou conta de mim e as lágrimas inundaram-me a visão.
"Living In The Material World" é um trabalho jornalístico sério, com documentos da época e testemunhos de agora.
Intrigante é logo o primeiro testemunho de Dhani, filho de George, ao ao afirmar que "o pai estava por aí"...
Emocionantes são também os testemunhos de Ringo Starr e de Klaus Voorman, mais "frio" o de Paul McCartney, surpreendente o de Phil Spector, tenso o de Eric Clapton e Pattie Boyd, cuidadoso o de Yoko Ono.
Não creio que seja um "filme para todos", mas é certamente um bruá para quem goste minimamente dos Beatles e se interesse por aquilo que eles representaram (e representam) na cultura universal dos últimos 50 anos.
Pontos altos?
Arrisco alguns: uma versão alternativa fantástica de "All Things Must Pass", a confissão de Paul McCartney de que o refrão de guitarra de "And I Love Her" é de George Harrison, a imagem de George Harrison sobre a coesão dos Beatles: "Quantos Beatles são necessários para mudar uma lâmpada eléctrica? 4!" ou a de Paul McCartney segundo a qual os Beatles eram um quadrado com cada vértice de igual importância...
Mas não gostei de ver uma imagem da Cavern misturada com as de Hamburgo ou a de um top com "Yesterday" no primeiro lugar.
Obrigado, Martin Scorsese!
PS - o documentário não terá exibição comercial em Portugal, só mesmo na DOC Lisboa (22/23 de Outubro) e, depois, DVD...
LPA
4 comentários:
E com esta esclarecedora e emocionante crónica, torna-se desnecessária a minha dissertação pós 19 de Outubro...
... já estou em estágio para a próxima quarta-feira!
'tás enganado, filhote, a tua dissertação é que conta! a minha é "do mais...".
não me lixes, estou à espera dela...
LT
Ok, ok...
Vi pela 1ª vez o documentário, em Guimarães (Capital Europeia da Cultura 2012) nos dias 6 e 7 de Abril. Adorei, acho que mudei a partir aí.
E se me perguntarem qual é o meu Beatle favorito, respondo sem dúvida George Harrison. Não só pela sua música e pela sua obra, mas também pela pessoa que era, pela sua alma. Foi uma pessoa muito feliz. "Curtiu" bem a vida. Acho que todos gostávamos de ter essa sorte.
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