Por mera coincidência, diverti-me há muito pouco tempo a fazer um texto evocativo dos tempos em que lutava com os meus Amigos mais chegados a estas coisas da Música, para lhes impingir os meus gostos musicais.
Abreviando, era assim qualquer coisa como Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath e Ten Years After de um lado, e Tim Buckley, Tim Hardin, Tom Paxton e Tom Rush do outro, só para não sair da letra T…
David contra Golias, está bom de ver…
É claro que, ao longo dos tempos, muito mais atenção foi sendo dada aos primeiros, do que aos segundos.
Veja-se, como exemplo, o arquivo que está do lado direito deste blogue: Tim Buckley safa-se por ter um filho chamado Jeff, que também é Buckley…; Paxton sobrevive à custa da “música de crianças”…. Mas de Tim Hardin e de Tom Rush nada consta, embora eu me lembre muito bem que andou por aqui um EP meu deste último, dos seus primeiros tempos.
Mas o autor de “No Regrets” não conta para o totobola deste blogue e nem sequer um mísero espaço de ficheiro para a posteridade merece ocupar…
Repare-se, como outro bom exemplo, o que sucedeu agora com “Living in the Material World”, do Scorsese, sobre a Vida e Obra de George Harrisson … Ele foi “post” com bilhetes, crónicas de privadíssimas ante-estreias, imagino que com canapés e “amuse de bouche” a condizer, organização de excursões ao São Jorge, crónicas que esperamos todos nós, ansiosamente, do outro lado do Atlântico, eu sei lá…
E, ao mesmo tempo, ninguém se lembrou de informar que o “doclisboa” vai também passar, no dia 23 de Outubro às 19H00 e no dia 26 do mesmo mês às 22H00, o documentário “Troubadours”, de Morgan Neville.
O texto do Programa apresenta este filme da seguinte forma:
Na aurora dos turbulentos anos 1960, ganhou proeminência um novo estilo de canção e de cantautor, marcado pela introspecção vulnerável e pela emoção crua e nua. Estas vozes entusiasmantes invadiram Los Angeles, que emergia como o coração da cena musical
Para além do rebuscamento da linguagem (estas da “introspecção vulnerável” e da “emoção crua e nua” são do outro mundo…!) e da irritação que sempre me provocou a palavra “cantautor”, percebe-se bem que o escriba que fez isto não faz a mais pequena ideia do que está a falar…
Porque a cena que o documentário vai retratar (a das “ladies of the Canyon”, certamente, com a sua corte de amigos…) não ocorreu “na aurora dos turbulentos anos 1960”, mas sim no final… E porque toda essa boa gente que “invadiu” Los Angeles já vinha de outros lados, nomeadamente de Greenwich Village, que foi onde o mais importante verdadeiramente aconteceu...
Bom, mas não foi para discutir estas coisas da História da Música que eu vi aqui hoje…
Se cá estou é para continuar a Cruzada, prosseguir a minha luta de há mais de 40 anos atrás em favor desta gente e desta Música.
Se Harrison e Scorsese são muito importantes, estes “Troubadors” também o são e bem mereciam uma referênciazinha, neste blogue, que diabo…!
A vitória é difícil, mas será nossa…!
Colaboração de Luís Mira
5 comentários:
Não esquecendo o "Troubador" do J.J.Cale...
Belo desabafo, Luís!
Eu até tenho esse disco em vinil, muito embora não seja grande adepto de J.J.Cale.
Se alguém o quiser como objecto de colecção, está à disposição.
Um abraço Filhote!
Não é por falta de consideração, companheiro, que não respondi ainda à tua saudável provocação.
Mas é que tenho andado mesmo absorto em trabalho: e já lá vão 420 mil caracteres. Depois vais ver o fruto.
E é esse mesmo trabalho aturado que me tem empurrado para uma semi-reclusão (só minada por incursões dispersas ao derradeiro Serviço Nacional de Saúde, "as we know it") e que me faz abster de contactos com o mundo exterior.
Este palavreado todo só para confessar a minha ignorância relativamente à DOCLisboa que só aqui veio a lume (George Harrison) graças à colaboração militante de PPBEAT.
Mas deixa lá que sou gajo para me deliciar com os trovadores. Nunca os reneguei, também já sou idoso de mais para o fazer agora...
LT
Quanto à letra T, meu caro, e outras letras, convenhamos que não é o "core business" deste blogue.
Mas estás sempre a tempo de colmatar essa alegada lacuna.
Tu e restantes viajantes...
LT
Deixa lá que quando me reformar, trato disso...!
Entretanto, estamos todos em pulgas em relação ao calhamaço, certamente excelente súmula do "core business" deste blogue...
Abraço e .... "bon courage"!
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