segunda-feira, 17 de outubro de 2011

FERNANDO CONDE


ALVORADA - AEP 60769 - 1966

A Luz (Davis/João Videira Santos) - Esperarei (Poterat/Fernando Conde/João Videira Santos) - Stéphanie (Tony Crane/Johnny Gustafson/Fernando Conde/João Videira Santos) -Amar, Viver, Sonhar (Chuck Berry/Fernando Conde

Fernando José Simões Correia nasceu em Lisboa (Campo de Ourique) no dia 16 de Março de 1947.

Filho do empresário de espectáculos, Arlindo Conde, falecido a 14 de Setembro de 2011, com 88 anos, adoptou o apelido do Pai para compôr o seu nome artístico.

Por influência da profissão do Pai, foi crescendo no meio artístico, era fã de Elvis Presley e aprendeu a tocar guitarra com Zé Inácio, estreando-se ao vivo num Domingo de manhã em 1962 no Eden, em Lisboa, precisamente num dos programas do Pai, Passatempo PAC.

Lembro-me perfeitamente de que cantei "Blueberry Hill", de Fats Domino, acompanhado pelo Zé Inácio e pelo Ezequiel no órgão. O sucesso foi tanto que me convidaram logo para o Casino Estoril onde estive 15 dias. E aqui o sucesso voltou a ser tal que me chamaram para preencher todo o Verão..., recorda Fernando Conde, hoje em dia Pai de 9 filhos, quatro dos quais gémeos, e empresário de eventos com aluguer de iates via Internet.

Num dos Passatempos PAC, Fernando Conde conheceu os Electrónicos que passaram a ser a sua banda de acompanhamento.

No dia 07 de Setembro de 1963, Fernando Conde e os seus Electrónicos participaram no Teatro Monumental, em Lisboa, por iniciativa de Vasco Morgado, no Concurso do Rei do Twist, o primeiro grande concurso de ritmos modernos que se realizou em Portugal, cujos vencedores foram Victor Gomes e os Gatos Negros.

Uma semana depois, a 13 de Setembro, Fernando Conde e os Electrónicos voltam a juntar-se em palco, desta feita no cinema Roma, para a estreia do filme "Mocidade Em Férias", com Cliff Richard e os Shadows. O Conjunto Mistério (com Fernando Concha na voz) foi o vencedor deste Concurso Tipo Shadows.

Quatro meses mais tarde, nos dias 11 e 12 de Janeiro de 1964, foi a vez de um Festival de Ritmos Modernos, também no Monumental, com Zeca do Rock, Daniel Bacelar, Madalena Iglésias, Marina Neves, um espectáculo que correu para o torto, dada a disparidade da oferta em palco.

Pouco depois, Fernando Conde separou-se dos Electrónicos, já não acompanhando a digressão da banda na ilha da Madeira.

Na residência do Casino Estoril, Fernando Conde apaixona-se por uma bailarina das Bluebell Girls, Stéphanie, inglesa, a quem lhe dedica exactamente "Stéphanie" no disco que gravou em 1966 com os Satins (Alvorada, AEP 60769), uma banda inglesa que, na altura, passou uma temporada em Portugal.

Para o disco, fui obrigado a cantar em português. O Jaime Filipe não me deixou cantar em inglês que era o que eu queria. O português "não funcionava". O disco foi gravado numa noite no estúdio da Emissora Nacional.

Perdido de amores por Stéphanie, Fernando Condes, vestido com o seu smoking prateado, pegou no seu Renault Caravelle e foi atrás da bailarina para Madrid, onde se fixou algum tempo, actuando na televisão espanhola com os Mustang ou em palco com Johnny Hallyday ou os Animals.

Fui primeiro à televisão espanhola do que à portuguesa. Cheguei a ganhar 5 mil pesetas por dia, o que era uma fortuna.

Em Espanha, gravei e editei na Hispavox um segundo disco em vinil de côr, em que canto, por exemplo, "Solamente Una Vez" e "Maria No Mas".

Foi por esta altura que perdi a oportunidade de ver Elvis Presley ao vivo em Paris. Hoje em dia, ainda me arrepio só de pensar nisso.

Pouco depois, Fernando Conde abandonou a carreira artística - ainda hoje me arrependo disso - e abraçou, com sucesso, o mundo dos negócios.

Ganhei muito dinheiro com o que não gostava e perdi muito dinheiro com o que gostava, confessa Fernando Conde que disse ter tido o seu primeiro Ferrari com menos de 30 anos. Comprei-o ao Zé Lampreia, da Trevauto.

Tive aviões particulares, iates, ganhei muito dinheiro na publicidade, fui um dos pioneiros do time sharing. Hoje já não tenho ambições, sou normalíssimo.

Luís Pinheiro de Almeida

11 comentários:

filhote disse...

Elvis Presley em Paris???????

Infelizmente, Elvis Presley nunca actuou fora do território norte-americano - ou controlado pelos Estados Unidos, como no caso da Alemanha, onde prestou serviço militar.

Aliás, nem como turista Elvis pisou solo "totalmente" estrangeiro...

Jack Kerouac disse...

Não é totalmente verdade, Filhote, existe até um livro "Elvis à Paris" com bastantes fotos das viagens, foram mais do que uma, que ele fez a Paris enquanto esteve colocado na Alemanha. Mas nunca deu concertos lá, muito menos na época a que Fernando Conde se reporta, aí nem o "ver ao vivo" pelas ruas de Paris, teria sido possível, uma vez que o serviço militar foi antes de 1960.

filhote disse...

Tens razão, Jack.

Distracção minha. Já me esquecia dessas incursões a Paris aquando do serviço militar. Até tenho fotos...

... porém, essas escapadelas é como se não existissem na biografia do Elvis... são a excepção que confirma a regra do carácter insular da vida do Rei...

... e é como confirmas... nunca existiram shows, e as incursões foram ainda nos anos 50...

filhote disse...

Já agora...

Segundo a literatura que tenho, Elvis foi a Paris em Junho de 1959, obtendo para isso uma licença especial do exército.

Chegou à cidade-luz acompanhado de Red West e Cliff Gleaves, ficando o trio hospedado no Hotel Príncipe de Gales - onde, curiosamente, eu também já fiquei hospedado.

Reza a história, e as instigantes fotos, que Elvis se perdeu de amores pelo Lido...

filhote disse...

Errata: no post anterior, ler: "Reza a história - e as instigantes fotos - que Elvis se perdeu de amores pelo Lido..."

Os traços são da maior importância... eheheheh...

filhote disse...

Mas tudo isto é normal... não foram os Beatles, ou alguns deles, que afirmaram ter tocado com o Elvis?...

ié-ié disse...

Onde leste isso, Filhote?

LT

filhote disse...

Não li, vi e ouvi da própria boca deles... na Anthology, não te lembras, Ié-Ié????

filhote disse...

Parece que era o John que costumava contar essa história... enfim, um mito da História do Rock'n'Roll!

Jack Kerouac disse...

Sim, também li, ou ouvi, sobre essa suposta Jam, mas também já li, ou ouvi, eles dizerem que isso foi um boato lançado pelo próprio John, que tinha uma imaginação fértil. O que o Paul disse, é que ficaram completamente extasiados com o facto de ele ter uma coisa nunca vista, um comando remoto de TV com o qual mudava os canais sem se levantar do sofá.

filhote disse...

Essa conversa ocorre entre Paul, Ringo, e George, quando estão sentados à mesma mesa, a conversar... acabo de rever... Anthology...

A história do comando remoto de TV do Elvis já é um "sampler" das entrevistas do Macca. Até na conferência de imprensa em que estive com o Ié-Ié, em Barcelona, ele contou o episódio.