terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A VITÓRIA É DIFÍCIL


ORFEU - KSAT 517 - 1974

A Vitória É Difícil - É Só De Punho Erguido

Letra e música de José Jorge Letria, arranjos de José Calvário e produção de José Niza. Coros de Luísa Basto e Samuel.

Cortesia de Gin-Tonic

37 comentários:

josé disse...

"Só de punho erguido" é que tem piada.

Quantas canções não perderam sentido, por terem sido escritas com os pés.

JC disse...

O José tem razão. JJL era muito mau.

Anónimo disse...

Quando virou para a esquerda modernas e popular (vulgo PS) ficou a ser bom....

JC disse...

Porque será que tanta gente não sabe discutir usando argumentos, caro anónimo? Era a música que era má, entendeu?

Jack Kerouac disse...

A música tem que ser enquadrada na época, ao contrário de outras épocas, ali era mais a mensagem, muitas vezes curta e dura. Sem grandes preocupações técnicas nem rodeios.
Quanto aos ideais, eles eram e são válidos, infelizmente havia era muita gente que não estava á altura daquilo que proclamava, e felizmente foram para áreas mais condizentes com o que pretendiam, os tachos. Assim ficou tudo mais claro e definido.

JC disse...

Peço desculpa por não concordar, JK. O GAC, por exemplo, fez excelente música c/ mensagem "curta e dura" e c/ preocupações técnicas. José Afonso tb. Mesmo que a tenhamos de enquadrar no caldo de cultura da época. JJL fez má música, como tantos outros, principalmente - o que não deixa de ser curioso - ligados organicamente ao PCP.

ié-ié disse...

Voto vencido: devo ser o único português a gostar de José Jorge Letria. Gostei do poder da voz, da energia da sua música, da beleza da sua poesia (até mesmo de algumas canções do tempo do PC). Tenho para mim que o seu 1º LP, "Até Ao Pescoço", é um dos 10 melhores álbuns de música portuguesa. OK, já pus o capacete!

LT

Jack Kerouac disse...

A fase menos criativa do Zeca Afonso, foi precisamente no pós 25 de Abril, criativa do ponto de vista musical e técnico. Porque como ele próprio dizia, as preocupações nessa altura eram outras. Quanto á ligação organica ao PCP ter algo a ver com a qualidade da musica, não vejo sequer ponta por onde se pegue. Também se poderia argumtentar com o contrário, perguntando se seria por isso que esses criadores menores se foram cantar para outras freguesias. E seria ignorar uma Brigada Vitor Jara, os Trovante o Adriano Correia de Oliveira, aliás, em determinada altura quase todos tiveram ligações ao PCP, e não foram só cantores. Só que muitos depois não tiveram pedalada para continuar. E refugiaram-se em paragens mais cómodas e melhor remuneradas.

filhote disse...

Do ponto de vista estritamente musical, estou 100% de acordo com o JC.

Ou seja, acabo de arremessar um côco deste lado do Atlântico à cabeça do amigo Ié-Ié. Felizmente, ele usa capacete...

Com mil milhões de macacos! Então um "cara" de tão bom gosto, que vibra com Beatles, Kinks, Stones e afins, agora deu para colocar o JJL no panteão dos notáveis da música?!?

Viva o GAC!!!

JC disse...

Quem eram os criadores menores, JK? O GAC, José Afonso, Sérgio Godinho, José Mário Branco? Quem eram os criadores maiores? Os Trovante do "sopeiroso" Represas? A Brigada Vítor Jara? O Adriano, sim, mas o melhor da sua obra é anterior ao 25 de Abril. Livra, onde chega o facciosismo; ou do que nós no livrámos!
E não disse que a má qualidade da música derivava da ligação ao PCP. Mas é um facto, não é? Pode ser que um dia me apeteça tirar conclusões...
Filhote: o LT tb não merece levar c/ um coco. O rapaz tem defeitos, mas não exageremos. Já agora, Filhote, o futebol que por aí se joga é mesmo assim ou transmitem aqui os jogos em "slow motion"? É que, das vezes que aí estive, nunca me apeteceu ir ver um jogo.
Um Bom Ano para todos.

paulo disse...

Estes dois temas são dedicadas ao 1º Fax Armani Engenheiro?

Anónimo disse...

Deixa cá ver quem fez canções de intervenção em 74/75: Artur Gonçalves (lembram-se do "Bacalhau Tenreiro"?) Ondina Veloso (hoje Dina, que fez o hino do CDS), o GAC e os seus singles( não os LP's- e onde estava Nuno Ribeiro da Silva ex-Secretário de Estado de Cavaco Silva),Antero Correia (com o disco "Cantor Operário") a malta da FAPIR -Frente de Artistas Populares e Intelectuais Revolucionários- (onde estavam Fernando Correia Marques e Tó Maria Vinhas,hoje no pimba) e até Fernanda de Sousa (hoje Ágata). Já para não falar no Quim Barreiros e o seu "O Malhão Não é Reaccionário". Com certeza que estes estavam todos ligados ao PCP, ou não?
E deixem-se de histórias porque a crítica arrasou o LP "Com As Minhas Tamanquinhas" do Zeca Afonso, considerando-o o pior disco de 1976 (facto que , hoje, os que escreveram isso quererão renegar), mas José Afonso considerava-o o melhor LP da sua carreira. E todo este disco é datado, político até ao pescoço, mas cada vez mais gosto dele, musicalmente.

filhote disse...

Claro, JC, o LT, aka Ié-Ié, é excelente rapaz, tenho a maior estima e admiração por ele, e o côco foi arremessado com carinho e amizade. Aliás, só o arremessei por saber que ele já estava de capacete posto... ehehehe...

E, depois, todos nós temos os nossos telhados de vidro no que toca ao gosto musical, não é verdade? "Guilty Pleasures", como se escreve neste blogue.

filhote disse...

Quanto aos campeonatos brasileiros de futebol - não confundir com futebol brasileiro -, é notória a crise de competitividade em que vivem. Os melhores jogadores, mal despontam, e são às centenas, são logo exportados para a Europa, Japão...

Porém, esta falta de qualidade é bem mais real nos clubes do Rio de Janeiro. O último campeão carioca data de 2000. Foi o Vasco da Gama, que, não por acaso, acaba de ser "rebaixado" para a 2ª divisão.

Os clubes de São Paulo e Rio Grande do Sul fazem parte de outro universo futebolístico. Competitivo e modernizado. E têm dinheiro, não destruindo os times ao desbarato.

O São Paulo é o exemplo paradigmático. Mantém a estrutura do plantel há anos e anos. Por isso, é tri-campeão brasileiro!

filhote disse...

Há outra questão, JC, bem mais fundamental... a cultura futebolística da América Latina nada tem a ver com a europeia...

Como escreveu o grande Valdano, "os grandes jogadores não precisam de correr como desalmados". O Brasil conquistou 5 campeonatos do mundo e alcançou outras tantas finais sem grandes correrias. O mesmo fez a Argentina de Maradona...

... ainda há 2 anos, o modestíssimo Inter de Porto Alegre, treinado pelo Abel Braga, derrotou o fabuloso Barcelona, no auge, na final da Intercontinental. Este ano, o Manchester de CR7 viu-se grego para derrotar o LDU do Equador, imagine-se!

filhote disse...

E a nossa selecção? Entrou em correrias, e calmamente os brasucas aplicaram chapa 6 sem grande esforço...

Ou seja, no futebol não há discussão possível. Em "slow motion" ou não, eles são sempre melhores. Hoje em dia, falamos de sistemas, losangos, pressão, automatismos, mas o futebol é muito mais simples. Resume-se há habilidade individual com uma bola nos pés em interacção com um colectivo. O resto é conversa.

filhote disse...

Errata: "resume-se à habilidade", e não "há habilidade".

filhote disse...

Concluindo, vejo um jogo da Liga portuguesa, o último Benfica-Nacional, por exemplo, e não nego que é galhardo, corrido e competitivo. Porém, sofro com muitos passes transviados, muitos rins partidos, enfim, muita falta de jeito. De súbito, uns quantos desconhecidos brasileiros do Nacional resolvem jogar e é um "ai Jesus" nas minhas gloriosas hostes.

A grande verdade é que vejo na praia de Ipanema, todos os dias, amadores a jogar muito mais à bola que um qualquer Rúben Amorim ou Katsouranis (sem desprimor para estes rapazes que muito jeito ainda nos dão).

Sei, de fonte interna do SLB, que Quique Flores não gosta do Léo por ser pequenino e lento. Ai, senhores! Digam-me lá: que lateral-esquerdo em Portugal é melhor que o Léo????

JC, abraço e excelente 2009!

filhote disse...

Outra errata: "competividade" e não "competitividade".

Ah! Faltou dizer... no Brasil, torço pelo Fluminense! E vou ao Maracanã com a minha camisola 10 do Rivelino!

Enfim, mas nada me cura da doença Benfica...

JC disse...

Pois, Filhote, mas se vierem jogar à Europa (os do Equador e quejandos), levam que contar. Incluindo a selecção do Brasil, que para ser campeão teve de adoptar disciplina á europeia.
Quanto ao Leo. Gosto do Leo (o que é raro, pois não sou mtº adepto do futebol brasileiro). Como costumo dizer, sabe jogar à bola, isto é, sabe o que anda a fazer dentro do campo e pensa. Não acho que seja lento; é apenas pequenino. Se fosse grande e c/ a qualidade que tem... não jogava no SLB mas no Madrid ou no Milan. Mas tudo depende dos sistemas de jogo. No losango do Fernando Santos era preciso ter laterais atacantes. Com um sistema diferente, um 4x4x2 clássico, o caso muda de figura. Mas parece que o problema é outro: o Leo tem alguém c/ um grave problema de saúde aí no Brasil.
Bom Ano

filhote disse...

Confundi-me com o português. A nossa língua tem muito que se lhe diga... afinal, retiro a última errata... fui consultar o Houaiss, e escreve-se mesmo "competitividade" e não "competividade", como cheguei a pensar...

De facto, JC, o Léo brilhava mais no losango do Fernando Santos. Aliás, não resisto a escrever que o Fernando Santos pôs o Benfica a jogar à bola - na sequência do que fez Koeman. Infelizmente, tanto o "bife holandês" como o "engenheiro dos esgares e tiques faciais" foram perdedores.

No 4-4-2, vivemos o sofrimento de não termos médios fortes no centro do terreno. É mais que evidente. Todavia, tenho fé que o Quique seja um vencedor - gosto do estilo dele -, e esse é um dos votos que deixo para 2009!

Jack Kerouac disse...

JC, só para não deixar passar em claro, e visto que a conversa já derivou para o futebol brasileiro. Eu não afirmei nada do que o JC referiu, referi-me aos tais criadores menores como o JLL e outros, que entretanto foram engrossar fileiras de outras "freguesias", facciosismo é deturpar algo que alguém disse para suportar uma teoria, alguma calma e atenção ás leituras alheias também faz bem, por muito que nos achemos uma ilha de sabedoria e virtudes no meio de um oceano de mediocridade. Claro que eu poderia aqui referir o José Carlos Ary dos Santos, o Fernando Tordo o Paulo de Carvalho, poderia aqui dizer que durante anos a Festa do Avante era a grande manifestação de cultura que existia neste país, muito antes de aparecerem os festivais, e muitos outros exemplos, infelizmente não nos livrámos foi de tudo o que deveriamos, e assim chegámos onde estamos. Mas se isto é o melhor que se arranja para alguns, felizmente não o é para todos.

ié-ié disse...

Felizmente, que o Filhote é do Benfica! Nem precisei de me desviar! O côco foi directo prá bancada! Just a joke!

Mas mantenho, contra ventos e marés (tenho consciência disso): tenho uma predilecção muito, muito especial pelo "Até Ao Pescoço". Como eu costumo dizer aos meus amigos benfiquistas: "ninguém é perfeito!".

Bom Ano para todos!

LT

JC disse...

JK: as minhas sinceras desculpas se o interpretei mal. Quanto ao Ary é de facto um razoável poeta, (não tão bom como por aí se apregoa) que muito contribuiu, antes do 25 de Abril, para a renovação da música ligeira portuguesa. Tordo é um intérprete apenas sofrível e Paulo de Carvalho, sim, é de outro campeonato. Mas não só a sua ligação ao PCP foi efémera como estamos a falar de música ligeira, que eu distingo de música popular. Mas a sua qualidade de intérprete e alguns dos temas que cantou, são do melhor que já se ouviu na música ligeira cá da "piolheira".
Concordo c/ o que diz s/ a Festa do Avante, mas mtºs dos que lá actuavam nada tinham a ver c/ o PCP.
No hard feelings

Jack Kerouac disse...

Mas não fui eu que associei a maior qualidade, ou a falta dela, ao facto de alguem estar "organicamente ligado ao PCP", defendi precisamente o contrário. Disse que não encontro qualquer ligação entre uma coisa e outra. Havia de tudo dentro e fora, até porque a ligação por exemplo do JLL também não deixou de ser efémera, foi o que disse, argumentos serviriam sempre para a tese contrária. Atribuo mais ao facto de ter havido um boom de "cantores de intervenção" na altura, e todos os boom´s trazem o bom e o muito mau. Depois a poeira assenta e normalmente sobrevivem os mais capazes. Aconteceu fenómeno parecido com o Boom dos Rock cantado em Português nos anos 80. Curiosamente até poderemos encontrar alguns "artistas" que estiveram nos 2, como o Fernando Correia Marques por exemplo. Dava-se um pontapé numa pedra, e saía lá de baixo um grupo de rock, nos anos 80, ou um cantor de intervenção, nos 74/75. Isto é a minha opinião, não é nenhum estudo aprofundado.

Cumprimentos e sem quaisquer "hard feelings", claro.

Anónimo disse...

A do Fernando Tordo ser um cantor sofrível é que é de cabo de esquadra... Mas bom ano de 2009 ;-)

Anónimo disse...

Também acho, que horrível! Tordo não é nada sofrível, é péssimo!!!

Luis Magalhães Pereira disse...

Filhote e demais convivas,

Em relação ao tema, tenho a declarar o seguinte:

Classe contra Classe rumo à vitória final, viva a classe operária, abaixo o capital!

GAC

Agora mais a sério: relativamente aos cantores de intervenção ou cantautores, os incontornáveis são(a ordem é arbitrária): Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Fausto, Zé Mário Branco, Jorge Palma (noutro registo), GAC! O Janita Salomé como interprete também é muito bom...

Os restantes são esqueciveis, com o JJL à cabeça!

Um abraço

ié-ié disse...

Ninguém cala a voz da classe operária, nem a própria!

LT

filhote disse...

De acordo, amigo Gouveia. Porém, a citação GAC está errada.

Passo a citar, corretamente:

"Classe contra classe até à vitória final, viva a classe operária, abaixo o capital!"

Nesta canção nunca existiu qualquer "rumo", a não ser aquele que nos levou ao Pavilhão dos Desportos para cantar com o GAC. Belos tempos!!!

JC disse...

1.Então e o Adriano?
2.Falta a sequência: "o poder está na ponta da espingarda"...
3. "Ninguém calará a voz da classe oprária; nem o MRPP"!
4. Outra do GAC: "Os fascistas cá do Porto; fazem bairros camarários. Escondem as nossas misérias; nas costas dos seus palácios".

ARISTIDES DUARTE disse...

Pois eu cá, para além dos incontornáveis referidos por Gouveia , ainda enumero:
Alberto Júlio, António Macedo, Alfredo Vieira de Sousa, Francisco Fanhais, Francisco Naia, Adriano, José Barata Moura, Luís Cília, Luísa Basto,Pedro Barroso, Shila, Vitorino, JJ Letria, Vieira da Silva, Manuel Freire,Álvaro Oliveira.
Gosto destes todos. A´liás, cada vez gosto mais de música desse tempo, mesmo que panfletária, por contraponto àquela que anda aí "romântica" dos Carreiras ou dos pimbas.

ié-ié disse...

Acrescento mais uns ditames anarcas:

- ninguém há-de calar a voz do MRPP, nem a classe operária

- também os índios eram vermelhos e lixaram-se

- pedimos desculpa por esta democracia, a ditadura segue dentro de momentos (parece a Manuela Ferreira Leite, ah! ah! ah!)

- ou comes a sopa ou levo-te à intersindical

- a terra a quem a trabalha e a colheita para quem vai?

- liberdade imediata para a sardinha enlatada.

acho que vou fazer um post...

LT

josé disse...

Chgou a ser editado um livro com imagens e destas frases, salvo o erro em 1976 ou 77, se não antes.

Não comprei esse livro e é um dos que procuro agora nos alfarrabistas, quando possso.

Outro: Caricaturas portuguesas dos anos de Salazar, de João Abel Manta.
A edição, original, entenda-se. A editada pelo O Jornal, em 1975, salvo o erro ( depois de Maio que o primeiro O Jornal só saiu nessa altura e desse tenho o meu exemplar).

ié-ié disse...

Estás a referir-te a "O Livrinho Vermelho Do Galo De Barcelos"?.

Bem curioso, de facto. Foi editado em Outubro de 1975.

Deixo-te outra:

- a mulher é de quem a trabalha!

ah! ah! ah!

Bom Ano!

LT

josé disse...

Pode muito bem ser esse.

"Fora com Magalhães pasta, ministro sem mota", ou coisa assim, era um deles.

O João Abel Manta tinha outro livro, editado de facto em 1975, pelo O Jornal e intitulado Cartoons. Esse é que é a real thing.

Anónimo disse...

Verifico muito facciozismo nas afirmações de alguns dos inervenientes nestes comentarios. Geralmente o que vem do PCP é mau e o que vem da extrema esquerma é bom. Já que todos temos preocupações musicais e somos de esquerda seria bom que pusessemos de parte o facciozismo. No GAC destingue-se apenas José Mario Branco e as cantigas onde intervem.O Grupo Outubro (onde estavam as melhores vozes deste pais como o Samuel e a Luisa Bastos) é qualitativamente supeior ao GAC. José Mário Branco é talvez a figura de referência da musica portuguesa, não só como interprete, mas principalmente como o orquestrador que está por detrás dos melhores discos que se fizeram Portugal, sejam do José Afonso, do Sergio Godinho e porque não do José Jorge Letria. E por favor deixem de dizer mal do Tordo.É certo que o Tordo perdeu muitas qualidades e anda a vegetar à muitos anos, mas deu-nos alguns dos melhores momentos da musica portuguesa. Se tiverem oportunidade oiçam um album chamado Abril (andam algumas cantigas pirateadas pela net) ou um tema chamado Era uma vez um som, da ilha do canto. Sublime