Para os fans do cinema de John Carpenter, aconselha-se vivamente uma edição recente (Outubro de 2008) da Cinemateca Portuguesa, intitulada "Memórias de um homem bem visível".
Encontra-se a 20 euros (18 para quem tem cartão) na FNAC e vale cada um desses euros. Para além de uma longa e interessante conversa com o realizador americano de 60 anos (cerca de 100 páginas), o livrinho traz uma completa e exaustiva filmografia, diversos textos de apoio e muitas fotografias, todas elas de grande qualidade.
Mas o melhor está-nos reservado para o fim. Julgo que será até algo original (para mim pelo menos foi novidade) neste tipo de livros - a revelação de cerca de uma vintena dos "guilty pleasures" do realizador, comentados pelo próprio.
Filmes como "The Green Berets", "Viking Women and the Sea Serpent", "Blue Hawaii", "The Invisible Invaders", "Motorcycle Gang", "Goliath and the Barbarians" ou "Attack of the Crab Monsters", fazem todos parte dessa seleção, à qual Carpenter nos introduz assim:
"Não tive uma educação católica, por isso a culpa nunca teve grande papel na minha vida. Nós, Metodistas, não nos preocupamos assim tanto com a culpa. Em termos de cinema, contudo, a culpa sempre foi importante. Na escola de cinema, estudámos os clássicos, o cinema mudo, o expressionismo alemão, a montagem russa e o neorrealismo italiano. Enfim, essas ladainhas.
"Apercebi-me de imediato, com algumas excepções, de que não gostava muito, ou adorava, alguns desses filmes clássicos. Quero dizer, pode-se realmente gostar de "Greed"? Até a versão curta é difícil de aguentar. Por isso, falemos de fiascos e filmes trash. O Pobre, O Terrível, O Estúpido: filmes de que gosto muito e que gostava muito mais de ver que os clássicos.
"Em miúdo, sabia que muitos dos filmes que via eram horríveis, mas não queria saber. Adorava-os na mesma. Perdoava tudo. Hoje em dia, ainda amo e perdoo. É um caso de atrofia de desenvolvimento. Só agora, suponho, existe alguma culpa associada a esta paixão por filmes trash, porque de algum modo já devia saber como as coisas são. Bem, mas não sei. Como vão ver".
Colaboração de Rato Records
Encontra-se a 20 euros (18 para quem tem cartão) na FNAC e vale cada um desses euros. Para além de uma longa e interessante conversa com o realizador americano de 60 anos (cerca de 100 páginas), o livrinho traz uma completa e exaustiva filmografia, diversos textos de apoio e muitas fotografias, todas elas de grande qualidade.
Mas o melhor está-nos reservado para o fim. Julgo que será até algo original (para mim pelo menos foi novidade) neste tipo de livros - a revelação de cerca de uma vintena dos "guilty pleasures" do realizador, comentados pelo próprio.
Filmes como "The Green Berets", "Viking Women and the Sea Serpent", "Blue Hawaii", "The Invisible Invaders", "Motorcycle Gang", "Goliath and the Barbarians" ou "Attack of the Crab Monsters", fazem todos parte dessa seleção, à qual Carpenter nos introduz assim:
"Não tive uma educação católica, por isso a culpa nunca teve grande papel na minha vida. Nós, Metodistas, não nos preocupamos assim tanto com a culpa. Em termos de cinema, contudo, a culpa sempre foi importante. Na escola de cinema, estudámos os clássicos, o cinema mudo, o expressionismo alemão, a montagem russa e o neorrealismo italiano. Enfim, essas ladainhas.
"Apercebi-me de imediato, com algumas excepções, de que não gostava muito, ou adorava, alguns desses filmes clássicos. Quero dizer, pode-se realmente gostar de "Greed"? Até a versão curta é difícil de aguentar. Por isso, falemos de fiascos e filmes trash. O Pobre, O Terrível, O Estúpido: filmes de que gosto muito e que gostava muito mais de ver que os clássicos.
"Em miúdo, sabia que muitos dos filmes que via eram horríveis, mas não queria saber. Adorava-os na mesma. Perdoava tudo. Hoje em dia, ainda amo e perdoo. É um caso de atrofia de desenvolvimento. Só agora, suponho, existe alguma culpa associada a esta paixão por filmes trash, porque de algum modo já devia saber como as coisas são. Bem, mas não sei. Como vão ver".
Colaboração de Rato Records
12 comentários:
Duas sugestões: "Assalto à 13ª Esquadra" e "O Nevoeiro". Este último foi, talvez, o filme que mais "cagaço" me meteu. Mas isso, claro, é subjectivo.
E que dizer do "The Thing"? Ou do "Christine, o carro assassino"? Ou do "Halloween"? Ou do "They Live"?
Mas para mim é a excepção ao universo carpentiano (que confirma a regra) que colocarei sempre em primeirissimo lugar: "Starman, O Homem das Estrelas", uma das coisas mais belas que me foi dado ver no Cinema.
Não resisto a transcrever aqui o comentário do realizador a um dos seus "guilty pleasures", nada mais nada menos do que os "Boinas Verdes":
«O filme épico de John Wayne sobre a guerra do Vietname. Uma fantástica fantasia de extrema-direita. Um grande cerco a uma base de artilharia. Vietcongs assados em arame farpado, como "marshmellows". Wayne e os seus Green Berets entram às escondidas numa mansão, capturam o cabecilha vietcong e a sua concubina. Banda-sonora ricky-tick, versão chop-suey. John Wayne, David Janssen, Aldo Ray, Bruce Cabot, Jim Hutton e a pior criança actriz que alguma vez entrou num filme. A melhor deixa final de qualquer filme: Wayne, para um miúdo orfão vietnamita: "Filho, esta guerra é por ti". Obrigatório ver.»
Pois, eu disse que era subjectivo... Mas, Rato, os "Green Berets" recusei-me determinante a ver "in illo tempore". Mas, pelo que transcreves, espero bem o Tarantino ou o Rodriguez façam brevemente algo de parecido! Lá estarei a ver.
Já somos dois, também me afastei sempre das salas onde o filme se exibia na altura.
Mas devido ao comentário aí de cima, não resisti e encomendei-o já na Amazon. Vai mesmo ser desta que vou ver pela 1ª vez o "Big Wayne & His Berets"!
Ora aqui mora mais um fã do Carpenter!
Meu filme favorito: o remake para "The Thing" (em português, "Veio do Outro Mundo"). E, claro, em adolescente desvairava com o "Assalto à 13ª Esquadra" e, principalmente, com "Escape From New York".
O referido "Starman" é de facto um filme diferente. No mínimo.
O "Assalto à 13ª Esquadra" (hoje em dia considerado como um "filme culto") foi um filme importantissimo. Não tanto pelo seu valor em si (que o tem. obviamente), mas porque veio demonstrar que qualquer pessoa inteligente e com um orçamento limitado podia criar um filme comercialmente rentável. Foi o que o Carpenter fez. Na altura um ilustre desconhecido que com os lucros obtidos nesse pequeno filme iniciou uma carreira notável.
Felizmente que a grande maioria dos seus filmes já tiveram edição nacional em DVD.
E, muito importante, não esquecer que a maioria da música dos filmes do Carpenter são dele próprio.
E não é uma música qualquer, pois fica no ouvido e associada aos respectivos filmes - o "The Thing" é um excelente exemplo - aquele ritmo obsessivo é um elemento crucial de toda a trama.
Outra fã de Carpenter :-)
Vocês sabem que no filme que ele fez com o James Woods,pegaram-se à pancada os dois?
Nos "Vampiros"?
Sim.
Ele fez um filme, não me lembro agora do nome, mas já vou ao google, em que o Woods era um caçador de vampiros moderno e, como têm os 2 um Ego enorme, pegaram-se nas filmagens LOL
Comprei os "Vampiros" do Carpenter hoje de manhã na Worten de Oeiras por menos de 7 euros. Era um dos raros que faltava na minha coleção
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