quinta-feira, 7 de abril de 2011

ALHUR


EMI - 052 – 40594

Lado A

Húmus Verde

Lado B

Holoteta/Essência/Alhur

Poemas da autoria de Miguel Esteves Cardoso, músicas de Né Ladeiras, produção de Ricardo Camacho.

Gosta de gente com valor e que, apenas por esse valor, não necessita da constância dos holofotes, das capas das revistas, de estrelas dos críticos do “Expresso” ou do “Ypsilon,” gente independente que, com montanhas de razão, desconfia das editoras.

Fazem o seu trabalho e esperam que alguém goste.

Assim chegamos a esta voz, a este talento, a Né Ladeiras, de seu nome completo Maria da Nazaré de Azevedo Sobral Ladeiras.

Deu passos com a Brigada Victor Jara, a Banda do Casaco, andou nas Campanhas de Dinamização Cultural do MFA, uma tentativa, desajeitada, ingénua, elaborada muito em cima do joelho, para enfrentar o obscurantismo político e cultural do povo português e encaminhá-lo para o Socialismo.

Ficou para a história o oficial miliciano que em Trás-os-Montes, perguntou ao povo: “Vocês sabem o que é o socialismo?”. Uma velhota ripostou: “E vocemecê sabe o que é um engaço?”.

Poderá acontecer que o oficial miliciano, se não meteu o “Chico”, seja um quadro numa qualquer empresa e já se esqueceu do socialismo que perguntou ao povo de Trás-os-Montes se sabia o que era, a certeza é que a assistência transmontana da sessão cultural, se viva ainda for, sabe o que é o engaço.

Em 1982 publica o seu primeiro trabalho a solo, este maxi single “Alhur”.

Dois anos depois publica “Sonho Azul”, “Corsária” em 1989, “Trás-os-Montes" em 1994, “Todo Este Céu” em 1997 e “Da Minha Voz” em 2001.

Tem colaboração espalhada por diversas colectâneas e projectos.

É mais do que provável que nem uma vez por ano Né Ladeiras seja citada nos media, entre numa “play-list” de um qualquer programa da rádio, ou apareça num programa televisivo, mas o futuro falará dela, e aproveitará, então, para dizer, o quanto surdos e bacocos fomos.

No more!

Colaboração de Gin-Tonic

3 comentários:

carlos disse...

A Né Ladeiras gravou recentemente um disco, que , ao que parece não encontrou editoras interessadas...

gin-tomic disse...

Triste e lamentável...
Mas o que há a esperar das editoras portuguesas?
Eu disse editoras? Queria dizer esterqueiras...
Qualquer coisa que fuja aos Tony Carreiras, aquilo que faz tilintar as caixas registadoras - que já não existem - que lhes permitam comprar carros topo de gama, jantar no "eleven", comprar gravatas-azul-bebé, não encontra ponta de acolhimento e, não poucas vezes, puxam logo da pistola.
Trabalhos como o de Né Ladeiras, e outros, deveriam estar sob a alçada do Ministério da Cultura. Mas isto sou eu a falar sózinho,e com o péssimo defeito, de, apesar de tudo, ainda guardar espaço e sentido para utopias.,,

carlos disse...

Já tenho pensado porque não faz ela uma auto-edição e a coloca à venda na Internet, com possibilidade de se ouvir pequenos excertos para ajudar os potenciais compradores a tomar uma decisão de compra.
Não seria a primeira a fazê-lo, e eu, por exemplo, seria à partida um desses compradores.