ORFEU - STAT 037 - 1976
Face A
Elegia das Águas Negras para Che Guevara (Eugénio d’Andrade) – A Cena do Ódio (Almada Negreiros)
Face B
A Cena do Ódio (Contª) – Em Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos (Mário Cesariny de Vasconcelos)
Atado ao silêncio, o coração ainda
pesado de amor, jazes de perfil,
escutando, por assim dizer, as águas
negras da nossa aflição.
Pálidas vozes em prado procuram
O potro mais livre, a palmeira
mais alta sobre o lago, o barco talvez
Ou o mel entornado da nossa alegria.
Olhos apertados pelo medo
aguardam na noite o sol do meio-dia,
a face viva do sol onde cresces,
onde te confundes com os ramos
de sangue do verão ou o rumor dos pés brancos da chuva nas areias.
A palavra, como tu dizias, chega
húmida dos bosques: temos que semeá-la;
chega húmida da terra: temos que defendê-la;
chega com as andorinhas
que a beberam sílaba a sílaba na tua boca.
Cada palavra tua é um homem de pé;
cada palavra tua faz do orvalho uma faca,
faz do ódio um vinho inocente
para bebermos contigo
no coração em redor do fogo.
No disco, o poema de Eugénio d’Andrade, dito por Mário Viegas, tem música de fundo de José Niza, improvisada sob audição da voz.
Capa de José Luiz Tinoco.
Colaboração de Gin-Tonic
Face A
Elegia das Águas Negras para Che Guevara (Eugénio d’Andrade) – A Cena do Ódio (Almada Negreiros)
Face B
A Cena do Ódio (Contª) – Em Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos (Mário Cesariny de Vasconcelos)
Atado ao silêncio, o coração ainda
pesado de amor, jazes de perfil,
escutando, por assim dizer, as águas
negras da nossa aflição.
Pálidas vozes em prado procuram
O potro mais livre, a palmeira
mais alta sobre o lago, o barco talvez
Ou o mel entornado da nossa alegria.
Olhos apertados pelo medo
aguardam na noite o sol do meio-dia,
a face viva do sol onde cresces,
onde te confundes com os ramos
de sangue do verão ou o rumor dos pés brancos da chuva nas areias.
A palavra, como tu dizias, chega
húmida dos bosques: temos que semeá-la;
chega húmida da terra: temos que defendê-la;
chega com as andorinhas
que a beberam sílaba a sílaba na tua boca.
Cada palavra tua é um homem de pé;
cada palavra tua faz do orvalho uma faca,
faz do ódio um vinho inocente
para bebermos contigo
no coração em redor do fogo.
No disco, o poema de Eugénio d’Andrade, dito por Mário Viegas, tem música de fundo de José Niza, improvisada sob audição da voz.
Capa de José Luiz Tinoco.
Colaboração de Gin-Tonic
2 comentários:
um grande disco e nem um comentario...
o mário viegas é um chato...
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