NO outro dia passei em Coimbra, na rua Ferreira Borges, quase a desembocar no largo da Portagem e perto por isso mesmo da livraria Bertrand local.
Passei e olhei para o sítio onde era a Valentim de Carvalho nos setentas e oitentas. Já não é. Está lá uma agência de viagens e entrei a perguntar se tinha sido ali. TInha. E algum empregado que tenha ficado, ainda se pode encontrar? Não sabiam.
É pena porque gostaria de saber a aparelhagem de som que lá tinham nessa época. Suponho que seriam as mesmas que noutros sítios e por isso apelo ao conhecimento de quem trabalhou nas lojas VC.
Gostaria de saber que gira-discos usavam e que colunas tinham, além dos amplificadores porque não me lembro de ouvir o LP Octave dos Moody Blues, em 1979, com um som tão perfeito como esse. Assim como não me lembro de escutar Sleep Sirt de Frank Zappa com uma tão alta fidelidade.
Isso aconteceu no século passado quando a música ainda se ouvia e obrigava a parar para apreciar.
Com o passar dos anos o ouvido humano vai perdendo faculdades em assimilar algumas frequências o que bastas vezes origina casos assim, ou seja a lembrança de se escutar com mais "fidelidade" há 20 ou 30 anos atrás devido às aparelhagens desses tempos. Não digo que uma boa aparelhagem não fizesse a diferença mas o nosso ouvido é que era o grande responsável por ouvirmos bem mais e melhor.
Só não tendo a concordar por um motivo: quando ouço, agora mesmo, o disco em causa uma aparelhagem que lhe faça a justiça, dou pela diferença e sintonizo a memória sonora.
A última experiência foi com o Gaucho dos Steely Dan. Ouvi-o em vinil original de 1980, quando saiu. Até gravei do rádo porque a onda sonora de então era bem melhor que hoje.
Andei vinte anos a coleccionar os LP´s. Primeiro foi o de prensagem espanhola, logo em 1986 ou assim. Depois o de prensagem alemã da reedição Warner. E a par disso, na mesma altura, o cd de 1984 e depois o da Mobile Ficelity. Finalmente, em 2003, o SACD que me fez acreditar que não havia melhor.
Mas havia: o LP original em prensagem americana é efectivamente melhor. Não é ilusão sonora ou do tempo.
E ocorreu-me comprá-lo na ebay, porque li na HI-FI news que de facto esse Lp era o de melhor som, a par com uma reedição de cd prensagem japonesa da DTS.
Sofre por gosto. É um sofrimento de que não me queixo, porque sempre que encontro o que procuro, como aconteceu com o Gaucho e pouco tempo antes, com a versão original da Deutesche Messe, de Schubert, cujo último cântico servia de introdução ao programa Em Órbita dos anos setenta, tudo vale a pena.
É uma alegria que perdura no tempo.
E tenho algumas, ultimamente, no género.
Actualmente ando á volta dos sons que me marcaram ao longo do tempo.
Um deles é America dos Simon & Garfunkel. Logo que ouvi o LP, muitos anos depois de ter saído ( ouvi em finais dos oitenta), fiquei de boca aberta, ou melhor dizendo, de ouvido espantado, por causa da separação stereo e da percussão que não ouço em qualquer outro disco.
Nos anos 60 ouvíamos música em pick-ups portáteis, rafeiros, nas praias, cheios de areia se preciso fosse, e isso não nos impediu de gostar dos beatles, searchers, stones, dave clark five, mistério, titãs, ekos, etc...
É verdade que assim era nos sessenta e ainda nos inícios dos setenta. A hi-fi só apareceu a sério e em massa ,( mesmo com carência dela)em meados dos setenta para cá.
Mas o som mono tinha as suas virtualides porque o ouvido é coisa misteriosa: faz uma reconstrução de sons aliando a imaginação, acho eu.
Ouvi os Manassas de Stephen Stills, o tema Colorado, em 1972, num radio de pilhas com FM que então aparecia nos pequenos rádios japoneses da Belcon ou coisa assim.
Pois lembro-me desse som e mesmo agora com a aparelhagem toda hifi não tiro prazer muito diferente.
No entanto, quando saiu Bop Till You Drop de Ry Cooder, em 1979, já ouvi num gira discos stereo e já sabia que era o primeiro disco pop gravado digitalmente na origem, o que vinha anunciado na contra-capa.
Quando ouvi no gira discos stereo mas não muito sofisticado, já imaginava o que seria ouvir aquilo numa boa aparelhagem.
Portanto, tudo depende da experiência que se tem e das expectativas que se procuram atingir com a escuta.
No meu caso, sempre foi o nirvana sonoro. Nada menos que isso porque sei o que é.
E é uma das fontes de maior prazer espiritual que pode haver.
13 comentários:
NO outro dia passei em Coimbra, na rua Ferreira Borges, quase a desembocar no largo da Portagem e perto por isso mesmo da livraria Bertrand local.
Passei e olhei para o sítio onde era a Valentim de Carvalho nos setentas e oitentas. Já não é. Está lá uma agência de viagens e entrei a perguntar se tinha sido ali. TInha. E algum empregado que tenha ficado, ainda se pode encontrar? Não sabiam.
É pena porque gostaria de saber a aparelhagem de som que lá tinham nessa época. Suponho que seriam as mesmas que noutros sítios e por isso apelo ao conhecimento de quem trabalhou nas lojas VC.
Gostaria de saber que gira-discos usavam e que colunas tinham, além dos amplificadores porque não me lembro de ouvir o LP Octave dos Moody Blues, em 1979, com um som tão perfeito como esse. Assim como não me lembro de escutar Sleep Sirt de Frank Zappa com uma tão alta fidelidade.
Isso aconteceu no século passado quando a música ainda se ouvia e obrigava a parar para apreciar.
Com o passar dos anos o ouvido humano vai perdendo faculdades em assimilar algumas frequências o que bastas vezes origina casos assim, ou seja a lembrança de se escutar com mais "fidelidade" há 20 ou 30 anos atrás devido às aparelhagens desses tempos.
Não digo que uma boa aparelhagem não fizesse a diferença mas o nosso ouvido é que era o grande responsável por ouvirmos bem mais e melhor.
Anónimo:
Só não tendo a concordar por um motivo: quando ouço, agora mesmo, o disco em causa uma aparelhagem que lhe faça a justiça, dou pela diferença e sintonizo a memória sonora.
A última experiência foi com o Gaucho dos Steely Dan. Ouvi-o em vinil original de 1980, quando saiu. Até gravei do rádo porque a onda sonora de então era bem melhor que hoje.
Andei vinte anos a coleccionar os LP´s. Primeiro foi o de prensagem espanhola, logo em 1986 ou assim. Depois o de prensagem alemã da reedição Warner. E a par disso, na mesma altura, o cd de 1984 e depois o da Mobile Ficelity. Finalmente, em 2003, o SACD que me fez acreditar que não havia melhor.
Mas havia: o LP original em prensagem americana é efectivamente melhor.
Não é ilusão sonora ou do tempo.
E ocorreu-me comprá-lo na ebay, porque li na HI-FI news que de facto esse Lp era o de melhor som, a par com uma reedição de cd prensagem japonesa da DTS.
A Rua mais torta de Cascais ;-)
Que mal se trata o vinho, santo deus!... Ao sol, ao calor, à luz. Conselho: não comprem lá nada!
Nem película fotográfica,caso vendam!
Audiófilo sofre, José...
Foi onde eu comprei o meu primeiro LP dos Beatles (Rubber Soul).
Anónimo:
Sofre por gosto. É um sofrimento de que não me queixo, porque sempre que encontro o que procuro, como aconteceu com o Gaucho e pouco tempo antes, com a versão original da Deutesche Messe, de Schubert, cujo último cântico servia de introdução ao programa Em Órbita dos anos setenta, tudo vale a pena.
É uma alegria que perdura no tempo.
E tenho algumas, ultimamente, no género.
Actualmente ando á volta dos sons que me marcaram ao longo do tempo.
Um deles é America dos Simon & Garfunkel. Logo que ouvi o LP, muitos anos depois de ter saído ( ouvi em finais dos oitenta), fiquei de boca aberta, ou melhor dizendo, de ouvido espantado, por causa da separação stereo e da percussão que não ouço em qualquer outro disco.
É uma experiência sonora marcante.
Deutsche Messe D872.
Nos anos 60 ouvíamos música em pick-ups portáteis, rafeiros, nas praias, cheios de areia se preciso fosse, e isso não nos impediu de gostar dos beatles, searchers, stones, dave clark five, mistério, titãs, ekos, etc...
LT
É verdade que assim era nos sessenta e ainda nos inícios dos setenta. A hi-fi só apareceu a sério e em massa ,( mesmo com carência dela)em meados dos setenta para cá.
Mas o som mono tinha as suas virtualides porque o ouvido é coisa misteriosa: faz uma reconstrução de sons aliando a imaginação, acho eu.
Ouvi os Manassas de Stephen Stills, o tema Colorado, em 1972, num radio de pilhas com FM que então aparecia nos pequenos rádios japoneses da Belcon ou coisa assim.
Pois lembro-me desse som e mesmo agora com a aparelhagem toda hifi não tiro prazer muito diferente.
No entanto, quando saiu Bop Till You Drop de Ry Cooder, em 1979, já ouvi num gira discos stereo e já sabia que era o primeiro disco pop gravado digitalmente na origem, o que vinha anunciado na contra-capa.
Quando ouvi no gira discos stereo mas não muito sofisticado, já imaginava o que seria ouvir aquilo numa boa aparelhagem.
Portanto, tudo depende da experiência que se tem e das expectativas que se procuram atingir com a escuta.
No meu caso, sempre foi o nirvana sonoro. Nada menos que isso porque sei o que é.
E é uma das fontes de maior prazer espiritual que pode haver.
É um fenómeno curioso.
Ainda cheguei a ver este cantinho, como discoteca, mas já foi nos seus ultimos suspiros.
Obrigado LT, por estas reliquias que ainda que possam parecer nostálgicas, deixam-me uma sensação de bem-estar enorme.
Saudações,
Francisco
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