segunda-feira, 1 de março de 2010

BATON CONTRA A CRISE


POLYDOR - 810891-7

(A Cor do Teu) Baton – Bem-Haja Você

Lembram-se de os homens chegarem a casa com pedaços de baton no colarinho da camisa? As discussões que isso ocasionava, cenas de pugilato, por vezes?

As comédias do cinema americano dos anos 40 e 50 – e não só! - são férteis em cenas destas.

Talvez estas guerras tenham levado, há muitos anos, Pierre Baudecroux, a criar “Le Rouje Baiser”, o “baton que, tal como dizia a publicidade “permite o beijo.

Nuances que ele chamaria do arco-da-velha: um baton que permite o beijo.

Herman José, em 1983, concorria ao Festival RTP da Canção “O Teu Baton”, qualquer coisa perdida entre um kitsch q.b. da letra e laivos de algo de swing, batida roubada a uma qualquer big band a acompanhar vaudeville na Broadway.

O que nos canta Herman?

De um baton que teve o dom de saber assim, água na boca a chamar por ele, um tom de canção de amor a deixar sabores na roupa, na pele, a brilhar num som tão à Tom Jobim, água mel, cor de carmim, um baton, corção e licor.

Enfim, pelo que se ouve, beijos que não se esquecem, o fascínio de um baton, coisas de assombração.

É quando o escriba recorda um texto de Catarina Portas, já com algum tempinho, a dizer-nos com aquele sorriso maroto, um piscar de olhos que, em tempos cinzentos, algo fúnebres, como estes tempos em que nos obrigam a navegar, nada como desaguar num baton.

“Um baton pinta-nos os lábios, com os quais falamos, com os quais beijamos. Pode pintá-los de vermelho vivo ou profundo, beringela ou até laranja. Cada um desses tons diversos é uma afronta ao cinzento.”

Um baton contra crise.

Gosta da sugestão. Mais ainda quando, linhas à frente, Catarina diz que um baton é mesmo “um manguito contra a crise” porque “quem pinta os lábios arregaça as mangas”.

Baton, manguitos, arregaçar de mangas, possivelmente mais qualquer coisa.

Porque temos de sonhar para conseguirmos levantar-nos de manhã.

E que cor de baton vai o viajante escolher para combater a crise?

Por ele é muito simples. vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão.

Ah! mas espera aí: isto já é uma outra canção, uma outra história…

Colaboração de Gin-Tonic

5 comentários:

filhote disse...

Salvo erro, a letra de "(a cor do teu) Baton" é do António Avelar de Pinho. Ou não?

gin-tonic disse...

Letra de Antóno Avelar Pinho, música de TóZé Brito, arranjo de Pedro Osório

Anónimo disse...

A melhor canção de Herr mann

M.Júlia disse...

E o vermelho resulta?
Apenas como baton, para seduzir,
penso eu.
Outro assunto: tirando aquele
horroroso lacinho, Herman está muito bonito nesta fotografia.

Raquel dias disse...

Adoro o Herman e estou muito feliz por saber que ele vai voltar! ele , para mim é dos maiores e merece tudo! VIVA O HERMAN! VIVA A RTP!