segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

HOTEL DEL CORONADO


Pela pena de Luís Mira saiu mais um brilhante texto, desta feita sobre um hotel que frequentei há 20 anos e onde tenho também uma história curiosa ou de como as minhas malas viajaram de helicóptero.

No confronto literário com Luís Mira saio aniquilado, por isso sou apenas jornalista. Se soubesse escrever bem, gastava o meu latim a publicar livros.

Adiante...

Em 1989, eu e o Manuel Falcão, jornalistas profissionais, fizemos uma fantástica viagem pelos Estados Unidos, acompanhando o então Presidente da República, Mário Soares.

A viagem até poderia ter sido melhor, caso Maria Barroso não tivesse vetado a deslocação, via comboio, de uma costa à outra.

Partimos de Lisboa no dia 24 de Junho, e logo nesse dia percorremos as comunidades portuguesas em Boston e New Bedford, onde pernoitámos. No dia seguinte, continuámos as capelinhas por Providence, Fall River e Newport (sim, o Festival!).

Neste espaço, lembro-me de termos visitado uma casa (de madeira) dos Kennedy, já não sei exactamente onde, mas onde havia um pequeno museu sobre a família.

No dia 26, voámos até Washington num executive jet posto à nossa disposição por George Bush, pai, e, depois do encontro na Casa Branca, arrancámos até San Francisco, onde démos as voltas do costume pelas comunidades em San Leandro, San Jose...

No dia 28 de Junho voámos para San Diego num avião militar norte-americano.

Luís Mira já disse o essencial sobre San Diego. Só destaco a homenagem que fizémos aos pescadores portugueses de atum - há uma estátua bem significativa - e também - uma cedência nossa - uma homenagem ao espanhol Cabrillo (teve de ser...).

Só mais uma coisa: San Diego é a maior base naval do Mundo e a vista é magnífica.

Ficámos no Del. Que coisa do outro Mundo, como já disse Luís Mira. No dia seguinte, íamos pela costa, de automóvel, até Los Angeles. E aqui está a história que me traz aqui.

Como Luís Mira já sublinhou, o Del tem mais de 120 anos, agora imaginem como é o seu complicado interior. Só sei que, para chegar ao meu quarto, subi e desci escadas, subi e desci em elevadores, atravessei corredores sem fim. Um verdadeiro labirinto!

As ordens eram muito precisas: "Malas às 6 à porta do quarto!".

"Ó major, o senhor não vai dar com o meu quarto, não é melhor eu trazer as malas para a recepção?".

"Ouçá lá, você sabe com quem está a falar? Não há problema algum, deixe lá as malas à porta do quarto", respondeu-me o afável major Serra, então chefe de segurança de Mário Soares e responsável por este tipo de logística.

De San Diego a Los Angeles foi uma magnífica viagem de três horas de automóvel pela costa, passando pelas espantosas praias de surfistas e de treino dos marines. Um deslumbramento!

Chegados ao Four Seasons, toca a preparar uma sessão de jacuzzi para retemperamento de forças.

Só que eu bem esperei! "Ó major, eu não disse, eu não disse? Onde estão as minhas malas?".

"Alguma vez o deixei ficar mal? Daqui a meia-hora estão aqui as suas malas. Vou já accionar o helicóptero".

Bendito, major Serra, que ainda consegui mergulhar o corpo no jacuzzi...

Outras histórias, noutras ocasiões...

6 comentários:

Anónimo disse...

Caro Luis,

A inveja que isto me faz...! Muito gostaria de ter cheirado esses lençois. Eu só tive direito a um cafézinho na esplanada e a "meter o bedelho" naqueles corredores e naquelas lojas. Numa delas, aliás, encontrei uma madeirense que ainda se lembrava d'umas palavritas em português...

Quanto aos textos, deixe-se de modéstias, "Homem"! Deliciei-me com a sua "história"... Sempre tinha ouvido dizer que os jornalistas qua acompanhavam o Mário Soares nas viagens era muito bem tratados, e aí está a prova.

Mas, para chatear a minha mulher, vou guardar essa do "se eu soubesse escrever não era jornalista". Vai trepar pelas paredes...

Um abraço do
Luis Mira

josé disse...

Mas...o que é que os jornalistas foram fazer nessa viagem?

E já agoram, o que é que o Soares fez nessa viagem?

Turismo?

Este Mário Soares...

E atmbém não me lembro de nenhuma reportagem como a que o Luís Mira aqui esboçou...

E o Falcão, na altura, não estava no Sete?


Isto é desabafo de inveja, claro. Mas pensando melhor talvez não seja.

Jack Kerouac disse...

Bom, no tempo do Mário Soares era tudo a gastar á grande e á francesa, se calhar influências do seu amigo Miterrand. Foi um fartar vilanagem do "Pai da Democracia...cof cof".

josé disse...

Dá muito jeito ser de Esquerda, para ser assim e passar incólume,l pois nem críticas lhe faziam.

Só anedotas do género: a diferença entre Deus e Soares está em que Aquele está em todo o lado e este já esteve.
Até na Maurícia, com tartaruga a carregá-lo.

Se o diabo o carregasse...

ié-ié disse...

Não foi na Maurícia, companheiro, foi nas Seychelles e até serviu de propaganda ao turismo da ilha. Quando foi da EXPO '98, o pavilhão das Seychelles tinham uma tartaruga igual. Estava sempre cheio.

LT

josé disse...

Cá por mim, punha-o num cágado. Na Maurícia, onde não deve ter estado. Mas não aposto nada.

Cágado por cágado...