San Diego, na Califórnia, é uma cidade fabulosa. Já me tinham dito, mas comprovei-o agora com os meus próprios olhos.
Está localizada junto ao mar, tal como Los Angeles e S. Francisco, mas não tem a poluição da primeira nem o frio e o nevoeiro da segunda.
Como S. Francisco, também tem grandes colinas que descem quase a pique até ao mar; como Los Angeles, tem belíssimos edificios futuristas, com a vantagem de estarem mais perto do mar e não tão perdidos no meio da cidade.
Está ligada, através de ponte, à belíssima península de Coronado, que nos dá uma ideia de como a Costa da Caparica poderia terficado bela se tivessem sido aprovados, nos anos 50, os projectos de urbanização desenvolvidos pelo Arquitecto Cassiano Branco.
San Diego tem o enorme Balboa Park, que contém no seu interior uma das maiores concentrações de bons museus que conheço à face da Terra: do Automóvel, de Fotografia, de Arte Moderna, de História Natural, do Homem, eu sei lá...
O próprio Parque é, por si só, um autêntico museu, com os seus velhos e bem conservados edifícios de estilo colonial espanhol. Foi aqui que se realizou, em 1915, a "Panama- Pacific Exposition" para comemorar a abertura do Canal do Panamá, e todos esses velhos edifícios lá ficaram, na maioria dos casos albergando os museus de que vos falei.
Para quem gostar de animais, San Diego tem um conhecidíssimo Zoo, bem como aquele que é considerado o maior parque marinho do Mundo: o "SeaWorld". Quem gostar de "História" encontra, muito bem conservada, a "Old Town", lugar onde ocorreu a primeira colonização espanhola na região . A sua "Missão" foi uma das primeiras a ser aberta pelo Padre Juníperro Serra, durante o Séc.XVIII.
Mas, apesar de todas estas maravilhas, mentir-vos-ia se não vos dissesse que o que mais me levou a tomar a Highway 215 direitinho a San Diego não foi nada daquilo que acabo de vos falar, mas sim o desejo de ir ver "in loco" o Hotel del Coronado...
Este Hotel tem inúmeros motivos de interesse. Comprei na sua livraria uma belíssima "plaquette" carregadinha de "histórias" com que vos poderia bombardear, mas não é essa a minha intenção. Mas seria imperdoável que não aproveitasse a oportunidade para vos dizer duas outrês coisas que sei dele...
Tendo sido inaugurado em 1888, é hoje considerado um Monumento Nacional por ser um dos exemplos melhor conservados de um estilo arquitectónico bem específico da costa americana: os "beach resorts" em estilo victoriano, totalmente construídos em madeira.
Por outro lado, consta que foi o primeiro hotel em todo o Mundo a possuir luz eléctrica, tendo o próprio Thomas Edison fiscalizado, pessoalmente, a instalação final, antes da abertura ao público.
O Hugo, que gosta de Natal, gostará talvez de saber que foi neste mesmo hotel que se construíu, na América, a primeira árvore de Natal exterior iluminada.
O Hotel Del Coronado atraiu, desde sempre, a "beautiful people". As senhoras diziam para as amigas que iam passar uma temporada "ao Del", como quem diz que vai de fim de semana para casa da prima Kiki...
A boa e a má gente de Hollywood (Chaplin, Valentino, ...) não deixava de lá ir passar umas temporadas, e consta que, durante a época da Lei Seca, o Del era bem generoso para com os seus Amigos...
Quase todos os presidentes americanos também por lá passaram, e consta, igualmente (esta é mesmo de "revista côr-de-rosa"...!), que foi no Del que Edward, Principe de Gales, e a Senhora Wallis Simpson se conheceram e se apaixonaram para sempre (o que eu choro, ao escrever isto...)...
Mas mentir-vos-ia, Caros Amigos, se não vos confessasse que não foram nenhumas destas "nostalgias" que me levaram a desejar conhecer o Del...
O que me levou lá foi saber que foi no Del que Billy Wilder filmou a parte final do seu "Quanto Mais Quente Melhor". Foi aqui que os magníficos "gangsters" do filme vieram fazer uma reunião disfarçada de um encontro de "Friends of Italian Opera", embora no filme seja suposto tudo passar-se em Miami...!
E foi daquele ancoradouro que vemos na fotografia que partiu a grande velocidade, num "barco gasolina", um casal de "pombinhos" que nos brindou (grande Joe E. Brown!) com uma das mais célebres e hilariantes "tiradas" do cinema americano, para não dizer do Cinema, "tout court". Não se lembram? Não se preocupem.... Nobody's perfect!
Uma outra curiosidade "cinéfila" que o Del tem é que a sua piscina foi também muito utilizada durante a "época clássica" no cinema americano. Ainda há poucas semanas a vi no "The Damned Don't Cry", do Vincent Sherman.
Ainda a propósito do "Quanto Mais Quente...": aqui há uns meses atrás, no simpático "blogue "Ié-Ié" do qual o Hugo é cliente assíduo, colaborador e angariador, e onde alguns dos meus textos também vão parar de vez em quando (eu diria sempre - nota do editor), a Marilyn Monroe foi verdadeiramente glorificada!
O pretexto para tal cerimonial colectivo foi um pedaço de texto meu, que vos tinha enviado a propósito das "pegadas" das "stars" no "Grauman Chinese Theatre", em Hollywood. Chamar "texto" àquilo é grande favor... um simples parágrafo quase sem sentido, retirado de um contexto mais amplo... Mas eu não precisaria de ter escrito nada... Bastar-me-ia ter lá posto o nome de "Marilyn Monroe" ou até, como diz Ruy Belo, escrever a simples palavra "Mulher", para que todos os "amigos Bloguistas" saltassem como molas a dizer todo o bem que dela pensam...!
Claro que não serei eu quem os vai contradizer... Mas se tivessem perguntado aos realizadores que trabalharam com ela, certamente encontrariam também uma quase unanimidade, mas de sinal contrário.... Malcriada, pretenciosa, mimada, embirrenta, borrifando-se em horários e em todos os que estavam à volta dela, incluindo os colegas de profissão, são alguns dos epítetos que utilizariam...
De todos eles, um dos mais virulentos era exactamente Billy Wilder. Nas longas entrevistas que deu a Cameron Crowe e que se encontram publicadas em livro ("Conversations with Wilder"), BW conta que Marylin sarrazinou os ouvidos a ele e à produção para que o filme fosse "a cores" e não "a preto e branco".
Que ela sairia beneficiada com a côr e que, com isso, o próprio filme teria também muito a ganhar em termos de sucesso comercial (a espertalhona, falou-lhes "ao bolso" e não "ao coração"...)...
Wilder teve de lhe explicar que, tratando-se de "homens a fazer de mulheres", o filme tinha de ser "a preto e branco" para que não se apercebesse na imagem o escuro da barba dos homens... A Diva engoliu...!
Outra história do estilo que me vem à memória: durante a rodagem do "Os Homens Preferem as Loiras", Marilyn não suportou que Jane Russel tivesse nos anúncios o seu nome antes do dela, e por vezes até em letras maiores, e também que o camarim da Russel fosse maior do que odela...!
Explicaram-lhe que Russel era mais antiga no "métier", que tinha um passado mais rico do que o dela.... Talvez, por pudor, não lhe tenham dito, mas poderiam muito bem tê-lo feito, que também Miss Russel tinha sabido, antes dela, ir para a cama com o "homem certo, no lugar certo e no momento certo"...!
A Diva não se conformou com essas explicações e berrou apenas: "Pois, pois, mas o filme chama-se "Os Homens Preferem as Loiras", e aqui a loira sou eu"...!!!
Desculpem a "pica". Para a próxima serei mais suave...
Colaboração de Luís Mira
Está localizada junto ao mar, tal como Los Angeles e S. Francisco, mas não tem a poluição da primeira nem o frio e o nevoeiro da segunda.
Como S. Francisco, também tem grandes colinas que descem quase a pique até ao mar; como Los Angeles, tem belíssimos edificios futuristas, com a vantagem de estarem mais perto do mar e não tão perdidos no meio da cidade.
Está ligada, através de ponte, à belíssima península de Coronado, que nos dá uma ideia de como a Costa da Caparica poderia terficado bela se tivessem sido aprovados, nos anos 50, os projectos de urbanização desenvolvidos pelo Arquitecto Cassiano Branco.
San Diego tem o enorme Balboa Park, que contém no seu interior uma das maiores concentrações de bons museus que conheço à face da Terra: do Automóvel, de Fotografia, de Arte Moderna, de História Natural, do Homem, eu sei lá...
O próprio Parque é, por si só, um autêntico museu, com os seus velhos e bem conservados edifícios de estilo colonial espanhol. Foi aqui que se realizou, em 1915, a "Panama- Pacific Exposition" para comemorar a abertura do Canal do Panamá, e todos esses velhos edifícios lá ficaram, na maioria dos casos albergando os museus de que vos falei.
Para quem gostar de animais, San Diego tem um conhecidíssimo Zoo, bem como aquele que é considerado o maior parque marinho do Mundo: o "SeaWorld". Quem gostar de "História" encontra, muito bem conservada, a "Old Town", lugar onde ocorreu a primeira colonização espanhola na região . A sua "Missão" foi uma das primeiras a ser aberta pelo Padre Juníperro Serra, durante o Séc.XVIII.
Mas, apesar de todas estas maravilhas, mentir-vos-ia se não vos dissesse que o que mais me levou a tomar a Highway 215 direitinho a San Diego não foi nada daquilo que acabo de vos falar, mas sim o desejo de ir ver "in loco" o Hotel del Coronado...
Este Hotel tem inúmeros motivos de interesse. Comprei na sua livraria uma belíssima "plaquette" carregadinha de "histórias" com que vos poderia bombardear, mas não é essa a minha intenção. Mas seria imperdoável que não aproveitasse a oportunidade para vos dizer duas outrês coisas que sei dele...
Tendo sido inaugurado em 1888, é hoje considerado um Monumento Nacional por ser um dos exemplos melhor conservados de um estilo arquitectónico bem específico da costa americana: os "beach resorts" em estilo victoriano, totalmente construídos em madeira.
Por outro lado, consta que foi o primeiro hotel em todo o Mundo a possuir luz eléctrica, tendo o próprio Thomas Edison fiscalizado, pessoalmente, a instalação final, antes da abertura ao público.
O Hugo, que gosta de Natal, gostará talvez de saber que foi neste mesmo hotel que se construíu, na América, a primeira árvore de Natal exterior iluminada.
O Hotel Del Coronado atraiu, desde sempre, a "beautiful people". As senhoras diziam para as amigas que iam passar uma temporada "ao Del", como quem diz que vai de fim de semana para casa da prima Kiki...
A boa e a má gente de Hollywood (Chaplin, Valentino, ...) não deixava de lá ir passar umas temporadas, e consta que, durante a época da Lei Seca, o Del era bem generoso para com os seus Amigos...
Quase todos os presidentes americanos também por lá passaram, e consta, igualmente (esta é mesmo de "revista côr-de-rosa"...!), que foi no Del que Edward, Principe de Gales, e a Senhora Wallis Simpson se conheceram e se apaixonaram para sempre (o que eu choro, ao escrever isto...)...
Mas mentir-vos-ia, Caros Amigos, se não vos confessasse que não foram nenhumas destas "nostalgias" que me levaram a desejar conhecer o Del...
O que me levou lá foi saber que foi no Del que Billy Wilder filmou a parte final do seu "Quanto Mais Quente Melhor". Foi aqui que os magníficos "gangsters" do filme vieram fazer uma reunião disfarçada de um encontro de "Friends of Italian Opera", embora no filme seja suposto tudo passar-se em Miami...!
E foi daquele ancoradouro que vemos na fotografia que partiu a grande velocidade, num "barco gasolina", um casal de "pombinhos" que nos brindou (grande Joe E. Brown!) com uma das mais célebres e hilariantes "tiradas" do cinema americano, para não dizer do Cinema, "tout court". Não se lembram? Não se preocupem.... Nobody's perfect!
Uma outra curiosidade "cinéfila" que o Del tem é que a sua piscina foi também muito utilizada durante a "época clássica" no cinema americano. Ainda há poucas semanas a vi no "The Damned Don't Cry", do Vincent Sherman.
Ainda a propósito do "Quanto Mais Quente...": aqui há uns meses atrás, no simpático "blogue "Ié-Ié" do qual o Hugo é cliente assíduo, colaborador e angariador, e onde alguns dos meus textos também vão parar de vez em quando (eu diria sempre - nota do editor), a Marilyn Monroe foi verdadeiramente glorificada!
O pretexto para tal cerimonial colectivo foi um pedaço de texto meu, que vos tinha enviado a propósito das "pegadas" das "stars" no "Grauman Chinese Theatre", em Hollywood. Chamar "texto" àquilo é grande favor... um simples parágrafo quase sem sentido, retirado de um contexto mais amplo... Mas eu não precisaria de ter escrito nada... Bastar-me-ia ter lá posto o nome de "Marilyn Monroe" ou até, como diz Ruy Belo, escrever a simples palavra "Mulher", para que todos os "amigos Bloguistas" saltassem como molas a dizer todo o bem que dela pensam...!
Claro que não serei eu quem os vai contradizer... Mas se tivessem perguntado aos realizadores que trabalharam com ela, certamente encontrariam também uma quase unanimidade, mas de sinal contrário.... Malcriada, pretenciosa, mimada, embirrenta, borrifando-se em horários e em todos os que estavam à volta dela, incluindo os colegas de profissão, são alguns dos epítetos que utilizariam...
De todos eles, um dos mais virulentos era exactamente Billy Wilder. Nas longas entrevistas que deu a Cameron Crowe e que se encontram publicadas em livro ("Conversations with Wilder"), BW conta que Marylin sarrazinou os ouvidos a ele e à produção para que o filme fosse "a cores" e não "a preto e branco".
Que ela sairia beneficiada com a côr e que, com isso, o próprio filme teria também muito a ganhar em termos de sucesso comercial (a espertalhona, falou-lhes "ao bolso" e não "ao coração"...)...
Wilder teve de lhe explicar que, tratando-se de "homens a fazer de mulheres", o filme tinha de ser "a preto e branco" para que não se apercebesse na imagem o escuro da barba dos homens... A Diva engoliu...!
Outra história do estilo que me vem à memória: durante a rodagem do "Os Homens Preferem as Loiras", Marilyn não suportou que Jane Russel tivesse nos anúncios o seu nome antes do dela, e por vezes até em letras maiores, e também que o camarim da Russel fosse maior do que odela...!
Explicaram-lhe que Russel era mais antiga no "métier", que tinha um passado mais rico do que o dela.... Talvez, por pudor, não lhe tenham dito, mas poderiam muito bem tê-lo feito, que também Miss Russel tinha sabido, antes dela, ir para a cama com o "homem certo, no lugar certo e no momento certo"...!
A Diva não se conformou com essas explicações e berrou apenas: "Pois, pois, mas o filme chama-se "Os Homens Preferem as Loiras", e aqui a loira sou eu"...!!!
Desculpem a "pica". Para a próxima serei mais suave...
Colaboração de Luís Mira
4 comentários:
Belas viagens, Luís Mira.
E não deixe de partilhar essas prosas...
Obrigado pelo incentivo, Filhote.
Pelas minhas contas ainda faltarão aí umas 9 ou 10 "crónicas", mas não sei se terei tempo de as fazer... É que impus a mim próprio parar quando tiver passado um ano desde o início da viagem, o que aconteceu em Julho de 2008.
Para mim estes textos têm a vantagem de compensar, em parte, o "diário de viagem" que comecei, mas não tive tempo de acabar...
Para os primeiros destinatários, ainda pode surgir, aqui ou ali, uma ou outra fotografia interessante.
Mas para outras pessoas, que ainda por cima não me conhecem de lado nenhum, calculo que tudo isto não passe de grandes "secas" com laivos de pretenciosismo. Mas o Dono da Loja acha que têm interesse, e quem sou eu para lhe dizer o contrário...
Um abraço do LM.
Obrigado pelo incentivo, Filhote.
Pelas minhas contas ainda faltarão aí umas 9 ou 10 "crónicas", mas não sei se terei tempo de as fazer... É que impus a mim próprio parar quando tiver passado um ano desde o início da viagem, o que aconteceu em Julho de 2008.
Para mim estes textos têm a vantagem de compensar, em parte, o "diário de viagem" que comecei, mas não tive tempo de acabar...
Para os primeiros destinatários, ainda pode surgir, aqui ou ali, uma ou outra fotografia interessante.
Mas para outras pessoas, que ainda por cima não me conhecem de lado nenhum, calculo que tudo isto não passe de grandes "secas" com laivos de pretenciosismo. Mas o Dono da Loja acha que têm interesse, e quem sou eu para lhe dizer o contrário...
Um abraço do LM.
LUIS
Dêvo confessar que é totalmente "BABADO" que tenho visto e lido as tuas crónicas e dêvo confessar que é com enorme saudade que relembro os meus 41 anos ao serviço da nossa TAP que me deu a oportunidade de conhecer o mundo inteiro e de fazer as minhas comparações.
Mentiria se dissesse que a América não é o meu país de eleição e onde sempre me senti em casa.
Para a conhecer,é preciso lá ir tal como tu também tiveste essa oportunidade.
Claro que todos os paises têm os seus problemas agora acho que o seu valôr está em saber resolvê-los ...sem olhar a quem!!!
Tenho uma profunda admiração pela América e o seu pôvo,põvo esse que também tem em sê-lo.~
Acho que não é preciso dizer mais nada!!!
Para bom entendedôr!!!....
Se tiverem oportunidade,vão lá e depois opinem!!!!
Enviar um comentário