Tenho para mim que não se fez ainda o devido reconhecimento a João Martins, um verdadeiro animal da rádio que esteve também na produção de discos (Fausto, Filarmónica Fraude, Jotta Herre) e na televisão.
Fala-se muito do "Em Órbita" e do "Página Um" , com toda a justeza, aliás, este ano vai-se falar muito do ZIP-ZIP (sempre são 40 anos), mas da "23ª Hora" e do seu animador, pouco ou nada.
Muito antes do "Em Órbita", era a "23ª Hora", na Rádio Renascença, que fornecia a música jovem, a nova música que se fazia lá fora.
Começou a ser transmitido em 1958 com Joaquim Pedro, Matos Maia e João Pedro Baptista, seus criadores, e João Martins, Armando Marques Ferreira e Fernando Curado Ribeiro.
Não sendo tão elitista nem inovador como "Em Órbita", a "23ª Hora" cumpria no entanto os objectivos de então que eram sobretudo as novidades que produziam extra-fronteiras, designadamente a chamada música pop anglo-saxónica, bem como o yé-yé português.
Em 1969, há 40 anos, João Martins abandonou a Rádio Renascença e foi para o Rádio Clube Português fazer "Impacto", esse sim, já com a forte concorrência de "Em Órbita".
A minha preocupação constante é a qualidade, dizia então João Martins.
João José dos Santos Martins nasceu em Lisboa em 1939.
Segundo o "Diário Popular" da época, João Martins é um notável exemplo de perseverança.
Quase autodidacta - continua o jornal - trouxe para a Rádio um estilo europeu, adiantado em relação aos seus pares na locução de cabina.
Adoptou para o nível português os padrões triunfantes em Radio Caroline, Radio England e Radio London: um ar pop despreocupado, fruto (afinal) de longa preparação de cada programa.
Foi o primeiro locutor português a entrevistar Cliff Richard, Adamo, Shirley Bassey, Searchers, Norrie Paramor.
Foi também o grande divulgador das interpretações de Thilo's Combo, Sheiks e Quinteto Académico, Mercês da Cunha Rego, João Braga e João Ferreira Rosa.
Um pequeno orgulho, conforme confessou.
Fala-se muito do "Em Órbita" e do "Página Um" , com toda a justeza, aliás, este ano vai-se falar muito do ZIP-ZIP (sempre são 40 anos), mas da "23ª Hora" e do seu animador, pouco ou nada.
Muito antes do "Em Órbita", era a "23ª Hora", na Rádio Renascença, que fornecia a música jovem, a nova música que se fazia lá fora.
Começou a ser transmitido em 1958 com Joaquim Pedro, Matos Maia e João Pedro Baptista, seus criadores, e João Martins, Armando Marques Ferreira e Fernando Curado Ribeiro.
Não sendo tão elitista nem inovador como "Em Órbita", a "23ª Hora" cumpria no entanto os objectivos de então que eram sobretudo as novidades que produziam extra-fronteiras, designadamente a chamada música pop anglo-saxónica, bem como o yé-yé português.
Em 1969, há 40 anos, João Martins abandonou a Rádio Renascença e foi para o Rádio Clube Português fazer "Impacto", esse sim, já com a forte concorrência de "Em Órbita".
A minha preocupação constante é a qualidade, dizia então João Martins.
João José dos Santos Martins nasceu em Lisboa em 1939.
Segundo o "Diário Popular" da época, João Martins é um notável exemplo de perseverança.
Quase autodidacta - continua o jornal - trouxe para a Rádio um estilo europeu, adiantado em relação aos seus pares na locução de cabina.
Adoptou para o nível português os padrões triunfantes em Radio Caroline, Radio England e Radio London: um ar pop despreocupado, fruto (afinal) de longa preparação de cada programa.
Foi o primeiro locutor português a entrevistar Cliff Richard, Adamo, Shirley Bassey, Searchers, Norrie Paramor.
Foi também o grande divulgador das interpretações de Thilo's Combo, Sheiks e Quinteto Académico, Mercês da Cunha Rego, João Braga e João Ferreira Rosa.
Um pequeno orgulho, conforme confessou.
19 comentários:
Caro LT:
A questão é que o "Em Órbita" não era apenas um programa de rádio que transmitia "música jovem" (seja lá o que isso for), "inovador e elitista". Tanto que, ao contrário dos outros programas citados, não era feito e produzido - excepção para os locutores - por "profissionais da rádio" ou dos "media": que me lembre, apenas o Pedro Albergaria continuou a fazer, e mesmo assim esporadicamente, alguma coisa nessa área. Era feito por gente como nós, a quem lhes dava gozo o que faziam e como o faziam. O "Em Órbita", com o seu rigor, intransigência, critérios e (pq não?)o tal "elitismo", não era apenas um programa de rádio, mesmo que o melhor, era algo acima disso e que c/ eles se não confunde: um modo de viver e estar na vida. E decidiu mudar de rumo quando esse modo de estar e viver a vida deixou de se identificar com a música popular anglo-saxónica, quando esta se foi tornando mainstream e passou a ser parte do status quo. Quando o movimento social que lhe estava na base se foi desvanecendo.
Uma imagem que me surge é que é o mesmo que comparar um filme de "autor" (um bergman, p. ex.) c/ um razoável ou mesmo bom produto do "studio system".
Abraço
Completamente de acordo e, para dizer a verdade, até considero que não contradiz o que penso e, se calhar, mal reproduzi.
Como sabemos, o "Em Órbita" é outro patamar, outra galáxia.
Mas isso não quer dizer que fosse a única e exclusiva fonte de "música jovem" (seja lá o que isso for)... havia outros programas que se podiam ouvir concumitantemente. Digo eu!
LT
Ainda há dias, numa entrevista ao "Notícias Magazine", José Duarte referia que tinha sido o João Martins que o desafiou para fazer um progranma de jazz diário na Rádio Renascença - os "cinco Minutos Jazz" que aparecia como rubrica da "23ª Hora", que ainda existe e vai fazer 42 anos. José Duarte disse, então, que João Martins foi um "radialista fundamenbtal na história da rádio em Portugal, alguém que adivinhava o futuro".
Num texto lá muito para trás deixei escrito que o "esquecimento" a que votaram o João Martins é uma das muitas injustiças com que tratamos os nossos melhores. Na rádio, no que quer que seja...
Ouvir, claro. Apenas isso, caro LT. Digo eu tb.
JC
Roubados, Gin-Tonic. "Roubados, roubados sim!!!"
Na fotografia do João Martins que Mr. Ié-Ié escolheu para ilustrar o texto, falta a sua imagem de marca - um cigarro entre os dedos. Espero bem que tenha sido por não ter uma em arquivo!...
Não foi só ontem, caro JC...
Do que Mr. Ié-Ié me haveria de fazer lembrar!!! Do meu primeiro encontro com o João Martins, em 1969. Eu era ouvinte do "Impacto" e, numa noite, decidi ir até à Sampaio e Pina (estúdios do RCP) com um single que acabara de receber de Londres - "Road to Cairo" de David Ackles, na versão de Julie Driscoll, Brian Auger & The Trinity. Tendo percebido, através do programa, que João Martins era fã da Julie Driscoll fui-lhe levar a novidade. Ele veio à recepção falar comigo, agradeceu e ficou com o disco. Mas a emoção maior ficou guardada para mim quando, no dia seguinte, "Road to Cairo" passou no "Impacto". Anos depois cruzei-me profissionalmente com o João Martins mas nunca evoquei com ele este episódio. Até hoje!!!
Ora aqui está alguém que conhece o David Ackles, algo não mtº habitual. Penso que o "Em Órbita" passava o "American Gothic", aliás o único disco que tenho dele. O Vítor conhecerá tb os "Steampacket" com os citados Brian Auger e Julie Driscoll, mais um grande nome britânico dos blues: Long John Baldry
Estive agora a ver o meu "American Gothic" e é de 1972. Portanto, o "Em Órbita" passaria talvez o seu 1º álbum, e não este. Sorry...
Também conheci o David Ackles através do "Em Órbita" mas não sei precisar quais as músicas. De resto, nunca cheguei a ter nenhum disco dele. Sobre o Long John Baldry sei vagamente das suas ligações ao Elton John e ao Rod Stewart, nos anos 60, e apenas conheço "Let the Heartaches Begin".
Grande Vítor:
Também fui municiador do João Martins, mas na "23ª Hora", e, se bem me lembro, fiquei com os discos todos. Quando levava, trazia os anteriores.
Lembro-me muitíssimo bem que foi ele o primeiro a passar "You Were On My Mind" e "19th Nervous Breakdown", pelo menos. E esses singlezinhos queridos ainda estão comigo...
LT
De David Ackles, tenho só o primeiro disco, e é excelente. Justa é de facto esta recordação de João Martins, que desenvolveu um trabalho notável, ecléctico e vasto como produtor discográfico entre 1967 e 1970.
De como passei a conhecer e a admirar a música de David Ackles, contarei um dia destes... é uma história muito longa que envolve catacumbas em Londres e lotes de "malhetes"...
E, caros JC e Gin-Tonic, fomos, sim, espoliados. Mais uma vez. Resta-nos a consolação, quem sabe de futuro campeão, de que ganhámos definitivamente uma equipa e recuperámos o magistral "El Mago"!
Meus queridos amigos
Permitam-me que lhes conte uma historia.
Em 1961 nas manhãs da Radio Renascença havia um programa "Clube das 10" produção de Carlos Moutinho e Alberto Rodrigues onde um jóvem esforçado era o chamado "topa a tudo".
Foi neste programa que a Valentim de Carvalho lançou o concurso "Caloiros da Canção" que veio dar origem ao primeiro E.P. de música Rock portuguesa (enfim...música chamada moderna).
Esse rapaz chamava-se João Martins,era um grande e esforçado profissional,dono de uma voz radiofónica estupenda,e daí a uns tempos começou a fazer umas "perninhas" de locução.
Mais tarde,transformou-se no "MONSTRO DA RÁDIO" que todos conhecemos,e mentór da historica "23ªHORA".
Os anos passaram,o João seguiu a sua brilhante carreira na rádio,e a maior parte de nós,jòvens roquistas, seguiram outras carreiras profissionais.
Em 2003 a AA60(Associação Anos 60) resolveu fazer um espectáculo no Olga Cadaval com os velhos elementos de antigas bandas para relembrar velhos tempos o que acabou por ser um sucesso e o teatro esgotou!!)
Nessa altura, tive a ideia que era giro fazer uma homenagem á "23ª HORA" reconhecido por todos como programa mitico dos anos 60 e fui com o Jaime Pereira (ROCKFELLAS)á agência de publicidade do JOÃO para o convidar para ser o apresentador, pois estávamos a pensar recrear ao vivo e em palco uma emissão da 23ª HORA.
Apresentei-me com um certo receio de que já se não lembrasse de mim,e confesso que foi com uma certa comoção,que senti o João agarrar-se a mim num apertado abraço e com as lágrimas nos olhos.
Estivémos cerca de uma hora a relembrar velhos tempos (tinham passado 42 anos)e o João pega no telefone e liga para a Maria João Baião (Sua antiga partenaire na 23ª hora) desafiando-a para apresentar o espectáculo com ele ao que ela imediatamente aderiu.
FOI UMA EXCITAÇÃO!!!!!
Fõmos á Renascença e falámos com um "senhor" que ficou empolgado com a ideia e pôs logo á nossa disposição o "Museu da Renascença" para se montarem no palco velhas aparelhagens que dariam um toque de Época ao evento.
Cerca de oito dias antes do espectáculo começaram os problemas.e o dito "senhor" acabou por nos comunicar que afinal ficaria tudo sem efeito.
ACONTECE!!!
Lá fomos "com o rabo entre as pernas" ter com o João,contando o sucedido e que a coisa ficava sem efeito.
O JOÃO foi inexcedível em simpatia e disse logo que não faltariam outras opotunidades......!!!
O espectáculo acabou por se realizar debaixo da orientação do "pobre" do Luis Pedro Fonseca (absolutamente BRILHANTE!!)mas para meu enorme desgosto soube cerca de seis mêses mais tarde que o João havia falecido victima daquela maldita doença que não perdôa.
Nunca imaginei que este HEROI estêve-se a bater até ao fim,sem nunca se queixar!!!!
Ficou uma eterna saudade daquele amigo de tôda uma vida,daqueles amigos que infelizmente hoje já não exitem.
Podemos estar muitos anos sem nos vermos,mas sabemos que ele ...lá está!!!
Se é verdade que existe "ALGO"lá em cima.....O QUE A GENTE SE VAI DIVERTIR QUANDO NOS ENCONTRARMOS TODOS LÁ!!!!
Desculpem esta "chatice" um pouco longa,mas não podia deixar de recordae este amigo que estou certo deixou imensas saudades áqueles que o ouviam na rádio e aos outros que tiveram o orgulho de o ter conhecido e o enorme prazer da sua companhia.
JOÃO!!!!ATÉ QUALQUER DIA!!!!
Este Senhor nasceu a 2 de Fevereiro de 1938 e não em 1939!
É com grande orgulho que li o comentário acima pois ainda me lembro de o ter mesmo aqui ao lado em casa.
Sempre com saudade, o neto!
Tomás Fonseca
Boa noite,
antes demais um obrigada pela homenagem muito merecida ao nosso avô. Foi com muito agrado que nos deparámos com estas palavras sobre o trabalho a que dedicou uma grande parte da sua vida e que tanto prazer e orgulho lhe dava.
Queríamos apenas fazer um reparo, o nosso avô nasceu realmente em Lisboa mas a 2 de Fevereiro de 1938 e não 1939.
Muito obrigada.
Kátia e Tomás Fonseca
Somos família! Era meu tio avô.
Estou completamente de acordo, um grande homem da rádio
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