terça-feira, 2 de setembro de 2008

UM CONJUNTO ACADÉMICO-MILITAR

Nova vida para os sete rapazes do Conjunto João Paulo: desde segunda-feira que estão incorporados no Exército e prestam serviço na Escola Prática de Infantaria, em Mafra.

Esta manhã, por amabilidade do comandante e a pretexto de uma fugaz reaparição do Conjunto - na festa de beneficência da Ericeira - os sete jovens falaram, no quartel, com um repórter do "Diário Popular".

Sérgio Borges afirmou:

- Estamos a fazer a "vida ao contrário": levantamo-nos à hora a que, antes, nos deitávamos...

O Conjunto está desmembrado nestes primeiros dias de instrução: João Paulo e Rui Daniel fazem parte do curso de oficiais milicianos e Sérgio Borges, José Gualberto, Ângelo Moura, Carlos Alberto e o sonoplasta Luís Farinha ingressaram no curso de sargentos.

- Vai ser difícil - disseram - reorganizar o Conjunto antes de três ou quatro anos. Aqui o trabalho é duro e, à noite, queremos descansar. Ao outro dia, a alvarada é às sete horas.

Dois dos sete rapazes são voluntários, porque não tinham a idade legal para a incorporação. São eles: Ângelo Moura e José Gualberto.

João Paulo disse-nos, a propósito:

- Somos todos amigos de infância e quisémos cumprir o serviço militar ao mesmo tempo para ver se é possível continuarmos unidos até ao regresso à vida civil.

Quando esperam reaparecer?

- A não ser em espectáculos particulares organizados com o acordo com as entidades militares, só devemos voltar a actuar em público dentro de três a quatro anos.

A reaparição do Conjunto, esta noite, na Ericeira, é pràticamente o "adeus" ao público que os elegeu ídolos da canção.

- Não prometemos estar "afinados" - disseram-nos - há três meses quer não ensaiamos.

O Conjunto João Paulo era um dos mais bem pagos de todo o país e começava a ganhar projecção no estrangeiro. Recentemente, os sete rapazes e o empresário perderam um contrato superior a mil contos que compreendia uma larga "tournée" pela África do Sul e a sua apresentação em Paris.

Os rapazes continuam, porém, muito unidos. Recentemente, compraram um andar em Sacavém, onde viviam todos.

- O andar está em nome de João Paulo - disse-nos Sérgio Borges - mas pertence-nos a todos por igual.

A entrevista, na parada do quartel, estava terminada. O capitão Sarmento e o alferes Castanheira mandaram que eles regressassem aos seus postos para a instrução.

E disseram-nos:

- Aqui eles não são conhecidos como componentes do Conjunto João Paulo, mas sim pelo número mecanográfico da instrução... Durante quatro anos aguarda-os uma vida diferente da que tiveram até aqui.

in "Diário Popular", 16 de Setembro de 1966, pág. 11

Integrados no Exército, os sete rapazes passaram seis meses na Guiné Portuguesa, primeira fase da sua comissão no Ultramar, actuando para os elementos das Forças Armadas da guarnição que, nos mais remotos locais, cumprem missão de soberania.

Agora rumo a Angola, onde permanecerá até ao fim do ano com idêntico propósito, o Conjunto Académico-Militar acaba de dar os seus últimos espectáculos nesta Província.

in "Plateia", 28 de Maio de 1968, pág. 27

1 comentário:

Edward Soja disse...

Olá, amigos.

Isto tem pouco a ver com o Conujunto Académico...

Bem, contactaram-me de uma produtora de televisão (contactaram o Mostrai-vos...), de seu nome CBV Produções Televisivas, a perguntar pelo contacto de Vítos Gomes ou algum outro membro ou agente da banda para convidar os Gatos Negros para um programa que a RTP vai estrear em horário nobre já este mês...

Alguém pode ajudar?
:)

(Em sussurro... será que vamos ter música na televisão portuguesa?)