Logo a abrir, num documentário da BBC sobre Janis Joplin, pode ouvir-se: “Antes de Janis Joplin, nenhuma mulher branca cantava assim”.
Exagero?
Vamos admitir que sim, mas por mim penso que não. Para Janis Joplin faltam adjectivos à altura. Ouve-se “Pearl”, álbum publicado depois da sua morte, e que não poderia ter outro título, e pode concluir-se: puro génio!
Como todas as declarações de paixão poderei não estar certo, mas Janis Joplin é o que é.
Há centenas e centenas de versões de “Summertime”, mas nenhuma como a de Janis, como também ninguém canta “Me And Bobby McGee" como ela e aquela gargalhada final em “Mercedes Benz”, “oh! Lord por que não me compras um Mercedes Benz?”, jamais se esquecerá.
Janis Joplin nasceu em 1943 em Port Arthur, uma pasmaceira perdida no meio do Texas.
A mãe, como boa conservadora americana que era, queria que Janis fosse professora, casasse com um rapaz simples, tivesse filhos, que aos domingos ficasse em casa a fazer tartes de maçã.
Mas Janis descobriu que sabia cantar e passou a querer ir longe, o mais longe possível. Gostava de “blues” e cantava-os com energia, sensualidade, atrevimento, uma loucura extravagante, uma rebeldia cheia de inteligência.
Os colegas de universidade chamavam-lhe “amante de pretos”, ela disse: “vão-se lixar” e voou para outras paragens.
Sofreu com os homens que lhe apareceram na vida, Country Joe MacDonald portou-se particularmente mal –“ nobody is perfect” – mas Joplin só queria cantar e ter um pouco de paz. Contudo o álcool e as drogas apanharam-na na esquina mais próxima.
A mãe chegou a dizer-lhe que mais valia não ter nascido, mas estava escrito que ninguém a veria sentada no alpendre, ao cair da tarde, numa cadeira de baloiço a beber whisky e a contar histórias.
Nunca controlou os sentimentos, considerava-se o máximo – e era! – só que o fardo apresentou-se demasiado pesado.
Terá dito aos amigos: “Nunca chegarei aos trinta anos!”.
A 4 de Outubro de 1970, devido a uma overdose de heroína, foi encontrada morta num quarto de hotel. Tinha 27 anos. “Era cega mas agora vejo".
A frase batida de que morre jovem os que os deuses amam.
“De que serve beber? Posso beber toda a noite e continuar triste na manhã seguinte. Dêem-me gin, bourbon, não interessa o que eu beba desde que me apague as mágoas".
“No palco faço amor com mais de 25.000. pessoas e depois vou para casa sozinha”.
“Trocaria todos os meus amanhãs por um único ontem”.
Conheceu a angústia, o encantamento, a alegria.
Acontece aos poetas.
Colaboração de Gin-Tonic
Exagero?
Vamos admitir que sim, mas por mim penso que não. Para Janis Joplin faltam adjectivos à altura. Ouve-se “Pearl”, álbum publicado depois da sua morte, e que não poderia ter outro título, e pode concluir-se: puro génio!
Como todas as declarações de paixão poderei não estar certo, mas Janis Joplin é o que é.
Há centenas e centenas de versões de “Summertime”, mas nenhuma como a de Janis, como também ninguém canta “Me And Bobby McGee" como ela e aquela gargalhada final em “Mercedes Benz”, “oh! Lord por que não me compras um Mercedes Benz?”, jamais se esquecerá.
Janis Joplin nasceu em 1943 em Port Arthur, uma pasmaceira perdida no meio do Texas.
A mãe, como boa conservadora americana que era, queria que Janis fosse professora, casasse com um rapaz simples, tivesse filhos, que aos domingos ficasse em casa a fazer tartes de maçã.
Mas Janis descobriu que sabia cantar e passou a querer ir longe, o mais longe possível. Gostava de “blues” e cantava-os com energia, sensualidade, atrevimento, uma loucura extravagante, uma rebeldia cheia de inteligência.
Os colegas de universidade chamavam-lhe “amante de pretos”, ela disse: “vão-se lixar” e voou para outras paragens.
Sofreu com os homens que lhe apareceram na vida, Country Joe MacDonald portou-se particularmente mal –“ nobody is perfect” – mas Joplin só queria cantar e ter um pouco de paz. Contudo o álcool e as drogas apanharam-na na esquina mais próxima.
A mãe chegou a dizer-lhe que mais valia não ter nascido, mas estava escrito que ninguém a veria sentada no alpendre, ao cair da tarde, numa cadeira de baloiço a beber whisky e a contar histórias.
Nunca controlou os sentimentos, considerava-se o máximo – e era! – só que o fardo apresentou-se demasiado pesado.
Terá dito aos amigos: “Nunca chegarei aos trinta anos!”.
A 4 de Outubro de 1970, devido a uma overdose de heroína, foi encontrada morta num quarto de hotel. Tinha 27 anos. “Era cega mas agora vejo".
A frase batida de que morre jovem os que os deuses amam.
“De que serve beber? Posso beber toda a noite e continuar triste na manhã seguinte. Dêem-me gin, bourbon, não interessa o que eu beba desde que me apague as mágoas".
“No palco faço amor com mais de 25.000. pessoas e depois vou para casa sozinha”.
“Trocaria todos os meus amanhãs por um único ontem”.
Conheceu a angústia, o encantamento, a alegria.
Acontece aos poetas.
Colaboração de Gin-Tonic
2 comentários:
Belo naco de prosa, Hugo, como sempre aliás.
Não te esqueças de dizer ao Rato qual a "canção da tua vida". O desafio que foi lançado recentemente no blog está a ser um sucesso, com muitas surpresas à mistura.
É claro que o convite para participação se estende a todos os "habitués" deste blog também.
Em meia dúzia de brilhantes penadas, Hugo Santos logrou definir Janis Joplin. Belo texto!
Aproveito para recordar aqui o notável filme "The Rose", protagonizado por Bette Midler, que se inspira claramente na vida de JJ.
Hugo, estou a ouvir "Piece of my Heart"...
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