terça-feira, 11 de dezembro de 2007

RENASCENÇA PROIBIU BEATLES


A propósito da transmissão pela RTP2 de um documentário sobre "Love", do Circle du Soleil e dos Beatles, citou-se nos comentários deste blog uma frase deficientemente atribuída a John Lennon.

Apesar da incorrecção da citação, a frase ficou para a história e contra isso não há nada a fazer. O próprio Lennon ainda tentou remar contra a maré, mas perante o tsunami, optou por pedir desculpa e encerrar o caso.

Lembrei-me que o caso teve igualmente as suas consequências em Portugal. No Verão de 1966, a Rádio Renascença, propriedade do Patriarcado de Lisboa, proibiu a transmissão das canções dos Beatles.

"A Rádio Renascença tomou esta posição não só por iniciativa da própria direcção, mas em vista dos numerosos telefonemas e cartas de ouvintes que nos pediam para tomar providências: houve mesmo um movimento de todas as pessoas cristãs", disse ao Diário Popular, João Martins, locutor da "23ª Hora" que aqui funcionou como porta-voz da RR.

No Rádio Clube Português, feroz concorrente da RR, a opinião é exactamente a contrária: "o número de pedidos (de discos dos Beatles) aumentou bastante depois da polémica", disse Diamantino Faria, do "Talismã". Eugénia Maria, do mesmo programa, chegou até a proclamar que "aquilo não passou de um truque publicitário".

Mas o inquérito do Diário Popular revelou outras opiniões fascinantes:

Rui de Carvalho (actor): "(a proibição da RR) não tem razão de ser: os Beatles hão-de acabar por se proibir a eles próprios". Ah! Ah! Ah! (calma, a risota é minha!).

Júlio Cunha (chefe de vendas dos Estabelecimentos Valentim de Carvalho): "o cansaço está a apoderar-se dos ouvintes... é um facto. Aliás, os Beatles nunca tiveram grande êxito entre nós. Quanto à infeliz afirmação... tenho a certeza de que pouco ou nada influi na venda de discos do conjunto".

1 comentário:

josé disse...

A BBC inglesa, terra de democracia insuspeita, até há pouco tempo, proibía canções avulsas que entendiam discricionariamente, atentar contra valores que defendem.

E daí? A censura é um problema de todos os lados e por todos os lados.

Agora, a censura, por cá, faz-se aos ditos "fascistas".

Basta mencionar uma canção como Angola é nossa e cai logo em cima o rolo compressor do anti-fascismo.

Tou certo ou tou errado, como dizia o outro?