quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

A SEGUNDA MORTE DO BLITZ


BLITZ, nº 137, Janeiro de 2018.

Esta é a derradeira edição do/da Blitz, as we know it. Apesar de datada de Janeiro de 2018, esta última edição foi para as bancas no dia 20 de Dezembro de 2017.

Fundado por Manuel Falcão no dia 06 de Novembro de 1984, o Blitz - jornal semanal - cedo vingou naquilo a que se propusera ser: especialista em música.

Co-fundadores: António Duarte, António Sérgio, Carlos Simões, João Afonso, João Filipe Barbosa, João Manuel Alves (Açores), Luís Peixoto, Luís Pinheiro de Almeida, Luís Vitta, Manuel Cadafaz de Matos, Moema Silva, Pedro Pyrrait, Quico (Porto), Rui Monteiro, Rui Neves, Rui Pego, Serge Clemens (Hamburgo), Alfredo Cunha e Luís Vasconcelos (fotografia).

Ao longo de mais de duas décadas foi leitura obrigatória às terças-feiras: Pregões e Declarações (alguém lhe chamou o twitter do séc. XX), Alô Alô Dona Rosa (uma espécie de Wikipedia de papel antes de tempo), K7 Pirata (onde pessoas ligadas à música, incluindo músicos,  revelavam as suas preferências) e muitas outras rubricas e textos fizeram as delícias de quem gostava de música.

Este figurino terminou no dia 24 de Abril de 2006, a sua primeira morte!

Morreu um jornal semanal, nasceu uma revista mensal!

A revista surgiu no Verão de 2006 (Julho), com o mesmo nome, mas com a dificuldade de se lhe atribuir um género, e com Miguel Cadete como director.

O novo "produto" de Pinto Balsemão  - já era assim que se chamava - perdeu a actualidade, mas não preencheu o espaço que uma revista mensal proporcionaria, com "trabalhos de grande fôlego", como diria o João Afonso, tipo "Uncut", "Mojo", "Q", nem sequer no número de páginas.

Agora veio o fim, claro, a segunda morte, a definitiva as we know it.

Apesar de excepções, aqui e ali, a revista foi perdendo gás, o que se reflectiu nas vendas e o grupo Impresa despachou-a.

Ironia das ironias, este canto do cisne é uma boa edição, com uma belíssima capa (não assinada, pelo menos não vi) dedicada a Zé Pedro, dos Xutos, falecido a 30 de Novembro pp (quase um mês antes).

Agora na nuvem, vai ser um ar que se lhe deu, longe da vista, longe do coração.

Luís Pinheiro de Almeida

6 comentários:

Cruz disse...

Péssima notícia (apesar de ainda continuar de forma digital e com 3 edições especiais previstas para o próximo ano

Cruz disse...

Eu gostava/gosto da revista. Ainda durou 11,5 anos o que é sintomático de que teve uma boa aceitação por parte do público.

Cruz disse...

A marca Blitz já existe desde 1984, o que é um marco importante na nossa imprensa.

Por vezes abusavam da repetição de capas e conteúdos (Pearl Jam, Nirvana, Foo Fighters, Metallica) mas nunca deixaram de apoiar a música portuguesa e divulgação de novos artistas.

Ofereceu igualmente (nestes últimos 2-3 anos e de forma gratuita) muitos CDs de música portuguesa (Legendary Tiger man, Capitão Fausto, Linda Martini, UHF, Peste & Sida, Tara Perdida, Blasted Mechanism, Frankie Chavez, Silence 4, Eléctrico Chamado Desejo, À sombra do Cristo Rei, Leiria Calling, Mundo Segundo, DJ Ride, Gisela João etc., etc.) que só por si eram uma mais valia da aquisição da revista.

CDA disse...

"Impresa quer vender revistas. Visão pode fechar" 23/08/2017 http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/media/detalhe/impresa-estara-a-ponderar-fechar-a-revista-visao

Muito antes da chegada da revista Blitz verificava-se que o grupo não tinha qualquer revista sobre música quando era habitual nas congéneres internacionais a ela associadas. Tivemos Exame Informática, Caras, entre muitas outras sem nunca haver nenhuma dedicada à música. E em alturas de pujança da indústria discográfica o que poderia ter facilitado! Curiosamente já não existe no mercado revistas dedicadas ao cinema (para dar um exemplo que conheço) quando existiram várias. A transformação do Blit zem revista permitiu mais alguns anos de vida o que é melhor que nada. Mais recentemente já tinha reduzido o nº de edições por ano mas ainda apareceu uma 2ª revista dedicada à história da música e que se calhar até pode continuar. Ou até edições anuais como faz o Observador.

delay disse...

“Vamos continuar a fazer aquilo que fazemos desde 1984: ir atrás da melhor música”. A atualidade, as reportagens de fundo, as grandes entrevistas, a aposta forte no vídeo e as edições especiais em papel são alguns dos assuntos abordados pelo diretor da BLITZ http://blitz.sapo.pt/videos/2017-12-20-Os-proximos-passos-da-marca-BLITZ-explicados-em-video-pelo-diretor-Miguel-Cadete

gps disse...

Esperemos que daqui a 10 anos ainda estejamos a falar do Blitz.

Houve muitos que anunciaram o fim do Blitz em 2005, mas felizmente ainda perdura.