TOMA LÁ DISCO - 009
Face 1
Gostava de Vos Ver Aqui – Amanhã, Um Filho – Domingo de Praia – Lugar Comum, Tão Bonito (Parte 1) – Lugar, Comum Tão Bonito (Parte 2)
Face 2
Nini Dos Meus Quinze Anos – Amor Livre – A Marcha da Vida – Cab’Verde Na Estrela (Parte 1) – Cab’Verde Na Estrela (Parte 2)
Às voltas com um texto sobre a “Morte e Vida Severina”, prometido desde Setembro de 2008 ao dono do Kioske, tropeçou em “Já Cá Não está Quem Falou” do Alexandre O’Neill, numa crónica, bem divertida, em que se fala do Chico e do Paulo de Carvalho.
Começa assim:
“A vantagem de Xico Buarque de Holanda é que não diz que anda vinte anos adiantado em relação aos da sua terra e do seu ofício como fez, entre nós, o Paulo de Carvalho, que devia ficar-se pela voz e calar, para todo o restante, o considerável bico. A vantagem, sem desprimor para ninguém, é que o Xico Buarque é culto e o Paulo de Carvalho não. Eu sei que este nosso excelente cantor não nasceu em berço de papel impresso como o brasileiro, mas já tinha tempo de saber quem era e o que podia.
Em 74 veio a minha casa pedir-me letras para canções. Estava algo desorientado e achava, se calhar, que talvez o velho, reaças mas não em demasia, lhe desencalhasse o barquinho. Fiz para ele duas letras (”Maternária” e “Romária”), emprestei-lhe um livro com as minhas poesias reunidas (livro que não devolveu e que ainda por cima tinha uma dedicatória à minha ex-mulher).
Não serviu para nada. Sumiu. Fez a sua opção de classe. Reapareceu a cantar, sempre muito bem, mas com umas letras para as quais ele não tinha vigilância crítica possível. Mas gosto dele, ouço-o com agrado (não se topa uma voz daquelas todos os dias), desejo-lhe toda a sorte possível e, sobretudo, que encontre bons letristas".
Este último conselho, em parte, Paulo de Carvalho seguiu. Este disco contém um poema de José Carlos Ary dos Santos (“Amor Livre”) e três de Fernando Assis Pacheco (“Amanhã Um Filho”, “Nini dos Meus Quinze Anos” e "Cab’Verde na Estrela”)...
Ainda sobre o Paulo de Carvalho, numa velha crónica, falava assim Fernando Assis Pacheco:
“O Paulo de Carvalho, creio eu, deve ser um Marante que se habituou a pedir por boca. Foi assim que ele me pediu: “tas porreirinho, tens pouco para fazer, arranja aí dez minutos e esgalhas-me meia dúzia de letras para o meu disco novo".
Não foram meia dúzia, foram três, as atrás citadas e o Fernando terminava a crónica:
“O disco do Paulo é que não entendo ao certo se é giro ou não. Faço um bruta fé que sim, que eu tenha ajudado à festa, embora pouco".
Diga-se que, passados todos estes anos, o disco é de Agosto de 1978, ainda se ouve com agrado, e os poemas do Assis Pacheco ajudaram mesmo:
e desde então se lembro o seu olhar
é só pra recordar
os quinze anos e o meu primeiro amor
foi tempo de crescer
foi tempo de aprender
toda a ternura que tem o primeiro amor
foi tempo de crescer
foi tempo de aprender
que a vida passa
mas um homem se recorda, é sempre assim
Nini dançava só pra mim
Ah! e por mais uns tempos, vai continuar às voltas com o texto sobre a “Morte e Vida Severina”.
O que vale é que Mr. Ié-Ié é um tipo paciente…
Colaboração de Gin-Tonic
Face 1
Gostava de Vos Ver Aqui – Amanhã, Um Filho – Domingo de Praia – Lugar Comum, Tão Bonito (Parte 1) – Lugar, Comum Tão Bonito (Parte 2)
Face 2
Nini Dos Meus Quinze Anos – Amor Livre – A Marcha da Vida – Cab’Verde Na Estrela (Parte 1) – Cab’Verde Na Estrela (Parte 2)
Às voltas com um texto sobre a “Morte e Vida Severina”, prometido desde Setembro de 2008 ao dono do Kioske, tropeçou em “Já Cá Não está Quem Falou” do Alexandre O’Neill, numa crónica, bem divertida, em que se fala do Chico e do Paulo de Carvalho.
Começa assim:
“A vantagem de Xico Buarque de Holanda é que não diz que anda vinte anos adiantado em relação aos da sua terra e do seu ofício como fez, entre nós, o Paulo de Carvalho, que devia ficar-se pela voz e calar, para todo o restante, o considerável bico. A vantagem, sem desprimor para ninguém, é que o Xico Buarque é culto e o Paulo de Carvalho não. Eu sei que este nosso excelente cantor não nasceu em berço de papel impresso como o brasileiro, mas já tinha tempo de saber quem era e o que podia.
Em 74 veio a minha casa pedir-me letras para canções. Estava algo desorientado e achava, se calhar, que talvez o velho, reaças mas não em demasia, lhe desencalhasse o barquinho. Fiz para ele duas letras (”Maternária” e “Romária”), emprestei-lhe um livro com as minhas poesias reunidas (livro que não devolveu e que ainda por cima tinha uma dedicatória à minha ex-mulher).
Não serviu para nada. Sumiu. Fez a sua opção de classe. Reapareceu a cantar, sempre muito bem, mas com umas letras para as quais ele não tinha vigilância crítica possível. Mas gosto dele, ouço-o com agrado (não se topa uma voz daquelas todos os dias), desejo-lhe toda a sorte possível e, sobretudo, que encontre bons letristas".
Este último conselho, em parte, Paulo de Carvalho seguiu. Este disco contém um poema de José Carlos Ary dos Santos (“Amor Livre”) e três de Fernando Assis Pacheco (“Amanhã Um Filho”, “Nini dos Meus Quinze Anos” e "Cab’Verde na Estrela”)...
Ainda sobre o Paulo de Carvalho, numa velha crónica, falava assim Fernando Assis Pacheco:
“O Paulo de Carvalho, creio eu, deve ser um Marante que se habituou a pedir por boca. Foi assim que ele me pediu: “tas porreirinho, tens pouco para fazer, arranja aí dez minutos e esgalhas-me meia dúzia de letras para o meu disco novo".
Não foram meia dúzia, foram três, as atrás citadas e o Fernando terminava a crónica:
“O disco do Paulo é que não entendo ao certo se é giro ou não. Faço um bruta fé que sim, que eu tenha ajudado à festa, embora pouco".
Diga-se que, passados todos estes anos, o disco é de Agosto de 1978, ainda se ouve com agrado, e os poemas do Assis Pacheco ajudaram mesmo:
e desde então se lembro o seu olhar
é só pra recordar
os quinze anos e o meu primeiro amor
foi tempo de crescer
foi tempo de aprender
toda a ternura que tem o primeiro amor
foi tempo de crescer
foi tempo de aprender
que a vida passa
mas um homem se recorda, é sempre assim
Nini dançava só pra mim
Ah! e por mais uns tempos, vai continuar às voltas com o texto sobre a “Morte e Vida Severina”.
O que vale é que Mr. Ié-Ié é um tipo paciente…
Colaboração de Gin-Tonic
8 comentários:
Bela intervenção, Gin-Tonic!
Não conhecia o texto do O'Neill, no entanto diz o que também penso.
Belissima voz, cultura/consciencia zero. Nacional porreirismo...
O Fernando Assis Pacheco escrevia como os gonzos americanos. Dava gosto ler.
Há por aí nos blogs, um outro que o imita muitissim bem.
Dá pelo acrónimo de M.C.R. que significa Marcelo Correia Ribeiro. É imperdível um texto que o tipo escreva. E conheceu bem o Assis Pacheco.
Ei, Sr. Anónimo!
Dizer que o Paulo de Carvalho tem zero de cultura/consciência e é nacional/porreirista é de quem não o conhece. Nada disso corresponde à realidade e, ou de facto não o Paulo de Carvalho ou, conheceu-o quando ele era muito pequenino...
Somos pequenos e normalmente invejosos. Como seria o Sinatra culturalmente, e tantos tantos outros? O Paulo de Carvalho tem uma excelente voz, única, e canta bem. Também eu tenho pena que ele não cante o que eu mais gosto de ouvir. Mas é a opção dele. Se é culto ou não, ou é do Benfica, tem todo o direito de o ser. A meu ver só devemos apreciá-lo enquanto Cantor. Mas além de cantor, e bom, também é um bom autor musical. Então comparado com outros vizinhos aqui publicados ...
Somos pequenos: Melhor seria "puxarmos" mais pelos nossos melhores, como o é o Paulo de Carvalho. Um Voz de um Senhor Cantor português. Fosse de língua Inglesa onde andaria ????
De acordo com tudo, caro Anónimo, menos com esse nosso eterno fatalismo do "fosse de língua inglesa onde andaria".
E por onde andaram (ou andam) Amália Rodrigues, Madredeus, Caetano Veloso, Tom Jobim, Sergio Mendes, João Gilberto, Milton Nascimento, Mutantes, Gilberto Gil, Mariza, Duo Ouro Negro, etc, etc, etc?...
Concordo consigo, Caro "filhote":
De facto admito que também o Paulo de Carvalho pudesse fazer mais pela sua própria carreira.
Tanta ignorância quase assusta, mas muitos portugueses são assim...
Paulo de Carvalho já fez recitais em muitos, muitos pontos do mundo!
Por razões diversas, que fogem ao entendimento precisamente da ignorância, talvez não esteja nada interessado em dar a conhecer esses factos da sua profissão nem a anónimos nem a filhotes...
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