domingo, 26 de julho de 2009

OOH, LAS VEGAS 01


“Ooh Las Vegas, ain’t no place for a poor boy like me…” (Gram Parsons)

Tinha-vos dito que ainda voltaria de novo a Las Vegas, e cá estou…

Que me desculpe o meu amigo Gram Parsons, mas Las Vegas é bem uma cidade para um rapaz como eu!

E a Cristina também gostou, ela que até estava “de pé atrás”…

É verdade que muita boa gente que conheço tem um “parti pris” em relação a Las Vegas. Coisa de anormais, de americanos gordos e atrasados mentais, dizem eles… Não sabem o que perdem…

Las Vegas é uma gigante “Feira Popular” para adultos, onde os carroceis , os carrinhos de choque e as montanhas russas se chamam “Caesars Palace”, “Venetian”, “New york, New York”, “Bellagio”, “MGM” e por aí fora.

Visitar os salões de Roma antiga no interior do “Caesars Palace” e deitar uma moedinha na “Fontana de Trevi”, na esperança de ver sair das águas a Anita Ekberg; ; passear de gôndola através do “Venetian”; visitar o Impire State Building, a Estátua da Liberdade e os diversos bairros de Nova York no “New York, New York” ; olhar a fachada do “Bellagio” e ter a perfeita sensação de que estamos no “ferry” que liga as duas margens do Lago de Como a ver surgir a vila do mesmo nome; visitar as pirâmides e os templos do Antigo Egipto no “Luxor”; a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo e o Moulin Rouge no “Paris Las Vegas”; ver as fontes e as quedas de água do “Mirage”…. É um nunca mais acabar….

Para além disso, Vegas é uma cidade barata. Se eu vos disser que os mais luxuosos (suites autênticas…) e mais baratos quartos que apanhei em toda a viagem foram lá e em Reno, só o Gaspar é capaz de não torcer o nariz porque já lá esteve… Consta (a Cristina sentiu-se mal e impediu-me de o comprovar…) que o Wynn tem o melhor jantar buffet de Vegas, o qual custa apenas $28. E um almoço de “steack and lobster” para duas pessoas no Caesar’s Palace, acompanhado de um bom vinho, não ultrapassou os $100. E a gasolina mais barata que encontrámos também foi lá...

E depois há o jogo, que tanto problemas parece ter dado ao herói da música do Gram Parsons. Consta que cada visitante de Las Vegas perde, ao jogo, uma média de $350, o que até me parece pouco dado que os grupos se parecem dividir entre aqueles que começam a jogar ao pequeno-almoço e aqueles que prolongam a noite de jogo até essa altura. Por mim estou a coberto desses problemas, porque tal como decidi que não poderia passar por Las Vegas sem jogar, também fixei rigorosamente o montante máximo dessa brincadeira e não o ultrapassei um só dólar que fosse…

Sabendo que Las Vegas era um “cemitério de elefantes”, a minha costela “kitch” guardava a secreta esperança de por lá encontrar o Engelbert Humperdinck. Confesso que me teria dado imenso gozo ouvi-lo “ao vivo” numa dessas salas enormes, com aquele impecável “smoking” branco que traz vestido na capa do seu álbum “ Love Songs”, a cantar os velhos sucessos: “Release Me”, “Bicyclettes de Belsize”, “Last Waltz”… E eu, com a minha garrafinha de “champanhe” ao lado, a gritar o EH!!! do “The Man Without Love”, tal como o costumava fazer com o Hugo nas festarolas lá de casa, quando a noite já ia alta e tudo nos era permitido:

“Every day I wake up ………. EH!!!
Then I start to break up ……. EH!!!
Lonely is the man without love
Every day I start out ………… EH!!!
Then I cry my heart out …….. EH!!!
Lonely is the man without love”

Mas, com muita pena minha, não o encontrei. Por coincidência, uns dias depois cruzei-me com ele numa localidade perto de Palm Springs, mas as datas eram incompatíveis com o nosso programa de viagem. Quem andava por Vegas era a Bette Midler, mas essa mulher sempre me buliu com o sistema nervoso…

Mas a grande pena que eu tive foi de, nesta nova era dos “mega-resorts”, já lá não ter encontrado aqueles hotéis e aquelas salas míticas de que tanto se falava no antigamente…

Ainda por lá estão o “Tropicana” e o “Flamingo”, que “Bugsy Seagel mandou construir nos anos 40, dando, assim, um novo impulso a Las Vegas, cidade onde, na verdade, o jogo já tinha começado, a sério, muitos anos antes (podem ver o filme do Barry Levison, mas não acreditem em tudo o que lá está…). Mas já não vale a pena lembrarem-se do “Rat” Pack e irem procurar o letreiro do “Sands”, aquele que dizia por baixo “A Place in the Sun”. Nem o Stardust, o Swingers ou o Independent Hilton, onde o Elvis deu o primeiro dos seus lendários espectáculos de Las Vegas.

Só nos resta agora pôr o disco e ouvir, com um arrepio pela espinha abaixo, um homem com voz de locutor de noticiário filmado anunciar, por entre solos de bateria:

“The Sands is proud to present a wonderful new show! A man and his music! The music of Count Basie and his great band! And the man is Frank Sinatra!!”

E imaginar como teria sido aquele mundo nesses tempos…

Colaboração de Luís Mira

2 comentários:

DANIEL BACELAR disse...

Caro Luis
Nunca estive em Las Vegas,mas profundamente conhecedôr da realidade americana ,assino por baixo.
Vulgarmente há uma "enorme dôr de cotovêlo"dos americanos,pois nós na nossa mediocridade de não conseguirmos resolver os nossos problemas,não suportamos esse pôvo com tão grandes problemas de racismo,mafiosos,escãndalos financeiros,etc etc,sempre conseguiram dar a volta por cima,e continuam a potência que nós conhecemos.
Para se falar da América, tem de se lá ir e conviver com eles durante um certo tempo.
Claro está que quando toca a reunir,nem o presidente se safa (vejam o caso do Nixon)
O Madoff (ou lá como ele se chama)nunca foi para casa com pulseiras electrónicas porque estava "doentinho",e o seu caso foi resolvido em 6 meses.
É essa a diferença,é um país onde todos os dias as coisas evoluem.
Estive duas vezes em Nashville e só lhes digo que quase não dormi.
Aqueles cafés onde pelo preço de uma coca-cola se assiste ao maior festival de country music por sumidades que nunca passarão dali tal a quantidade e a qualidade!!!!
Tal como em las Vegas,por melhores que sejam as fotografias não se compara em ir lá pessoalmente.
Sei perfeitamente que nem toda a gente terá essa possibilidade,mas por favôr deixem de dizer mal e criticar algo que não conhecem.
Se se derem ao trabalho de pensarem um pouco,claro que existe lá também muito cretino e burro,só que qundo toca a reunir os outros,tomam o rumo das operações e rapidamente aparece uma solução.
Porque será que cá é exactamente o contrário?????
Não me venham dizer que não,pois perante a presente crise económica mundial,andamos todos de calças na mão a vêr quando é que a situação lá melhora para nós começarmos a sentir qualquer coisa....dois anos depois!!!!
Viva Las Vegas,Nashville,New Orleans enfim tudo,se um dia tiverem a oportunidade de lá ir,vão...e depois contem-nos as vossas impressões.

Luis Mira disse...

Caro Daniel,
Só hoje tive acesso ao micro, pelo que também só hoje li este seu comentário e fiquei com grandes expectativas de ver essas fotografias de Nashville, comentadas por si...
Deite lá mãos à obra e faça-me companhia nesta viagem...
Um abraço do
LM

PS:
O almoço de Sábado não mereceu reportagem fotográfica, ou ninguém ficou em condições de a fazer...?