sexta-feira, 3 de julho de 2009

AROUND PP&M


Para além de um excelente contador de histórias, como o comprovam os textos que por este blogue têm passado, o Luís Mira, é, também um amável conversador, mais ainda quando gira à volta de música, livros e cinema, e aqui existirá a certeza que a noite vai ser longa.

O cenário fica composto com uma musiquinha de fundo, uns charutos e umas garrafas de espumante.

Numa longínqua conversa dessas noites longas de Luis Mira, veio a talhe de música os Peter, Paul & Mary.

Dessa conversa ficaram algumas curiosidades que ele se apressou a registar. Talvez que o tempo decorrido não permita a sua fidelidade. Se assim não acontecer o Luís Mira fará as respectivas correcções.

A constituição dos Peter, Paul & Mary foi preparada em laboratório por Albert Grossman para se tornar um estrondoso sucesso público de vendas. Mary Travers e Peter Yarrow foram os primeiros escolhidos e depois foi contactado Dave Van Ronk, que recusou. O pobre levou o resto da vida a lamentar a sua recusa; os amantes dos PP&M agradecem a Deus esse momento, porque com a presença do Dave Van Ronk a coisa teria dado em fracasso e os PP&M nunca teriam sido o que são hoje.

O lugar que era para ser do Van Ronk foi então oferecido a Noel Stookey, que aceitou de imediato. Mais do que um músico, Noel era um "entertainer" nos cafés de Greenwich Village, especialista em imitações. Tinha a alcunha de "O Homem do Autoclismo", porque uma das suas especialidades era exactamente a imitação desse som... Devemos a Stookey o facto do excelente álbum, ao vivo, dos PP&M estar estragado com uma série de faixas dedicadas às suas brincadeiras. Puro desperdício…

Resta relembrar que Noel Stookey não se chama, nem nunca se chamou, "Paul"...! Mas fazia parte da estratégia publicitária de Grossman dar um cunho bíblico ao nome do grupo (Peter, Paul and Moses...) e, por isso, obrigou Noel a mudar de nome! A melhor maneira de o chamarmos será Noel "Paul" Stookey, assim mesmo com o Paul entre aspas. Tem publicado um disco a solo “Paul And” a atirar assim para o fraquinho.

As capas dos discos a solo da Mary Travers, já aqui foram publicadas.

Quanto ao disco a solo de Peter, um maravilhoso álbum que, ao que se supõe, nunca teve edição em CD, convém lembrar que Mr. Mouse o remasterizou. “A very,very good surprise, como alguém deixou escrito na caixa de comentários. O ficheiro já não está disponível mas, se pedirem por “mail”, na volta do correio, Mr. Mouse colocar-vos-á o Peter em casa.

Voltando à estratégia publicitária de Grossman, haverá que dizer que ele exigiu que Mary Travers mantivesse intocável o seu ar angélico. Quando ia para a praia nunca se podia queimar muito, para não dar um ar demasiado "mundano". Tal como ela, melancolicamente, em várias ocasiões, foi contando, a sombrinha era o seu destino frente ao mar…
Colaboração de Gin-Tonic

4 comentários:

Jim das Selvas disse...

Eu acho que, com impressoras Ferrari ou sem elas, Gin Tonic tem feito aqui, ultimamente, um excelente "trabalho" em prol da evocação da memória dos PP&M, em grupo ou a solo.

E acho que o faz, não a pedido de entrepostas pessoas, mas porque, convictamente, gosta mesmo daquelas músicas...

Eu junto-me a ele, de braço dado.

É claro que o "Paul" era um "simpático canastrão", que gravou alguns albuns, sempre sem grande sucesso. Mas Mary Travers era uma intérprete de excelência.Infelizmente o tempo deixa as suas marcas, e nos dias de hoje é penoso ouvi-la(a cantar na idade que tem, entenda-se...).

Quanto a Peter Yarrow, é, apenas, uma das figuras mais importantes da "Folk Music" dos últimos 50 anos, como compositor, como intérprete, como organizador do Festival de Newport, como divulgador, ... Apenas a sua reconhecida modéstia fez com que ele tenha passado todo esse tempo tão "escondido". O seu album "Peter" é um dos melhores de sempre da "Folk Music" (garanto-vos que estou a medir as minhas palavras...), mas tem mais três ou quatro albuns que, não lhe chegando aos calcanhares, não são de desprezar...

PP&M conseguiram, na altura, realizar a "quadratura do círculo), isto é, aliar a capacidade de intervenção política ao sucesso comercial sempre idealizado por Albert Grossman. E foram excelentes divulgadores dos "singer/songwriters" desse tempo: Bob Dylan, Tom Paxton, Phil Ochs, John Denver, Tim Hardin e tantos outros viram algumas das suas composições ter o seu primeiro grande sucesso através dessas interpretações dos PP&M.

Mas toda a história é feita de injustiças, e a da "Folk Music" não será excepção: PP&M copiaram algumas vezes, quase literalmente, arranjos e vocalizações de outros grupos anteriores, que permaneceram na sombra. O caso mais evidente parece-me ser o dos "Tarriers", mas também os "Journeymen", de John Philips e Scott Mckenzie, se poderão queixar...

gin-tonic disse...

Caro Jim das Selvas:
Obrigado pelas sua palavras e, acima de tudo, por ter colocado este "trabalho" entre aspas.
Conheci "Peter Paul & Mary" através do "Em Órbita" mas foi o Luís Mira que avançou com o resto e a ele devo o ter conhecido toda a obra dos "PP&M", quer em conjunto, quer a solo. Os discos vieram aqui a casa passar umas férias e seria uma pena não os divulgar aqui. Pegando numa conversa antiga com charutos e espumante avancei com o texto. E tenho muita pena que o Luis Mira não tenha tempo disponivel para se ir mais longe, não só com os "PP&M" mas com a Folk Music. Mas pode ser que numa noite de Inverno o viajante se disponha a esse trabalkho...

Jim das Selvas disse...

Caro Gin-Tonic,

Eu só pus a palavra entre aspas porque, na gíria, "trabalho" tem uma conotação negativa (seca, frete, obrigação, escravidão... A própria palavra advém de "tripalium", um instrumento de tortura dos tempos antigos!) que não quis, de forma alguma, dar a esta sua bela acção de divulgação.

gin-tonic disse...

Caro Jim: de modo algum entendi o ter colocado "trabalho" entre aspas como algo depreciativo da sua parte. Disse que fizera bem em fazê-lo porque o texto era um mero apontamento-pretexto para colocar capas de discos que correm sérios riscos, de caírem no esquecimento, para já não falar de quem desconhece "PP&M".
E isto dá-me um prazer muito grande e apenas lamento não ter unhas para tocar a guitarra.
Um abraço