sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

POPS, DE COIMBRA, COM A AJUDA DO MARKETING


Os Pops, de Coimbra, foram sobretudo um produto de marketing inteligente, ou não estivesse à sua frente uma personagem mister em relações públicas/marketing, que vim a conhecer - sem saber dos seus antecedentes - décadas mais tarde, em Lisboa.

É uma história deveras interessante de se contar e - para dizer a verdade - nem sei por onde começar.

O melhor mesmo é começar pelo princípio.

Numa das minhas insistentes investidas na Hemeroteca Municipal de Lisboa dei conta, na passada sexta-feira, dia 14 de Dezembro, de uma Plateia de 18 de Junho de 1968 (a da imagem).

Olhei e exclamei para mim próprio: "Mas este é o Carlos Martins! Não acredito!".

É preciso dizer que conheço o Carlos Martins desde 1976, altura em que entrou para a Agência ANOP e onde chegou - já em tempo de Lusa - a Director Comercial!. "Não acredito, é mesmo o gajo!".

Por via das dúvidas, levei o recorte da Plateia para um almoço que exactamente no dia seguinte, sábado, reunia, em Marinhais, os castiços do costume, todos ex-agências noticiosas: o Luís Pinheiro de Almeida, o irmão, João Pinheiro de Almeida, o FO (Fernando Correia de Oliveira, o nosso mestre em China, Tempo e Luxo) e o João Pedro Martins, anfitrião, dono da esplêndida moradia (com piscina) que nos acolhe.

Na ausência de Fernando Fraga da Silva, SIC, ausente em Gibraltar a tomar conta dos netos, estiveram presentes, pela primeira vez, Francisco Saraiva Marques, o nosso eterno "agenda", ainda na Lusa, e o "sr. Lino" que foi nosso Director de Pessoal (agora diz-se Recursos Humanos) e que sempre nos moeu o juízo.

Mostrei o recorte da Plateia e, no meio do ZimbroMel, atirei logo, tapando o nome e a incumbência: "quem é este gajo?" Uns diziam que sim, outros que não.

Por via das dúvidas, - again - nada melhor do que falar para o próprio! Telefonemas para a Sónia Jorge, telefonemas para o Jorge Galvão e lá se chegou ao telemóvel do Carlos Martins: "Ó pá, és tu mesmo?".

"Ó meu Deus, sou eu mesmo! És da ASAE ou quê? Há 40 anos! Já nem me lembro", riposta o actual docente universitário de Direito da Comunicação na Escola Superior de Educação, na Guarda.

Para encurtar... almocei hoje com o Carlos Martins no "Favas Contadas", no Centro Comercial Fonte Nova, em Lisboa, perto da Agência Lusa.

Carlos Martins, 58 anos, lembra-se muito pouco dessa altura. "O que nós queríamos era gajas e ainda ganhávamos algumas massas!", disse e só disso se lembra.

Carlos Martins estudava então (1967/68) na Escola de Regentes Agrícolas, na Bencanta, e depois no Colégio de S. Pedro. "Foram tempos fantásticos, fazíamos os Bailes de Finalistas, tocávamos no "Tubarão", na Figueira da Foz, fizémos um Fim de Ano no Mirasol, na Praia de Mira".

"Eu não tocava nada, mas havia virtuosos no conjunto como o Colaço. Eu estava lá por causa das miúdas. O grupo nunca gravou nada e só tocámos na Região Centro, mas mandávamos para os jornais que íamos fazer digressões na Madeira".

"E sabes como aparecíamos nos jornais? Sem a conhecer, convidei a Vera Lagoa, que tinha uma coluna no "Diário Popular" - "Bisbilhotices" - para nossa madrinha. Tiro e queda. Fomos logo falados no "Popular". Um dia telefonei ao Vasco Morgado. Atendeu-me e viémos a Lisboa. Acho que não chegámos a tocar em sítio algum. Queríamos era vir a Lisboa. O mais longe que tínhamos ido era Tomar!".

"Ah! E mandava cartas para as revistas sobre o nosso conjunto".

Isso sei eu, respondia-lhe, mostrando um recorte da Flama, de 24 de Maio de 1968, com uma carta de um tal "obsequioso correspondente" em Coimbra, de nome Carlos Francisco Mendes, que de um modo pretensamente independente e isento apresentava um novo e excelente conjunto em Coimbra, os Pops.

Ah! Ah! Ah!

O "Carlos Francisco Mendes" - "obsequioso correspondente" em Coimbra - , como já devem ter percebido, era nem mais nem menos do que o nosso Carlos Martins!

"Que gozo foram esses tempos! Os nossos adversários, em Coimbra, eram os Álamos. Era o meu irmão, João, que era o manager deles. Por isso havia essa cumplicidade e foi por isso que nasceu o meu conluio com os Pops".

Para terminar: o que mais me intriga nesta história é que trabalhei uns 30 anos com o Carlos Martins e nunca soube destas suas traquinices no yé-yé.

6 comentários:

bissaide disse...

Excelente post, sem dúvida! Parabéns!

Duas dúvidas, no entanto

1) Pensava que o Colaço dos Pops era o Luís Filipe Colaço, que depois gravaria com o José Afonso. Quem é o Quim Colaço?

2) Quem é o baterista Eugénio? Só sabia de ter tocado no grupo o Luís Monteiro, que também passaria pelos Álamos, Hi-Fi, Banda 4, Fluido, etc.

Bourbonese disse...

Meu Caro. Parabéns por este post e pelo seu sucedâneo! Assim dá gozo esta coisa da música e dos blogues...

Fernando Manuel de Almeida Pereira disse...

Caríssimo
O Quim Colaço faleceu em Julho do ano passado em Lisboa e era irmão do Phil Colaço (Luis Filipe) e de quando em vez tocava nos Álamos, em substituição do Duarte Brás...Fez inclusivé uma temporada no Savoy na Madeira.

Um abraço
Fernando Pereira

Blogger disse...

5 estrelas para a mensagem

Anónimo disse...

O Luis Monteiro foi o primeiro baterista dos Pops. O Luis foi substituido pelo Eugenio (Genito) que era baterista na Figueira da Foz (nâo ex-Protões).A substituição sucedeu porque o Luis foi para Paris, para não ir para a tropa.
ex.Pops

Kali
mora@netcabo.pt

Mauricio disse...

Vivam,
Só hoje tive conhecimento deste blogue, e estou encantado.
Há anos que sonho encontrar amigos desse tempo, Romão, Genito...
Sou o Maurício, tinha uma Fender Telecaster Branca e um VOX AC 30 que cheguei a emprestar algumas vezes ao Romão.
Também o cheguei a emprestar aos "Sheiks" no Casino da Figueira, quando "ardeu" o Vox Foundation Bass" que eles tinham.
Toquei com o Genito na Figueira da Foz, com o Mané e o Vató nos "Beats". Tocamos um mês inteiro no Tubarão onde, no final, sacávamos uns frangos assados que metíamos na parte traseira do meu VOX e íamos comê-los à praia às 3 da matina. Depois fui para Coimbra, e conheci o Nando, o Romão, Colaço, formámos os "In Locco" com o Manso, o Fred (morreu na Alemanha há uns anos)o Tó Jó ...
Entretanto fui para a Guiné numa Companhia Independente Operacional, e já não encontrei ninguém no regresso.
Gostava de entrar em contacto com alguns dos companheiros desse tempo, para matar saudades.
Um abraço.
Luis Mauricio
lumauricio@netcabo.pt