"All These Years, Volume 1: Tune In", Mark Lewisohn, Little, Brown, 2013, 946 págs
Does the world
really need another book on the Beatles?
A questão, levantada por Neil Aspinall em conversa
com Mark Lewisohn quando “All These Years” não passava de uma ideia, seria
capaz de desencorajar qualquer biógrafo. Afinal de contas, Aspinall foi fiel
companheiro, road manager, e manager dos Beatles. Querem julgamento mais legítimo?...
mesmo assim, Lewisohn, sem apoio oficial dos Fab Four, da Apple, enfrentou o
desafio com coragem.
A mesma coragem que quase me faltou para encarar esta obra-mamute – somente o primeiro volume de três!
Preciso mesmo de voltar a ler esta história toda?
A interrogação acompanhou-me, pegajosa, por um dia
inteiro. Até que, meio descomprometido, passei os olhos pela Introdução – onde
Lewisohn justifica a necessidade de “mais um livro sobre os Beatles”. Acto
contínuo, sem dar por isso, devorei centenas de páginas com a voracidade do
iniciante que descobre a história pela primeira vez. E, no tempo de um fósforo
arder, cheguei a Dezembro de 1962, à última página, desejando que o segundo
volume já estivesse na mão.
As vidas de John, Paul, George e Ringo – a verdadeira hierarquia dos Beatles, sublinha o livro -, saltam das páginas do livro para a nossa imaginação. E como tudo parece real e presente! Numa noite, sou transportado para o show de Eddie Cochran no Liverpool Empire, Março de 1960, na companhia de George, John, Cyn, Stu, e Paul. Noutra, viajo até ao apartamento de Stu e John, em Hillary Mansions, Gambier Terrace, 1960, para ouvir Johnny Burnette And The Rock’n’Roll Trio. Que noites, senhores!
E, por mais incrível que pareça, há novidades! Por exemplo, confesso que nunca tinha ouvido falar dos Japage 3...
Os méritos deste primeiro volume de “All These Years” são indiscutíveis. Embora se possa afirmar que Mark Lewisohn “não estava lá” – expressão muito do agrado de George Harrison e de um notável amigo meu -, impressiona o rigor na contextualização histórica, o detalhe nas descrições, a clareza da escrita, a utilização do humor de uma forma não invasiva, e a capacidade de não julgar factos segundo a perspectiva actual.
Esta biografia, para quem deseje poupar espaço na prateleira, pode substituir todas as outras. Pela simples razão de que, para além de 10 anos de investigação árdua, Lewisohn resume e centraliza toda a informação disponível até hoje.
Para mim, o livro teve o condão de reafirmar a importância dos Beatles na minha vida. Um verdadeiro fenómeno, a maneira como voltei a respirar Beatles 24 horas por dia. Foi impossível escapar novamente ao apelo da mais extraordinária aventura da História da Música Popular.
Sobre os Beatles, de quem tanto já se escreveu, subscrevo as palavras de Bob Wooler, DJ de Liverpool, no dia 31 de Agosto de 1961, na sua coluna no jornal Mersey Beat:
I don’t think anything like them will happen again.
Pedro
de Freitas Branco, no Rio de Janeiro
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